Já faz tempo que as redes sociais se transformaram em plataforma de vendas e consolidação de marca para micro e pequenas empresas. Num país onde há mais celulares do que pessoas, nem poderia ser diferente.
De olho nesse público, o Facebook desenvolve há anos (sob o guarda-chuva Facebook para Empresas) um trabalho de fomentar o uso de suas ferramentas de marketing digital entre pequenos negócios, com cursos e tutoriais.
A novidade é que esses conteúdos, antes mais didáticos, estão agora sendo envelopados com uma pegada mais showbiz. Nesta quarta, 12, o Facebook lança a websérie Boost My Business (“Impulsione Meu Negócio”), que já teve edições nos Estados Unidos e Reino Unido, e ganha agora sua versão brasileira.
Cadija Tissiani, executiva do Facebook à frente do projeto, explica:
“Sempre tivemos uma abordagem mais educacional, prática, sobre como usar melhor as nossas plataformas. No Boost My Business é a primeira vez em que a gente adota uma abordagem um pouco mais inovadora e adiciona um componente de entretenimento”
Com apresentação de Preta Gil, serão quatro episódios, de cerca de 12 minutos, cada um enfocando um negócio diferente e com transmissão via Facebook Watch (confira aqui no Instagram do Draft o primeiro episódio, na íntegra.)
“Num contexto complexo de pandemia, com as pessoas consumindo mais conteúdos digitais, sentimos necessidade de uma abordagem que inspire mais o empreendedor, trazendo dicas de forma leve e gostosa”, diz Cadija.
O PRIMEIRO EPISÓDIO DA SÉRIE É DEDICADO À FREE SOUL FOOD
Maíra da Costa, 39, é a empreendedora do primeiro episódio. Ela está à frente da Free Soul Food, um bufê que privilegia a contratação de mulheres negras e imigrantes e o uso consciente dos alimentos.
Criada na Zona Norte de São Paulo, Maíra é gráfica de formação; trabalhava na área quando passou quatro anos morando em Carpi, no Norte da Itália. Lá, encarou os perrengues da vida de imigrante e ainda se descobriu intolerante à lactose, o que mudou sua relação com a comida.
Na volta ao Brasil, em 2016, ela fundou o seu negócio — que ao longo dos anos migrou do B2C para o B2B.
“A Free Soul começou como um delivery de alimentação saudável. Depois, acabamos sendo encontrados por empresas que solicitavam orçamento para eventos corporativos — e nos especializamos nesse tipo de evento”
Na Itália, Maíra tinha conhecido o conceito de “quilômetro zero”, de privilegiar a compra de insumos de fornecedores locais, para minimizar a emissão de CO2, e implementou a ideia na Free Soul. Outra proposta é o uso integral dos alimentos:
“Geramos por volta de 50% a menos de resíduos do que negócios de alimentação tradicional. Se a gente faz suco de maracujá para um evento, a casca serve para geleia. Da banana, a casca vira ‘carne louca’ vegana…”
O NEGÓCIO VINHA NO AUGE. MAS A PANDEMIA QUASE PÔS TUDO A PERDER
Maíra conta que, já no começo, mirando o consumidor final, fazia uso do Facebook para vendas, conectado ao seu e-commerce.
Ainda no B2C, quando os apps de delivery (como Food e UberEats) viraram seu principal canal, o uso que ela fazia das redes mudou. “O Facebook passou a ser, para mim, uma ferramenta para gerar visibilidade e consistência da marca — e principalmente achar parcerias estratégicas.”
Foi assim que ela entrou no radar corporativo e mudou o foco de atuação. Em paralelo, Maíra passou a integrar a Rede de Líderes do Facebook.
“É um programa em que os empreendedores se inscrevem para fazer parte”, explica Cadija. “À medida que são aceitos, recebem conteúdos exclusivos [sobre marketing e gestão] e um suporte mais dedicado do nosso time.”
A Free Soul foi evoluindo. Em 2019, ganhou uma licitação e passou a administrar dois pontos de alimentação dentro de uma empresa.
“Aquele ano foi o melhor da história da Free Soul. Atendemos mais de 10 mil pessoas, chegamos a faturar quase 1 milhão de reais, geramos renda contínua para mais de 40 pessoas…”
Até que, em março de 2020, o coronavírus obrigou Maíra a cancelar todos os eventos (agendados até o segundo semestre) e engavetar os planos de expansão.
Pior: no meio de uma mudança de sede, a obra atrasou — e o negócio ficou quatro meses parado.
LIVES SEMANAIS E UM NOVO PRODUTO AJUDARAM A EMPRESA A SOBREVIVER
“Muita gente no Brasil empreende por necessidade”, diz Cadija, do Facebook. “E a pandemia intensificou isso, fez aumentar o número de pequenos negócios, já que muitas pessoas foram demitidas.”
Se a concorrência ficou mais acirrada, a digitalização se acelerou. Segundo dados da Serasa Experian, 70% das pequenas empresas estão recorrendo a vendas online na pandemia.
Maíra teve de voltar os olhos ao B2C. E a adoção generalizada do trabalho remoto indicou um caminho:
“Em março de 2020, vi uma pesquisa no LinkedIn que dizia que 40% das pessoas em home office não estavam fazendo refeições completas, e 70% não estavam fazendo atividade física. Fiquei muito impactada”
De uma pesquisa interna da Free Soul com 400 clientes ela extraiu algumas conclusões. “As pessoas até estavam tentando resolver sozinhas a questão da alimentação, mas de forma desastrada, não sabiam o que comprar, como preparar…”
Maíra começou a fazer lives semanais, ensinando receitas plant-based. Outra sacada foi a criação de um novo produto, a Cesta Inclusiva, para facilitar a rotina de quem quer “comida caseira no tempo [de preparo] de um miojo”:
“Mandamos legumes higienizados, arroz refogado, feijão pré-cozido, temperos… Tudo porcionado e nessa linha mais saudável.”
DESMISTIFICANDO O “BICHO-DE-SETE-CABEÇAS” DO MARKETING DIGITAL
A Cesta Inclusiva foi lançada em meados de 2020. Mais ou menos nesse período, ela recebeu o convite para participar do Boost My Business, por meio da Rede de Líderes do Facebook da qual já fazia parte.
O projeto, diz Maíra, veio num momento “super a calhar”.
“Eu estava com esse produto novo, tentando usar ferramentas para divulgar e não sabia como. Aí, o pessoal do Boost My Business sugeriu fazer a campanha com o Reels. As pessoas estavam usando muito, eu achava lindo, mas não fazia ideia de como usar…”
Nos bastidores, esse contato durou cerca de um mês, com Maíra recebendo inputs de Marina Cusnir, especialista em marketing digital do Facebook.
“Nunca usei bem as ferramentas de anúncio, não fazia muita definição de público-alvo”, diz Maíra. “A Marina me fez entender que não era um bicho-de-sete-cabeças.”
A cargo de João Jardim (codiretor do documentário Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar em 2011), a gravação em si consumiu três dias. No vídeo, Preta Gil triangula as interações entre Maíra e Marina, cada uma em seu home office.
“E aí a mágica acontece: o empreendedor aprende com a Preta, aprende com a especialista do Facebook, e a Preta aprende junto”, diz Cadija. “Essas pessoas se reinventaram na pandemia, têm uma história inspiradora, criativa… É bonito de ver.”
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