Em 2018, a Neoenergia, empresa do setor elétrico, incorporou um novo olhar sobre inovação.
“Passamos a buscar protagonismo no cenário da inovação aberta. E, para fazer isso acontecer, partimos de desenvolvimentos rápidos, de menor complexidade, e que ainda assim fossem de alto impacto para os negócios. Afinal, a inovação não é só criatividade ou ideias, ela é resultado. Para nós, isso está muito alinhado com o que o CESAR propõe”, conta Francisco Carvalho, superintendente de Inovação e Sustentabilidade da Neoenergia.
Naquele ano, a empresa buscou o CESAR com o objetivo de fortalecer sua jornada de inovação.
“Não existe uma jornada de inovação única, que se aplique a qualquer empresa. Jornadas de inovação são caminhos que levam a empresa do ponto A ao ponto B, mas esses pontos e a construção do percurso são definidos especificamente para cada empresa”, diz Ricardo Mendonça, head de consultoria em inovação e transformação digital do CESAR.
A maturidade quanto à cultura de inovação, o mercado, as estratégias e ambições da organização impactam diretamente no desenho, feito sob medida, da jornada construída pelo CESAR junto às instituições.
Às vezes, empresas querem fazer experimentação rápida; outras pedem ajuda para melhor organizar esforços de inovação; e algumas já contam com um hub ou lab de inovação e querem investir em projetos específicos. Nesse processo, a Neoenergia se encontra mais à frente, no estágio de Governança da Inovação.
“O caminho não é uma linha reta, é tortuoso. E as direções dependem de cada contexto que se apresenta”, afirma Ricardo.
Mas ele explica que existem trajetos e momentos comuns pelos quais as empresas passam no caminho da inovação. Para o CESAR, numa jornada típica, há quatro grandes etapas, que devem ser adaptadas a cada contexto.
“A cultura das organizações é o primeiro e principal ponto de preocupação quando se fala em inovação ou transformação digital”, diz Ricardo.
É normal que empresas ainda não tenham o hábito de fazer experimentações ou não tenham uma cultura que encoraje as pessoas a se arriscarem. Portanto, nessa etapa da jornada, investe-se na capacitação dos colaboradores em todos os níveis da organização, por meio de treinamentos “mão na massa”, consultorias e bootcamps.
Um caminho é eleger agentes de transformação: um grupo para se apropriar de – e se engajar em – práticas de inovação dentro da organização. Ricardo explica que é preciso que exista um apoio da alta gestão, para que equipes se formem e tenham autonomia e recursos para fazerem suas experimentações, além de uma revisão de processos e de políticas internas para empoderar pessoas para praticarem o intraempreendedorismo.
“A questão cultural é um ponto de partida e deve ser nutrida durante toda a jornada”, diz.
Neste link, o CESAR explica como construir, difundir e manter uma cultura de inovação sustentável.
Quando a empresa já possui uma cultura de inovação mais madura, o passo seguinte é acelerar processos de inovação.
“Ao mesmo tempo em que você trabalha a cultura, tem que colocar a mão na massa. E, para isso, é muito comum que as empresas busquem apoio externo”, diz Ricardo.
É o caso de construir relacionamentos com startups ou centros de pesquisa que ajudem na exploração de novos negócios, ou ainda o desenvolvimento de times internos para agir como startups.
Para Ricardo, um dos grandes desafios nesta etapa está associado às empresas ambidestras – grandes organizações que precisam manter a eficiência operacional do negócio atual e, ao mesmo tempo, apostar em rupturas.
“É muito mais fácil para uma startup praticar inovação. Uma grande empresa tem toda uma operação pesada para manter e, para inovar, precisa conciliar o olhar para o presente com o olhar para o futuro”, explica.
“Temos constatado que várias empresas estão trabalhando com inovação, mas falta estratégia. A Governança da Inovação institucionaliza o papel da inovação como um todo e permite gerar aprendizado”, afirma Filipe Pessoa, consultor de inovação do CESAR.
Nesse estágio da jornada de inovação, a empresa precisa trabalhar nos níveis estratégico, tático e operacional: fazer um diagnóstico, desenvolver uma estratégia, criar um portfólio e definir métricas de sucesso para medir a eficiência da inovação.
O CESAR trabalha com uma metodologia de Governança da Inovação chamada de GO.In, que leva a empresa por uma jornada própria para chegar a um sistema que informa como os projetos evoluem e geram impactos, retorno sobre investimentos e aprendizado organizacional.
Em 2020, o centro de inovação começou a trabalhar a metodologia com a Neoenergia. A jornada da empresa começou com a escuta dos executivos e diretores da empresa, passou pela elaboração de uma tese de inovação e de um portfólio alvo que aponta como e onde investir, e vai culminar com a elaboração de uma plataforma de acompanhamento das iniciativas de inovação da empresa.
“A gente não tinha a ferramenta até então. A Neoenergia foi nosso primeiro cliente e estruturamos juntos essa ferramenta de governança da inovação”, conta Filipe.
Mais que uma aplicação de métodos estudados e desenvolvidos pelo CESAR, o processo foi construído ao longo da jornada da empresa e levou ao desenvolvimento da plataforma, que poderá ser aplicada e parametrizada para outras organizações.
“O processo de inovação deve ser descentralizado e qualquer colaborador poderá usar a ferramenta como guia, suporte, plataforma de testes, validações e desenvolvimentos de suas ideias e produções”, diz Francisco.
Ele explica que, por meio de uma página de entrada, o usuário é convidado a preencher um formulário inicial.
“É o início da jornada. A partir desse momento, ele será orientado e receberá feedbacks, inputs e passará por aprovação, até chegar à fase de finalização da ideação. Na sequência, vem a fase de prototipação, sob a mesma dinâmica. Depois, a de desenvolvimento de um MVP (mínimo produto viável), sempre com mais feedbacks, mais orientação, até que o produto seja validado e possa entrar na fase de implementação”, conta.
Enquanto esse processo se desenrola na plataforma, indicadores são gerados e disponibilizados para o nível gerencial da empresa. Além disso, a ferramenta oferece uma análise financeira de todo o portfólio da inovação.
“É uma jornada muito construtiva quando eu consigo amarrar todos os pontos. Com o GO.In a ideia é que possamos democratizar a participação de todos nesse processo e que a inovação se estabeleça, de fato, aberta, inclusiva, mensurável e gerenciável”, conclui Francisco.
Quando uma empresa já trabalha com um portfólio de inovação e consegue metrificar bons resultados, um caminho para potencializar a inovação, mirar no futuro e em novos mercados é encontrar parceiros externos.
“O dia a dia da empresa é muito pesado, drena muita energia, principalmente das lideranças. Por mais que você tenha construído estratégias de inovação e conte com uma boa governança no setor, a operação da empresa tem um potencial gravitacional muito forte. Ajuda externa é importante para otimizar as práticas de inovação”, diz Ricardo.
Em 2018, o Grupo Boticário participou do CESAR Summer Job, programa de experimentação em inovação para estudantes universitários, e lançou um desafio relacionado a maquiagem.
“A gente possui um ambiente propício para inovação e há um tempo trabalhamos com inovação aberta, então sempre olhamos para o ecossistema de inovação em busca de novidades”, conta Valentine Quintas, especialista em inovação aberta do Grupo Boticário.
Depois de passar por esse processo de ideação e experimentação rápida, a parceria do Grupo Boticário com o CESAR evoluiu para um acordo de cooperação para desenvolvimento de um projeto de pesquisa.
“A inovação faz parte do DNA do grupo. Desde as competências pelas quais os colaboradores são avaliados nas entregas até a ponta, para atender às necessidades do nosso consumidor. Mas para garantir que isso aconteça cada vez mais, a gente também faz isso através de parceiros. Com o CESAR, a gente viu uma forma de potencializar a inovação e estamos conseguindo evoluir em um projeto que é muito disruptivo”, diz Valentine.
CESAR Summer Job é considerado porta de entrada para parcerias de inovação corporativa junto ao CESAR. Conheça também a história do centro de inovação que nasceu no coração de Recife (PE).
Valentine acredita que para fazer inovação é preciso resiliência, e o grande desafio é levá-la para todos os campos da empresa e gerar convencimento sobre um projeto. Para Filipe, isso está ligado a um novo cenário da gestão no século 21: “o grande desafio será como institucionalizar a inovação nas grandes organizações”.
E, para construir inovação aberta e corporativa, é importante lembrar que a jornada não tem fim e nem é linear.
“A realidade muda o plano e o alvo é sempre móvel: não existem planos lineares. Qualquer jornada é absolutamente não linear e, por isso, é tão importante a cultura de agilidade e experimentação”, lembra Ricardo.
Veja as etapas da metodologia de Governança da Inovação do CESAR: