Quando se mudou do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul, em busca de qualidade de vida, a então professora de geografia Ariana Maia não imaginava que o mate que tomava na praia se tornaria o seu ganha-pão. Não exatamente aquele mate, é claro. Mas a erva-mate que dá origem a ele.
No pequeno município de Ilópolis, ela fundou, em 2016, com o sócio Clóvis Roman, a Inovamate, com o objetivo de lançar produtos inovadores derivados da erva-mate, aproveitando seus benefícios nutricionais e valorizando a cadeia produtiva da planta. O primeiro plano da dupla era lançar uma bebida pronta, um suco de erva-mate. Mas, sem recursos para isso na época, decidiram apostar nos chás a granel.
Foi só no fim de 2020, com o convite para participar do primeiro programa de aceleração para startups da Tetra Pak, que viram a possibilidade de tornar realidade aquela ideia inicial.
“Eles nos encontraram aqui, numa cidadezinha de 4.000 habitantes, encravada no Alto Vale do Taquari, com mato por tudo quanto é lado”, diz Ariana. “E agora vamos ter a oportunidade de chegar ao mercado do jeito que a gente sonhou.”
A Inovamate foi uma das cinco empresas selecionadas na primeira convocação do programa Startup Tetra Pak, que segue com inscrições abertas. Atenta às tendências e transformações no setor de bebidas e alimentos, a empresa busca lançar produtos inovadores que atendam às novas demandas dos consumidores.
A receita do programa é clara: as startups recebem ajuda para desenvolver novos produtos enquanto a Tetra Pak, uma das líderes mundiais em tecnologias de envase e processamento de alimentos e bebidas, ganha clientes para suas embalagens. No processo, a Tetra Pak oferece mentoria e apoio nas diversas etapas de concepção dos produtos.
O programa é conduzido pela aceleradora e incubadora Plug and Play, que já acelerou mais de 3.000 startups em todo o mundo. Para o programa, a Tetra Pak dá prioridade a startups que já tenham produtos em desenvolvimento, mas também há espaço para quem tem projetos com potencial e que ainda precisam ser mais elaborados.
Um dos diferenciais do projeto é que o percurso é personalizado para cada uma das participantes. “Nós oferecemos todas as possibilidades de ajuda de acordo com a necessidade de cada empresa”, diz Ricardo Martin, gerente de Marketing da Tetra Pak.
No caso da Inovamate, que já havia sido incubada e desenvolve pesquisas para seus chás junto com a Universidade de Passo Fundo, a fórmula dos produtos já estava praticamente pronta. A empresa sabia que queria transformar seu carro-chefe, a linha de chás Matequero, com um blend diferente pensado para cada região brasileira, em bebidas líquidas. O do Sudeste, por exemplo, leva cranberry e café. O do Norte, pimenta-rosa e laranja.
“O Brasil ainda não tem a cultura do chá, que envolve tempo. A gente quer o produto pronto, na correria”, diz Ariana. “Então, decidimos apostar na praticidade da caixinha, mas respeitando o nosso conceito de oferecer o produto mais natural possível.”
Com o problema da formulação já resolvido, a Tetra Pak entrou na jogada com recursos como a ajuda para escolher o copacker ideal e estratégias de marketing para um reposicionamento de marca. O novo produto da Inovamate, com embalagens da multinacional, deve chegar ao mercado em novembro.
“A empresa oferece toda a experiência dela, mas nos deixa muito à vontade para decidir o que funciona dentro das nossas necessidades”, diz Ariana.
Parte fundamental do processo do programa é justamente identificar as necessidades de cada empresa. “Tem startups que possuem uma formulação acertada, mas precisam construir suas marcas. Outras já chegam super bem resolvidas do ponto de vista da marca, mas ainda não sabem como trabalhar a formulação para entregar um benefício funcional específico”, explica o gerente de marketing.
É o caso da Pic-Me, outra startup selecionada na primeira fase do programa, que está em processo de aceleração e já tem uma marca conhecida no ramo de lanches saudáveis para o público infantil. Com uma linha de produtos que inclui purês de frutas e chips de vegetais, o novo desafio da empresa é lançar uma bebida nutritiva que faça uma reposição de nutrientes baseada nos deficits alimentares das crianças do país.
“Serão cinco produtos atendendo cinco grandes grupos nutricionais. Estamos desbravando uma nova categoria, a de saúde e nutrição infantil”, diz Lucas Silveira, CEO da Pic-Me.
Como a empresa não quer lançar um produto à base de leite, está em fase de testes com alternativas, como leites vegetais, para chegar à fórmula ideal.
“Estamos tentando bases de aveia, de amêndoas. É difícil porque queremos criar algo novo, e não algo que todo mundo pode fazer.”
No processo, diz Lucas, a startup troca informações e aprimora processos junto com diferentes áreas da Tetra Pak, como os setores de desenvolvimento de produto e vendas. “Eles nos fornecem muita informação sobre mercado, possíveis produtos similares fora do Brasil e o processo de produção.”
Saiba mais sobre o Startup Tetra Pak e inscreva-se em startup.tetrapak.com.br.
Em entrevista, Marco Dorna, presidente da empresa que é pioneira e líder mundial em soluções de processamento e envase de alimentos, fala sobre as atuações da companhia para contribuir para um futuro melhor.