Reciclar os materiais que jogamos no lixo é, literalmente, um desafio de peso. Em números: 27,6 milhões de toneladas de materiais recicláveis foram descartadas nas cidades brasileiras em 2020, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). E menos de 4% foram recicladas.
Um problema dessa magnitude só pode ser resolvido em rede. E essa é a proposta do reciChain, uma rede de empresas e organizações que atuam de forma colaborativa para ampliar a capacidade de reciclagem e assegurar a origem responsável dos reciclados.
Tudo começou com reuniões no onono entre os parceiros: BASF, Braskem, Bomix, Henkel, Natura, Triciclos, Wise e Recicleiros, com apoio da Fundação Espaço ECO. Nos encontros de Design Sprint facilitados pela Kryha, ficou definido que o foco inicial seria a reciclagem de plástico, com intenção de abarcar outros materiais no futuro. Em 2021, o projeto piloto da plataforma blockchain foi iniciado a partir da experiência prática dos parceiros.
“A ideia é revalorizar o plástico descartado para que ele entre novamente na cadeia, como matéria-prima, e fazer isso de forma sustentável e socialmente justa.
Dessa forma, estamos incentivando a economia circular”, explica Luciana Moreira, gerente sênior de projetos de economia circular da BASF.
A novidade é que o reciChain usa a tecnologia blockchain para gerar tokens, certificados digitais confiáveis que atestam qual material foi reciclado e monitoramento de impacto positivo (ambiental e social).
“O que estamos transformando em token é a capacidade adicional para reciclagem, uma informação que é rastreável. Dessa forma, garantimos a origem responsável do material reciclado, associado ao impacto social positivo na cadeia pós-consumo”, explica Rafael Viñas, gerente de Sustentabilidade Aplicada da Fundação Espaço Eco.
“O reciChain quer criar um fórum seguro para que apenas programas estruturantes socialmente responsáveis possam ganhar escala para entrar nessa economia circular.”
No reciChain, quando o plástico é enviado para a empresa recicladora, suas informações são compartilhadas por meio de um token na plataforma blockchain, com segurança e confiabilidade, para todos os elos da cadeia de reciclagem. Por isso, sua destinação pode até mesmo ser rastreada –confira os detalhes no infográfico ao final deste texto.
Uma empresa pode, por exemplo, comprar tokens. Dessa forma, ela comprova ao governo que está realmente cumprindo as diretrizes de logística reversa e que suas embalagens e produtos não vão parar em lixões ou aterros.
Além disso, o blockchain permite que a empresa faça a compensação dos resíduos gerados comprando tokens para assegurar que realmente está reciclando esses materiais, pois eles asseguram a validade dos certificados de logística reversa.
Mas a história não termina aí. Uma vez que os tokens são registros confiáveis, eles podem ser comprados e vendidos na plataforma. E o dinheiro gerado nessas transações é investido justamente na ampliação da capacidade de reciclagem.
“A exemplo do Programa Cidade Mais, do Instituto Recicleiros, caso não haja operação de triagem suficiente na cidade, a quantidade adicional de material que deverá reciclada é transformada em tokens para financiar o aumento da capacidade por meio de programas estruturantes”, afirma Rafael.
Olha a economia circular aí: ampliar a capacidade de reciclagem não só minimiza o impacto ambiental, mas também aumenta o impacto social da cadeia de reciclagem.
Afinal, quanto mais material é corretamente destinado à reciclagem, mais empregos são gerados na coleta, na triagem e na reciclagem.
“O reciChain quer estruturar esse elo frágil da cadeia, melhorando a qualidade de trabalho e de vida de quem atua na triagem”, ressalta Luciana. “Essa adicionalidade gera empregos que tiram pessoas de situações de vulnerabilidade, como os catadores informais e os que recolhem material do lixão em troca de centavos.”
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