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Sem biodiversidade não há vida humana

Vanessa Costa - 27 mar 2020 Fábrica de mudas no Polo Automotivo Jeep
A fábrica de mudas dentro da fábrica de carros, no Polo Automotivo Jeep, em Goiana (PE).
Vanessa Costa - 27 mar 2020
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Exclusiva da América Latina, a Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em biodiversidade do planeta, mas também é o bioma mais devastado do Brasil. Nos apenas 12,4% restantes da área de floresta original, ainda existem cerca de 20 mil espécies de plantas e 1,6 milhão de espécies animais. Preocupada com a preservação dos recursos para as futuras gerações, a FCA investe em programas de preservação e recuperação desse bioma na Fábrica de Motores Campo Largo, no Paraná, e no Polo Automotivo Jeep, em Goiana, Pernambuco. Nas duas plantas produtivas essas atividades existem desde 2014 e envolvem ainda ações de educação ambiental com escolas.

No Paraná, a FCA se dedica a proteger a área remanescente da Floresta com Araucárias. Aline Bonato, analista ambiental da Fábrica de Motores Campo Largo, conta que o fato de restar menos de 1% da cobertura nativa foi o motivo inicial para que a unidade fizesse um estudo da fauna e da flora de sua área verde, que identificou cinco nascentes, mais de 50 espécies vegetais (como a araucária e o cedro rosa), 82 de aves (como pica-pau, coruja-buraqueira e tucano de bico verde) e seis de mamíferos (entre elas o veado-catingueiro, que está ameaçado de extinção) e apontou para o enriquecimento vegetal como um modo de aumentar a biodiversidade. Sobravam motivos para que a FCA conservasse 106 hectares de área natural em seu terreno de cerca de 125 hectares.

Além de cuidar da floresta, o Programa de Conservação da Área Natural e Educação Ambiental buscou entender a comunidade do entorno da fábrica. Um questionário aplicado em escolas da rede pública de ensino identificou que aproximadamente 30% das crianças da 3ª série da rede pública nunca tinham entrado numa floresta. “Como poderiam compreender bem esse problema se nem conheciam a floresta?”, questiona Aline. A analista conta que foi aí que decidiram apresentar a Floresta com Araucárias às crianças e com isso despertar o tão necessário senso de proteção.

Em Pernambuco, o Polo Automotivo Jeep é fábrica de carros e de mudas. Danúbia Lima, responsável pelo Programa de Biodiversidade Jeep, explica que quando as obras da fábrica iniciaram, numa região dominada pela plantação de cana-de-açúcar, o time de Meio Ambiente foi desafiado a desenvolver um projeto paisagístico exclusivamente com espécies nativas. O mapeamento dessas espécies foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Foram inventariadas, só em Goiana, cidade em que a fábrica está localizada, 189 espécies de flora. No que diz respeito à fauna, no estudo da Zona da Mata Norte foram identificadas 36 espécies de peixes, 67 de répteis e anfíbios, 290 de aves e 53 de mamíferos, totalizando 446 espécies, 35 delas em extinção.

 

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Mas o que seria apenas um jardim acabou se tornando também um viveiro de mudas, com área de um hectare e capacidade para produzir 88 mil mudas por ano. Ele começou a funcionar antes mesmo da fábrica e é considerado o maior viveiro de mudas da Mata Atlântica no Nordeste. Até hoje, foram plantadas mais de cem mil mudas de 295 espécies diferentes, 27 delas em extinção, todas produzidas no viveiro. A meta é o plantio de 208 mil mudas até 2024, com a criação de 304 hectares de área verde e corredores ecológicos capazes de conectar fragmentos florestais da região.

Essas mudas do viveiro também são distribuídas para a comunidade e para as escolas – principalmente as de árvores frutíferas e plantas medicinais. Além disso, semanalmente a unidade recebe uma turma escolar do 5º ano pela manhã e outra à tarde. No último ano ano 807 alunos realizaram a visita. Os operadores da FCA guiam os alunos pela fábrica e o time de Meio Ambiente pelo viveiro.

“Eles aprendem como nasce o carro e como nasce a muda”, destaca Danúbia.

A analista conta que, de forma bastante lúdica, são tratados os temas água, resíduos, energia e biodiversidade. Esse trabalho se desdobra em projetos ambientais nas escolas e muitas vezes os funcionários são convidados a assistir apresentações dos alunos.

Na Fábrica de Motores de Campo Largo o trabalho com escolas é revelador da relação que as crianças estabelecem com a Floresta com Araucárias. No início e no final da visita elas são convidadas a desenhar a floresta.

De acordo com Aline, “no primeiro desenho, ainda que algumas crianças representem a Araucária, costumam aparecer animais que não fazem parte desse tipo de bioma, como girafas e elefantes. Mas depois da visita os animais nativos aparecem”.

Desenhos da estudante Emanuele de Fátima Vieira

Desenhos da estudante Emanuele de Fátima Vieira antes e depois da visita.

 

Mata Atlântica: Pernambuco e Paraná

A unidade do Paraná também recebe alunos semanalmente por meio da elaboração de um calendário junto com a Secretaria Municipal de Educação. Em 2019 foram atendidos 1264 alunos do 3º ano, público alvo do Programa, além de 145 alunos de outras séries (alunos de educação especial, magistério, guarda-mirim) e 134 diretores de escolas e professores. O Programa de Conservação da Área Natural e Educação Ambiental contempla 100% dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental. Nesse ano eles estudam as temáticas poluição e natureza e a visita é uma espécie de aula prática. Ela começa na “Casa da Floresta”, uma construção com materiais e técnicas sustentáveis, e segue pela “Trilha das Araucárias”, um percurso interpretativo de pouco mais de dois quilômetros onde são apresentados temas como a importância do ecossistema e a relação entre o solo e a água. Hoje o Programa conta com 24 guias, todos voluntários de diversas áreas da fábrica, que passam antes por um treinamento sobre questões ambientais.

Alunos no viveiro do Polo Automotivo Jeep

Visita de alunos ao viveiro do Polo Jeep, em Goiana, Pernambuco.

Na área preservada da Fábrica de Motores Campo Largo já é possível avistar filhotes. Para Aline, “este é um bom indicativo de que a floresta é um habitat”.

No Polo Jeep, diz Danúbia, “também vemos o retorno da fauna para o habitat natural. Nos corredores têm jaguatiricas, raposas, tamanduás”.

Dado relevante é que as duas unidades são Carbono Neutro, ou seja, compensam 100% de suas emissões de carbono, desde 2017. Além disso, ambas foram reconhecidas por conta de seus programas de biodiversidade.

A Fábrica de Motores de Campo Largo recebeu o Selo Sesi ODS, em 2019, por conta de sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, e o Polo Automotivo Jeep foi vencedor do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável, em 2017, do Prêmio Vasconcelos Sobrinho, em 2018, na categoria Responsabilidade Ambiental e, em 2019, foram três reconhecimentos pelas práticas sustentáveis: Prêmio Top Car TV – categoria Melhor Ação De Responsabilidade Social, com o Programa de Biodiversidade Jeep, responsável pela implementação do maior viveiro de mudas da Mata Atlântica do Nordeste dentro da unidade; Prêmio Aberje – categoria Marca da região Norte e Nordeste, com o case “Jeep E Meio Ambiente: Comunicando O Dna Da Marca”, que destacou que os atributos de meio ambiente e sustentabilidade da marca estão presentes desde o nascimento do carro, no Polo Jeep; e Prêmio Carsughi L’Auto Preferita – categoria Melhor Projeto Socioambiental, com todas as iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social da fábrica.

Infográfico Proteção e Restauração da Mata Atlântica

 

Esta matéria pode ser encontrada no FCA Latam Stories, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.

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