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Como o Grupo Tellus se estruturou para criar projetos inovadores com gestores públicos

Marina Audi - 7 mar 2017 Ao lado de Felipe Salto, Emygdio Carvalho e Marina Cançado, Germano Guimarões fundou o Grupo Tellus, uma mistura de agência, escola e instituto de serviços públicos.
Ainda na faculdade, Germano Guimarões fundou o Grupo Tellus – uma agência, escola e instituto de inovação em serviços públicos.
Marina Audi - 7 mar 2017
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Existe uma maneira de gerar inovação com o governo? O Grupo Tellus – uma mistura de agência, escola e instituto focados em serviços públicos – quer provar que sim. Mas fazer uma jornada de transformação social não é algo trivial e nem simples. É preciso que pessoas se sentem à mesa para pensar a solução em conjunto, com métodos específicos para a conversa render. Germano Guimarães, 31 anos, é um dos interlocutores desta forma de pensar. À frente do Tellus há sete anos, ele e sua equipe desenham projetos que alteram a percepção e o uso de serviços públicos em educação, saúde, cultura e mobilidade urbana.

Desde o primeiro dia, a ideia dos fundadores do Tellus – Germano e os colegas Felipe Salto, Emygdio Carvalho e Marina Amaral Cançado – pensaram em criar um instituto sem fins lucrativos. Lá atrás, em 2008, prestes a se formarem em Administração Pública na FGV, eles criaram o primeiro plano de negócio e foram conversar com professores, colher opiniões, críticas e sugestões. Germano conta:

“Não queríamos passar o chapéu toda hora para captar recursos, porque isso não é sustentável. Precisávamos de um modelo que parasse em pé”

Atualmente, há 42 pessoas trabalhando no grupo, em três eixos de atuação. O primeiro é a agência, que faz um trabalho de consultoria, desenho e implementação de projetos. O segundo é a escola, que promove cursos dentro de empresas, como o Gov Design Experience, oferecido por 4 500 reais.

O terceiro é o instituto, no qual eles produzem estudos e pesquisas sobre o universo de inovação em design de serviços. Germano conta que encontrar esse modelo de negócio não foi fácil, mas depois de um longo processo de testes, decidiram operar o Tellus sob esses três pilares pois casavam com a sua missão: “Queremos que as necessidades básicas sejam atendidas, mas também queremos mexer com os sentimentos do cidadão. Agradá-lo, surpreendê-lo”.

O diretor e fundador diz que o grupo começou o Tellus sem um real. Pediram contribuição financeira a amigos para montar o contrato social e fazer a identidade visual da empresa. Mentoria, por outro lado, não faltou: Yoshiaki Nakano, Fernando Abrucio, Regina Silvia Pacheco, Patrícia Tavares, Marcos Fernandes da Silva (todos professores da FGV), Ana Maria Diniz (do Instituto Península) e o empresário Carlos Jereissati Filho deram orientação aos empreendedores. Alguns deles são hoje membros do conselho do grupo.

O investimento externo inicial, que a empresa não abre, veio logo depois para permitir que os fundadores trabalhassem tempo integral no Tellus e fossem remunerados por isso. “Fomos uma das primeiras iniciativas que a Escola de Economia da FGV incubou”, conta Germano. O espaço físico da empresa, no entanto, veio só depois de dois anos. Assim, o Tellus se firmou como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

PROBLEMAS PÚBLICOS SÃO COMPLEXOS – E AS SOLUÇÕES TAMBÉM

Na época em que estavam colocando o Tellus em pé, a equipe assistia ao surgimento de diversos  negócios sociais no Brasil. Foi assim que os fundadores foram contagiados pelo conceito de que é preciso mudar o mundo, mas também olhar para o lado financeiro e ganhar escala para gerar mais impacto. Germano fala de como adquiriu esta noção:

“Criar um modelo game changer não é fácil. Isso leva anos e nem sei se já estamos maduros”

Para criar o ecossistema de inovação e design em serviços públicos no Brasil, o Tellus apresenta somente casos brasileiros e experiências práticas que provam aos gestores públicos que é possível adotar metodologias diferentes. Já passaram 27 projetos pela empresa até hoje. Atualmente, há oito sendo realizados simultaneamente: seis na área de formação e dois na área de pesquisa e disseminação do conhecimento.

Um pressuposto guia as ações do Tellus: nem todos os problemas públicos são problemas estatais. A tendência mundial é que muitas soluções surjam de parcerias entre a sociedade civil e a iniciativa privada e, nesse jogo, cabe ao Estado ter capacidade criativa e inovadora para criar um meio de unir essas duas pontas.

Alix Birche, 27 anos, diretora da Escola de Inovação em Serviços Públicos do Tellus, diz que todas as ações educativas direcionadas aos gestores públicos são pensadas para transformar as pessoas e multiplicar o conhecimento:

“Não queremos que o governo precise de nós. Damos ferramentas para que os gestores públicos façam sozinhos”

Ela ainda conta que todos os projetos (não importa o eixo de atuação) partem de três pontos em comum: olhar e perceber a prioridade do cidadão, para dar uma resposta concreta às demandas e criar um serviço público de alta qualidade e baixo custo que se encaixe com a necessidade dele; cocriar a solução tendo todos os lados representados na discussão; prototipar a iniciativa e, somente depois da avaliação e ajustes, escalar.

BUSCAR INOVAÇÃO PARA FAZER MAIS (E MELHOR) COM MENOS DINHEIRO

De acordo com Alix, a mudança só acontece se as capacidades inovadoras dos gestores públicos forem ampliadas. Isso significa investir também em cursos de formação totalmente customizados, para que os alunos se sintam produtivos em sala de aula. “Sempre propomos desafios reais, alinhados à base estratégica da organização, que estão na agenda profissional dos participantes e que tenham prazo de entrega”, ela diz.

equipe Tellus (1)

A equipe do Tellus, de 43 funcionários, se divide em projetos em parceria com governos.

Já que não vale pegar um desafio qualquer, para solucioná-lo o Tellus bebe de todas as fontes de design disponíveis: Service Design Sprint, Design Thinking, UX, Teoria U, Business Model Canvas, Diagrama Espinha de Peixe, Kaizen, PMO, etc. E como nem tudo é aplicável ao governo, uma metodologia própria foi desenvolvida e materializada em um book com 110 ferramentas, que são refinadas a cada dia, a cada projeto.

A batalha diária, segundo a equipe do Tellus, é ajudar a evitar o desperdício de recurso público na criação de coisas que não fazem sentido para o cidadão. “Se tivermos cada vez mais gestores pensando na lógica do cidadão, perguntando, tendo método e capacidade técnica para ouvir, a gente faz mais rápido e melhor”, diz Germano.

Há muitas formas de projetos chegarem ao Tellus. Alguns parceiros antigos (eles não costumam usar a denominação cliente) podem chegar com uma ideia e pedir um desenvolvimento. Outras vezes, é a própria equipe que idealiza algo e corre atrás de um parceiro externo como, por exemplo, no projeto Lê no Ninho. A fórmula muda constantemente, mas o objetivo é sempre buscar uma forma de transformar.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Grupo Tellus
  • O que faz: É uma agência, uma escola e um instituto focados em serviços públicos
  • Sócio(s): Não há. O grupo é uma OSCIP
  • Funcionários: 42
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2010
  • Investimento inicial: NI
  • Faturamento: NI
  • Contato: [email protected]
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