Em 2017 contei a história do início da Rede Héstia aqui no Draft. Cinco anos depois, a comunidade no Facebook que começou com cerca de 200 amigas conta com mais de 8,7 mil participantes e minha carreira mudou completamente, com tudo o que uma transição poderia trazer: desafios, frustrações, aprendizados e recompensas.
Durante esses anos, conheci muitas pessoas por meio da rede em um movimento de indicações que me renderam um capital social riquíssimo — muito mais do que o dinheiro poderia comprar
Nesse processo, também me reconectei com a Luciana que não era apenas executiva, mãe, parceira, amiga e filha, mas a uma mulher que estava em busca de si mesma.
Investi em diversas formações de autodesenvolvimento, consultoria e facilitação, como a Metaintegral, alguns serious games (jogos de autoconhecimento), como Points of You, Miracle Choice e Jogo da Consciência.
Também comecei a mentorar mulheres de diversas instituições voluntariamente, tais como IVG, Mulheres do Brasil (aceleradora de mulheres negras) e Plan International (jovens líderes), porque era uma forma de corporificar ainda mais o que eu já havia aprendido, causando impacto diretamente na ponta.
Ainda como Rede Héstia, escrevemos um livro coletivamente, contando a história de 24 mulheres, nas suas múltiplas perspectivas: das executivas às mães em tempo integral; das empreendedoras natas e das mulheres em transição, que assim como eu estavam se experimentando e de descobrindo.
Seis homens também fizeram parte dessa construção, mostrando seu apoio de como a nossa integração pode contribuir na sociedade que queremos estar.
Se por um lado a Rede Héstia ganhava força, minha vida na empresa em que trabalhava estava perdendo sentido e relevância.
Aos poucos, fui percebendo que não me encaixava mais lá. Da primeira vez, pedi demissão e meu chefe não aceitou, porque acreditava que ainda poderíamos desenvolver um trabalho juntos.
Mas o foco que gostaríamos de dar não era o que a empresa estava priorizando. Depois de uns seis meses, fizemos um acordo, pouco antes de uma reestruturação.
Na época, foi um misto de alívio e apreensão: não teria coragem de pedir demissão pela segunda vez, guiada pelo medo dos boletos a pagar.
Mas se às vezes a vida muda de rumo, o rumo também nos faz mudar de vida. Com a ruptura no mundo corporativo, me senti livre para experimentar o que há tanto tempo adiava: empreender em rede, com aquilo que acreditava
No início, com foco nas próprias mulheres da comunidade, intensifiquei os encontros presenciais e fomentei mais a produção de conteúdo.
Com a pandemia e as restrições decorrentes dela, fizemos algumas lives e um grande encontro online e vi que havia oportunidades de levar o que já fazia na Rede também para o mercado corporativo.
Nessa época, me uni à Claudia Vaciloto, uma amiga querida que anfitriava os encontros da Rede Héstia e que indiquei para contar a história aqui no Draft também.
A parceria aconteceu de forma natural, porque já nos conhecíamos e vimos que tínhamos valores comuns. Também compartilhávamos a visão e sonho de trabalharmos em rede, com base nas nossas experiências — ela com a Rede NaSala e eu, com a RedeHéstia.
Nesse momento criamos o Conexões Humanizadas, uma organização em rede que soma as nossas expertises, levando soluções de desenvolvimento humano para as organizações
Oferecemos programas como o de liderança consciente, liderança feminina, formação de primeiros socorros em saúde mental (em parceria com a startup australiana Inia Health) e programa de inteligência emocional, além de palestras, rodas de conversa, mentorias individuais e em grupo, sempre cocriando com o cliente.
Nossa metodologia é formada por três Cs: Conteúdo, Conexão (que é a base de tudo o que fazemos) e Corporificação.
O Conteúdo traz sempre o contexto da empresa e a metodologia ou tema que vamos levar para o grupo. Já na Conexão, fazemos a mágica acontecer: a de conectar as pessoas além do crachá, com vínculos genuínos. E a Corporificação é o exercício prático, para que os participantes consigam ver o benefício no dia a dia, tanto profissional, quanto pessoalmente.
Nesses três anos de operação, atendemos clientes de todos os portes e lugares, como por exemplo a Sicredi Fronteiras, Maersk, Digio, Samsung, SBT, Campari, Loungerie, Infracommerce, NTTData, Espaçolaser, Ajinomoto, Casa Flora, entre outros.
A Sicredi Fronteiras, por exemplo, é um cliente que temos trabalhado com consistência todos os públicos: do presidente aos jovens líderes.
Cocriamos os conteúdos que tem a ver com o momento da organização e nos encontramos periodicamente para a jornada de Liderança Consciente, na qual trabalhamos temas como propósito, presença, feedback, comunicação não-violenta, entre outros, e Inteligência Emocional, fortalecendo a musculatura da alta liderança, sempre com trocas de experiências em pequenos grupos para que todos tenham espaço e possam trazer suas reflexões.
Já na Maersk e no Digio, temos levado rodas de conversa de Diversidade e Inclusão, sempre construindo espaços seguros para que as pessoas possam compartilhar suas histórias em primeira pessoa.
Em várias delas, colaboradores se sentiram à vontade para fazer depoimentos que nunca tinham feito abertamente, encontrando o apoio de seus colegas e estimulando um ambiente de confiança
Quando falamos em rede, também temos convidado profissionais que têm os mesmos princípios que os nossos. Entendemos que somos muito melhores quando estamos juntos.
Já levamos o Zé Bueno em rodas sobre o masculino, a Regina Nogueira para discorrer sobre rebranding, a Manu Souza para falar sobre racismo, a Bárbara Pisanelli para refletir sobre as novas configurações de família. E também somos levadas pelos parceiros para realizar entregas com eles.
É um espaço de trabalhar “com”, e não trabalhar “para”. E temos espaço para muito mais.
Também inovamos na nossa forma de cobrar, que propõe um novo modelo de pensar as relações comerciais. Acreditamos que quando o cliente se beneficia do trabalho, temos um crescimento conjunto e abundante.
Por isso, oferecemos três formas de investimento: o mínimo, no qual doamos parte dos nossos honorários, investindo no cliente; o bom, que representa o valor real dos honorários; e o abundante, no qual o cliente pode exercer a generosidade e contribuir financeiramente por horas que hoje doamos aos projetos em que atuamos, como a mentoria de mulheres negras e jovens líderes
Ainda é desafiador não cair na área de Compras das empresas na negociação dos orçamentos, mas já temos clientes que nos pagam maiores valores, fazendo parte desse movimento de abundância e fomentando o trabalho voluntário que fazemos e que causa impacto.
Nossa forma de trabalhar também leva em consideração a forma como queremos viver: com mais flexibilidade e qualidade de vida.
Claudia e eu temos bloqueado intencionalmente as agendas para podermos visitar exposições, ir a museus, teatro, cinema.
Eu tenho conseguido conciliar os horários do trabalho com as demandas escolares dos meus filhos e a Claudia tem conseguido viajar todos os meses. Nossa medida de sucesso tem levado em conta nossos aspectos pessoais
E quando pensamos no nosso negócio, sabemos que não teremos todos os clientes, mas teremos e queremos aqueles que compactuam dos mesmos valores e que desejam genuinamente construir um ambiente de confiança, colaboração, reciprocidade sistêmica, transparência e amor, porque sabem que isso traz resultados.
Não acreditamos em soluções milagrosas de apenas uma intervenção, mas no trabalho consistente, investido na frequência, na construção do ambiente saudável por meio das relações.
Amor é inclusive um dos pontos que mais causa estranhamento quando falamos sobre isso nas organizações. Mas para nós é o ingrediente mais fundamental.
Como nos disse uma cliente: “Tudo é amor. O que não é amor, é falta de amor”.
Luciana Sato é formada em Publicidade e Propaganda pela FAAP, com pós-graduação em administração pela FGV, especialização em Neurociências de Consumo pela ESPM e Universidade de Duke. Facilitadora e consultora integral pela Metaintegral Associates/Chie e Coach Profissional pela Crescimentum, é fundadora da Rede Héstia e cofundadora do Conexões Humanizadas. É casada com o Cássio, mãe do Vìtor e da Júlia, seus maiores drivers de transformação.
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