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Como inovar dentro de uma grande empresa? (Dica: para aprender é preciso errar…)

Adriano Silva - 30 ago 2016
A turma sai contente e provocada da aula de Maximiliano Carlomagno (segundo agachado, da esq. para a dir.), da Innoscience, na Academia Draft. Entre outros recados do mundo das startups às corporações: às vezes o maior risco é não correr risco nenhum...
Adriano Silva - 30 ago 2016
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A aula de Maximiliano Carlomagno, sócio da consultoria Innoscience, na fria noite de segunda, 22 de agosto, em São Paulo, na Academia Draft, realizada na Unibes Cultural, em Pinheiros, contou com 30 pessoas (a maioria delas altos executivos ligados à inovação, mais alguns empreendedores da Nova Economia – faz parte da missão do Draft gerar essa colisão criativa) na aula presencial – e outras 15 pessoas na aula virtual.

Max deu uma aula supimpa sobre um tema que é fácil de propor – “Como inovar dentro de uma grande empresa” – e muito difícil de entregar de modo consistente. E Max entregou, numa aula cheia de insights, provocações, cases, exemplos e asserções, baseadas em sua experiência de consultor, de investidor, de empreendedor, e de sua vasta milhagem de leituras ligadas à inovação.

A seguir, os highlights da aula de Max, que em alguns dias estará disponível como Aula Gravada no site da Academia Draft.

– A experimentação estruturada é uma das principais ferramentas de inovação. Para aprender com a experiência, é preciso antes descobrir o que você não sabe. Depois, priorizar as incertezas. Listar as hipóteses. E calcular – e isolar – os riscos. Entre outras fases sine qua non.

– A gente tem a tendência de fazer cada vez menos coisas novas, à medida que vai crescendo na carreira. Com as empresas, é a mesma coisa. A gente aposta em rotinas consolidadas. Para correr menos riscos.

– Ao aprender algo novo, você se expõe. E, de alguma maneira, se diminui diante dos demais. Você fica pequeno diante de qualquer um que saiba um pouquinho mais do que você, mesmo que o outro saiba quase tão pouco quanto você. Ninguém gosta de estar nessa posição. A gente não gosta tanto de aprender – a gente gosta mesmo é de saber.

Max, em determinado momento, convidou todos a fazer uma experimentação. No banheiro. Todo mundo junto. E de porta aberta!

 

Todo mundo junto no banheiro fazendo uma experimentação. E de porta aberta! (Nota: a Academia Draft não se responsabiliza por eventuais efeitos colaterais ou tardios dessa experiência...)

De repente, todo mundo junto no banheiro fazendo uma experimentação. (Nota: a Academia Draft não se responsabiliza por eventuais efeitos colaterais ou tardios dessa experiência…)

 

– O grande risco da inovação em negócios é você transformar o processo numa ferramenta de validação daquilo que você já acredita. O experimento não tem a ver com estar certo ou errado, mas tem a ver com descoberta – confirmando ou não a tese inicial. Às vezes errar, e errar rápido, e errar pequeno, é a melhor coisa, e a mais barata, que você pode fazer.

– Uma linha possível da inovação. Primeiro, veio a era do gênio – a GE é um bom exemplo. Depois, a era dos centros de P&D – a Bell Labs é um bom exemplo. Depois, a era do capital de risco e das startups – que deu luz à Apple. Por fim, nos últimos 15 anos, se consolida a era da inovação corporativa – em que a empresa se abre para inovar, de modo colaborativo, aberto, com os empreendedores, muitas vezes por meio de Corporate Venture.

– No mundo em que viveremos daqui para a frente, teremos que enfrentar cada vez mais a improbabilidade do desempenho superior sustentado. Isto é: a permanência das empresas na lista das maiores ocorrerá em ciclos cada vez menores.

Em contraposição, Max endereça a seguinte questão: o que é uma startup? E propõe a definição de Eric Ries: uma instituição desenhada para vicejar em condições de extrema incerteza. Já a grande empresa, diz Max, está desenhada para operar de modo eficiente um negócio existente, gerando cada vez mais escala e produtividade. É aí que entra o Dilema do Inovador, de Clayton Christensen: aquilo que a empresa faz de melhor é também aquilo que mais a impede de inovar, que mais a prende no presente (ou no passado), cada vez mais distante do futuro. Numa frase: às vezes o maior risco é não tomar risco algum.

– O principal objetivo dos executivos nas grandes empresas é “não ter problema na minha área”, “é não cair nenhum pepino no meu colo”. É precisamente esse mindset que mata a inovação.

– Como estabelecer um equilíbrio entre os dois crachás – o da operação e o da descoberta – na grande empresa, se a operação suga todo o tempo e se as premiações só advêm de lá, do que já está posto e funcionando?

– Para aprender um esporte novo, é fundamental não desistir no período de incertezas, desconforto e dificuldades. Você só vai começar a dominar, minimamente, a técnica do jogo, depois de muitas horas de aprendizagem. Com novos negócios, é a mesma coisa. Inovar aos pouquinhos, de vez em quando, na paralela, quando sobra um tempo, não funciona, não gera ganhos consistentes.

– Inovação é um mandato de vida. Eis aí o elo perdido entre o executivo que inova dentro de uma companhia e o empreendedor que tira um negócio do chão. Não se trata de uma equação meramente matemática. Para a conta fechar, para valer a pena, é preciso ter paixão.

– Outro paradoxo da inovação corporativa: você só inova quando as coisas já não vão tão bem – que é o pior momento para inovar. Quando os recursos estão postos, quando tudo vai bem, aí a última coisa que você considera é inovar – para quê?

– É muito importante saber a hora certa de entrar em um território. E é igualmente fundamental saber sair dele também, na hora certa. Você está preparado para matar o seu projeto, ou eventualmente toda a sua unidade de negócios, para o bem da empresa?

– É comum, em inovação, a gente se apaixona pelas ferramentas. E fica tentando usá-las em todas as situações e para todos os fins. É um equívoco.

– Um desafio importante da inovação é criar valor lá fora, para o mercado. Outro, talvez ainda maior, é encontrar a viabilidade operacional – achar apoio interno, fazer as conexões corretas dentro de casa, para inventar o novo.

Por fim, Max termina dizendo que o erro é a nova informação – failure is the new data. É preciso errar para aprender. Portanto, para aprender de verdade é preciso antes aprender a errar.

Aulaça. Non-nonsense – numa temática tão achacada pela espuma. No bullshit – num território com tanta bobagem sendo dita. Obrigado, Max.

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