A gestão de um restaurante tem poucas possibilidades de inovação, certo? Errado. Há uma série de oportunidades de reinventar a atuação destes estabelecimentos, atrair mais clientes e ampliar o faturamento com o uso de dados, segundo Antônio Aguiar, o Tombé, diretor de Estabelecimentos da Sodexo Benefícios e Incentivos.
O executivo lidera o desenvolvimento de uma plataforma que reúne informações da base de dados da companhia sobre o uso de seus cartões alimentação e refeição em restaurantes e mercados. “Com esta ferramenta conseguimos entender o comportamento do consumidor, fazer projeções e, com isso, ajudar os estabelecimentos a melhorar sua performance”, conta.
Ao oferecer dados para facilitar o planejamento e a gestão de empresas que atuam no segmento de alimentação, a Sodexo pretende preencher um gargalo relevante no Brasil. Eduardo Peixoto, Chief Design Officer do Cesar, hub de inovação do Recife que deu início ao conhecido Porto digital da região, diz que, em geral, as empresas brasileiras ainda carecem de uma administração mais científica, feita com base em informações concretas.
“Temos como tradição uma gestão que segue o instinto, o feeling da liderança. Ter boas bases de dados é algo que garante decisões mais assertivas e pode ter custo baixo em relação ao potencial de resultados”
O especialista compara a situação local com a vista nos Estados Unidos, onde as empresas têm tradicionalmente uma relação muito mais próxima das universidades e baseiam qualquer novo passo em conhecimento gerado na academia e, mais recentemente, em dados. “Há um valor imenso em conseguir planejar a oferta, formar estoques da forma precisa, mapear as tendências. Isso é melhorar a administração a partir da informação”, diz Eduardo.
Segundo ele, a oportunidade de refinar a gestão com o uso de dados é enorme no Brasil, que tem uma das populações mais conectadas do mundo. Em tempo gasto na internet, o país só perde para as Filipinas, com 9 horas diárias on-line, segundo o Brazil Digital Report 2019, elaborado pela McKinsey. “Geramos muita informação e somos extremamente conectados quando se trata de entretenimento e redes sociais, mas ainda criamos pouco valor para os negócios a partir disso”, diz Eduardo.
QUANTO MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O CLIENTE, MAIOR É O POTENCIAL DO NEGÓCIO
Ter mais intimidade e conhecimento sobre o próprio cliente é um dos pilares operações eficientes e lucrativas, diz Eduardo. Tombé conta que é justamente esta a meta da Sodexo ao trabalhar na construção de sua plataforma de dados. Por enquanto o projeto funciona como piloto, restrito a alguns clientes maiores da companhia, como grandes redes de restaurantes. Tombé fala de como tem sido a experiência até aqui:
“Conseguimos entender qual perfil de cliente vai a determinado restaurante e com qual frequência. Com isso, é possível mapear de forma assertiva a concorrência, entender qual valor cobrar para atrair mais consumidores e quais promoções e descontos oferecer”
O executivo cita o exemplo de uma rede de restaurantes que estava em expansão e usou o sistema para identificar se fazia sentido abrir um novo estabelecimento em determinada região. “É muito mais simples tomar uma decisão como dados precisos em mãos”, diz.
Segundo ele, quando se trata do segmento de alimentação, nem sempre a concorrência é óbvia: “Por exemplo, um restaurante japonês não concorre apenas com outro da mesma categoria, mas com estabelecimentos que podem ter cozinhas diferentes, mas faixa de preço e perfil de público parecidos”, esclarece.
AÇÕES PERSONALIZADAS PARA ATRAIR CONSUMIDORES
No caso dos mercados, os hábitos de consumo com cartão alimentação são um tanto diferentes, mas Tombé destaca que ainda assim é possível se beneficiar do uso de dados. “Normalmente as pessoas frequentam os estabelecimentos que ficam mais perto de casa. Com a plataforma conseguimos checar a frequência com que o cliente vai e personalizar promoções para atrair o consumidor”, conta. E complementa:
“Em qualquer situação ou perfil de negócio é preciso adequar a oferta de produtos e serviços à base de consumidores. É isso que pretendemos com as nossas ferramentas”
O executivo da Sodexo aponta que o plano é ampliar ainda mais o potencial da plataforma de dados. “Temos conversado com startups, estudado quais outras soluções e informações podemos oferecer”, conta.
Com isso, ele destaca que o plano da companhia é entregar aos clientes soluções capazes de levar eficiência aos negócios e, assim, melhorar os resultados. Eduardo, do Cesar, lembra que o Brasil ainda tem número baixo de empresas com gestão mais científica, baseada em informação, mas aponta que este é um caminho inevitável no longo prazo. “Já somos ultraconectados. Quando as organizações perceberem que é possível gerar valor com isso, vamos evoluir rápido”, diz.
Muito além de política pública, passou do tempo de equidade racial estar apenas na agenda de responsabilidade social de empresas no Brasil. Saiba o que grandes organizações, como a Sodexo, estão fazendo em prol dessa causa.