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Conheça a startup que implantou a biometria facial no estádio do Palmeiras (e ajudou a solucionar a morte de uma torcedora)

Bruno Leuzinger - 1 ago 2023
Ricardo Cadar, fundador e CEO da BePass.
Bruno Leuzinger - 1 ago 2023
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Na última semana de julho, a polícia prendeu um suspeito de atirar a garrafa cujos estilhaços mataram a palmeirense Gabriela Anelli, 23, durante uma confusão entre as torcidas de Palmeiras e Flamengo no dia 8 do mesmo mês, no entorno do estádio Allianz Parque.

Para identificar o suspeito, a polícia recorreu à base de dados da Bepass. Com menos de um ano de atividade, a startup (fundada em outubro de 2022) responde pela implementação da biometria facial no estádio do Palmeiras – e já tem cerca de 500 mil torcedores em seu cadastro. 

O Palmeiras é pioneiro na adoção da tecnologia, com ganhos (não só) de agilidade e segurança, segundo o engenheiro Ricardo Cadar, fundador e CEO da Bepass. “O cadastramento da face é feito por um sistema nosso de onboarding onde a gente valida se aquela face é uma face mesmo, e não uma fraude”, afirma. 

Hoje, qualquer torcedor (mesmo de times adversários) que queira assistir a um jogo no Allianz Parque precisa fazer antes o seu cadastro biométrico. O sistema da startup é integrado à plataforma de ingressos do Palmeiras; a captura da imagem é feita com a câmera do celular.

“O Palmeiras está muito satisfeito. Os depoimentos que temos de torcedores é cada um melhor do que o outro… Temos uma taxa de 98% de satisfação numa pesquisa realizada junto à torcida” 

Em breve, soluções assim se tornarão obrigatórias no Brasil. Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho, a Lei Geral do Esporte estabelece, no artigo 148, que até meados de 2025 todos os estádios do país com capacidade acima de 20 mil pessoas “deverão contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores”.

O CEO afirma que sua startup (que tem 12 funcionários e acaba de receber um investimento de 3 milhões de reais) está pronta para atender essa explosão de demanda. Ele também já mira a internacionalização. Recentemente, a Bepass fez um teste em Lisboa, no clássico entre Sporting x Benfica; uma vez na Europa, ele aproveitou para apresentar a startup a interlocutores da Premier League e de La Liga, que ficaram, segundo Ricardo, “impressionados” com a solução.

Nesta quarta-feira, 2 de agosto, o empreendedor deverá passar um aperto diante da TV. O Palmeiras, seu grande cliente e “cartão de visitas”, entrará em campo pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. Do outro lado estará o Clube Atlético Mineiro – justamente o time do coração de Ricardo.

“Em todo clube com quem vou conversar, eles perguntam pra que time eu torço. Eu respondo assim: ‘Depende. Na pessoa física ou na jurídica? Na física eu torço para o Atlético, mas na jurídica eu torço para vocês…!’”

A seguir, em entrevista ao Draft, ele explica como funciona a solução da Bepass, conta como conquistou o contrato do Palmeiras mesmo à frente de uma startup recém-lançada, e fala sobre as potencialidades da biometria facial em jogos de futebol e grandes eventos em geral:

 

Pode contar sobre a sua carreira, e sobre a sua experiência no mercado de biometria, antes da fundação da Bepass?
Sou empreendedor desde os 19 anos, quando entrei na faculdade de engenharia. No segundo ano abri a minha primeira empresa, uma construtora. Eu e meu irmão éramos sócios, começamos nessa área e o negócio foi evoluindo. 

Eu conciliava o estudo com o trabalho. Me formei em engenharia com 23 anos e começamos a construir prédios. Depois eu fiquei na sociedade sozinho, passei a fazer construção pesada, depois construção industrial, e mais recentemente na área de loteamentos

Em 2013, 2014, começamos a tentar diversificar para outros mercados. Foi aí que investi numa empresa, a Biomtech, de Belo Horizonte, que trabalha com biometria facial. Na época, dez anos atrás, biometria facial ainda era uma “coisa de ficção científica”, era muito raro

Em 2016 resolvi me mudar para os EUA com a minha família. Fiz cursos no Vale do Silício, imersões de uma ou duas semanas voltadas para o empreendedorismo, saber como funciona um venture capital… 

Passei dois anos estudando sobre biometria e visitando empresas e locais onde eu achava que o ambiente de tecnologia era propício. Viajei para a Índia, China, Lituânia, Eslováquia… 

Na China, por exemplo, visitei a DJI, quando ainda era um escritoriozinho, uma salinha de vinte e cinco metros quadrados. Hoje é a maior fabricante de drone do mundo

E aí, em 2019, voltei para o Brasil, saí [do cargo] de CEO da construtora e assumi a Biomtech como CEO. A empresa cresceu muito de 2019 a 2022, mas ela é focada para a área de mercado público: na Biomtech a gente atende polícia, tribunal de justiça, escolas…

Em 2022, saí da Biomtech já com objetivo de abrir uma outra empresa para atender o mercado privado. E foi aí que eu criei a Bepass. Por uma questão de oportunidade, começamos no mundo do esporte – especialmente no mundo do futebol.

Como funciona a solução da Bepass? O que vocês vendem para o mercado?
O que a gente vende é o acesso por biometria facial à grande multidão: é diferente de fazer um acesso num prédio residencial ou comercial onde você não tem um volume tão grande em tão pouco tempo. Assim, a gente consegue melhorar muito a experiência do usuário.

Para se ter uma ideia, no Allianz Parque, do Palmeiras, havia uma média de sete pessoas por minuto entrando em cada catraca. Subimos esse número para 18 pessoas por minuto [com uso da biometria facial]… Ou seja, quase triplicamos a velocidade de entrada dos usuários no estádio

Tem também a parte de segurança, que é muito importante para os clubes, para os eventos, os shows… Para locais que têm grande volume de pessoas saberem quem está ali dentro naquele momento. 

Atrelado a isso, vendemos o marketing direcionado. A partir do momento que a pessoa está cadastrada pela biometria, consigo saber que é “o Ricardo” que está no estádio e que entrou naquela hora. E, assim, consigo fazer uma série de promoções, ativações de marketing…

Pensando em segurança, me vêm dois aspectos. Por um lado, a questão de deepfakes e clones digitais… Como a Bepass age para impedir fraudes? E, pensando na integridade física do público, como a startup pode minimizar o risco de tragédias como a morte da torcedora palmeirense Gabriela Anelli?
O Governo Federal hoje tem uma base de dados de pessoas desaparecidas, pessoas procuradas [pela Justiça], pessoas inclusive mortas e que [outras] pessoas às vezes compram ingressos em nome delas exatamente para não serem identificadas…

O Ministério da Justiça está para assinar um convênio com a CBF para que todos os clubes do Brasil façam uma adesão a esse tipo de tecnologia de biometria facial.

A Lei geral do Esporte, publicada no dia 15 de junho de 2023, obriga os clubes em até dois anos a implementar a biometria facial na entrada dos estádios [com capacidade para mais de 20 mil pessoas] exatamente porque atrelando isso a esse cadastro do Ministério da Justiça, nós vamos conseguir evitar que pessoas indesejadas possam ir aos estádios de futebol

Isso é muito importante. No caso da torcedora do Palmeiras que infelizmente faleceu, aquela pessoa que jogou a garrafa ela poderá ser identificada não somente pela biometria do cadastro dela – porque se ela vai entrar no jogo, [então] temos o cadastro dela –, como também na hora que ela passar pelo dispositivo facial. E [eventualmente] podemos inclusive dar o alerta à polícia, caso isso seja permitido.

(Atualização: quatro dias após a entrevista, a polícia prendeu um torcedor flamenguista por atirar a garrafa que matou Gabriela; o suspeito foi identificado com ajuda da tecnologia da Bepass.)

Hoje [em outros estádios], qualquer pessoa que compra um ingresso e tem um QR Code disponível, eu posso pegar esse QR Code e passar para qualquer outra pessoa que vai [entrar no estádio] lá no meu lugar. 

Pela face, isso é impossível de acontecer, porque o nosso dispositivo não aceita nenhum tipo de fraude, seja deepfake, um vídeo, uma foto, uma máscara… Ele não aceita, somente a face viva,  o que a gente chama de “face liveness” 

Isso é muito importante, porque a gente vai dar para o torcedor [a garantia de] que ninguém que não esteja permitido, ou que esteja eventualmente sendo procurado pela polícia, vai entrar no estádio.

E em relação ao uso da biometria para o marketing, o que você pode contar?
Hoje, no Brasil, o relacionamento dos clubes com os torcedores ainda é muito ruim. O dia do jogo, nos EUA, é um evento: a pessoa chega no estádio oito horas antes, fica com a família, come, consome, passa o dia dentro do estádio, seja de futebol americano, beisebol… É uma cultura. Mas por quê? Porque existem atrativos [no estádio], restaurantes etc.

 No Palmeiras, além de não ter que levar nada para o estádio – nenhum hardware, QR Code, código de barras; somente a face é a entrada –, estamos começando a dar a experiência para o torcedor, quando entrar no estádio estádio, poder receber uma promoção, ser sorteado para alguma coisa…

Esse tipo de ativação é o que a gente está buscando com a solução, também. E ela só permite isso porque, mais uma vez, [com a biometria facial] tenho a certeza de quem está dentro do estádio. Via QR Code, eu não tenho essa certeza de quem entrou.

Outra coisa muito importante no caso de eventos, shows, futebol, é que nós eliminamos completamente o cambismo. 

O cambismo no Palmeiras hoje não existe mais. Os cambistas tiveram que mudar de clube ou mudar de profissão, porque não tem como eu passar a minha face para você entrar no meu lugar… 

Esse foi o grande motivo do Palmeiras ter contratado a gente no primeiro momento. E outros clubes estão seguindo. Estamos com implantação [sendo negociadas] em vários clubes do Brasil.

Semana passada, ganhamos um prêmio na CONFUT de melhor inovação tecnológica do Brasil no mundo do futebol. O Palmeiras estava com a gente e eles apresentaram o percentual que eles tinham de perda de ingresso [antes da implantação da biometria]. Eles chegaram a ter 15% dos ingressos na mão de cambistas.

Até o ano passado, as pessoas estavam cancelando o sócio-torcedor do Palmeiras, o Avanti, porque não conseguiam comprar ingresso, os cambistas já tinham comprado quase tudo. Depois que implementamos a biometria facial, o Avanti aumentou quase em duas vezes. Só isso já é fantástico.

Considerando que a Bepass é uma empresa bem recente, como você conseguiu conquistar o contrato com o Palmeiras? E quais foram as principais etapas de implementação desse projeto?
Antes mesmo da Bepass ser fundada, como eu já estava nessa área de biometria facial, fizemos um teste no Red Bull Bragantino. Pegamos uma catraca, colocamos um dispositivo [de leitura] facial, fizemos a parte de integração e começamos a testar com duzentos torcedores.

Isso foi em julho do ano passado. Aí, lá para setembro, outubro, fiquei sabendo que o Palmeiras estava tendo esse problema grande com cambistas – e estava buscando uma solução

Por um acaso do destino – porque eu não acredito em “sorte” –, um amigo conhecia um diretor do Palmeiras, me apresentou e eu apresentei a solução, dizendo que a única forma que eles tinham de acabar com o cambismo era através da biometria facial.

Foi uma negociação extensa. Assinamos o contrato em 10 de novembro de 2022, com a seguinte obrigação: tínhamos de, até 30 de novembro – ou seja, vinte dias depois –, entregar o clube social do Palmeiras, que hoje tem 30 mil sócios, todo ele implementado com biometria facial. 

Eles tinham um problema no clube, havia entrada por biometria digital, mas o negócio demorava um minuto para ler cada digital… Nos finais de semana e feriados, dava filas imensas… Então assinamos o contrato com esse desafio grande.

Foi até meio loucura na época, no sentido de que a empresa era eu. Não tinha mais [quase] ninguém, só eu e duas pessoas que estavam comigo “gratuitamente”, não tinham nem salário… Assinei o contrato, contratei desenvolvedores, montamos um time técnico e conseguimos entregar o clube todo pronto no dia 5 de dezembro 

E já começamos, nesse meio tempo, a fazer a implantação no Allianz Parque. A obrigação, também por contrato, era de no dia 23 de janeiro [de 2023] já ter o estádio todo implantado. 

No dia 6 de janeiro fizemos o primeiro jogo-teste, um jogo treino do Palmeiras, com um portão só, com 2 mil pessoas; depois no dia 20 de janeiro, fizemos o primeiro jogo oficial – Palmeiras x São Paulo pelo Campeonato Paulista – já com o estádio todo implantado, mas ainda não utilizando biometria facial para todos os portões. 

De janeiro até hoje, fizemos vinte jogos usando a biometria facial. Em todos eles, fomos aprendendo um pouco mais. O primeiro jogo que teve 100% dos portões entrando com biometria foi em maio, contra o Grêmio

Hoje [na verdade] temos em torno de 38 mil pessoas entrando com biometria facial num estádio onde cabem 40 mil. A única coisa que está fora ainda são os camarotes, que são do Allianz, não do Palmeiras. Eles devem entrar no dia 9 de agosto [data da partida de volta contra o Atlético-MG pela Libertadores]. Aí vai ser 100% do estádio. 

O Palmeiras está muito satisfeito. Os depoimentos que temos de torcedores é cada um melhor do que o outro, temos uma taxa de 98% de satisfação numa pesquisa realizada pelo Palmeiras junto à torcida. 

Foi uma transformação grande, mas que veio com o tempo. Não é num estalar de dedos que a gente implanta um negócio desses e muda, do dia para a noite, toda uma cultura de anos.

Como funciona o cadastramento?
É super simples, demora menos de dez segundos. Nós fomos integrados dentro da plataforma de ingresso do Palmeiras, então quando a pessoa está fazendo o cadastro, a gente já faz a captura da foto dela pelo próprio celular. É gerado um QR Code, ela lê o QR Code na tela do telefone, faz a biometria facial e a partir daí segue normalmente a compra do ingresso

A Bepass se inspirou em algum benchmarking para criar essa solução?
Para você ter uma ideia, nós é que somos benchmarking no mundo hoje para outros clubes. Não existe no mundo nenhum estádio de futebol que tenha a entrada 100% com biometria facial como é feita hoje no Allianz Parque.

Pode procurar na China, Inglaterra, Estados Unidos… Não tem. Nós fizemos uma coisa realmente pioneira. Então nós agora viramos o benchmarking.

Fiz uma viagem recentemente para a Europa. Fizemos [um teste] com Sporting x Benfica, em Portugal, o primeiro jogo já no sentido de internacionalização da nossa solução e da empresa.

Depois, fiz reuniões na Espanha, na Inglaterra — na La Liga, na Premier League — e todos eles ficaram de boca aberta, impressionados como a gente tinha conseguido fazer isso aqui 

Existe uma ou outra iniciativa pontual em alguns lugares do mundo com soluções de biometria, mas muito voltadas para as áreas VIP ou para sócio-torcedor. Assim: 200 ingressos, 300, 400… Coisas pequenas. 

Quando mostrei um estádio inteiro, 40 mil pessoas, entrando de uma vez só no estádio, eles ficaram muito impressionados. 

O estádio do Goiás (Hailé Pinheiro, ou “Serrinha”) também já foi apontado como pioneiro na implantação da biometria facial, antes até do Palmeiras. Em que a solução biométrica da Bepass é superior?
O estádio do Goiás não foi o primeiro a utilizar a biometria facial. Ano passado foi feito um teste e somente mais recentemente expandiram para o estádio todo de maneira oficial. 

Além disso, o sistema do estádio do Goiás não é o de biometria facial pura. O torcedor ainda tem que escanear o QRCode do ingresso e “validar” o QR Code com a face. 

O sistema da Bepass no Palmeiras não necessita de nenhuma validação [adicional]. É 100% validação somente pela face, o que gera um dinamismo e uma entrada muito mais rápida 

A capacidade também é diferente. Enquanto que o estádio do Goiás tem capacidade para 14 mil pessoas, a do Palmeiras é 40 mil.

Muito se fala sobre o processo de elitização dos estádios de futebol. De fato, parece que antigamente ir ao estádio era uma experiência mais simples e acessível. No Maracanã, por exemplo, havia a Geral, onde os ingressos eram mais baratos e via-se o jogo de pé. A biometria facial reforça essa elitização? Pode encarecer os ingressos, por exemplo?
Eu acho que é o contrário. Não foi isso que elitizou o futebol. O que elitizou o futebol — se a gente pode chamar isso de “elitização” — foi a Copa do Mundo de 2014, a exigência de os estádios, por exemplo, terem cadeiras em todo lugar [da arquibancada]…

Outra coisa que aconteceu no pós-pandemia é que os ingressos físicos deixaram de existir, praticamente. Hoje em dia todo mundo compra ingresso pela internet. O nosso cadastramento facial é feito pela internet no próprio celular da pessoa, porque qualquer pessoa hoje no Brasil tem um telefone… Seja o melhor que tem [disponível no mercado] ou um não-tão-bom, a pessoa tem um telefone celular com uma câmera.

E quando eu evito o cambismo, eu faço com que mais pessoas, torcedores daquele time, tenham acesso àquele tipo de ingresso. E, tendo acesso, o clube pode inclusive vender mais – e nesse caso baratear o ingresso

A gente estava conversando outro dia com o Fortaleza, um clube que coloca 35 mil pessoas todo jogo lá no Castelão, é impressionante. Lá, o preço médio de ingresso é 18 reais. Aqui em São Paulo é 50, 60, 70 reais. Então acho que [o preço] depende muito de cada lugar, e de que tipo de torneio o time está jogando.

E quanto mais segurança a gente der no estádio, mais as pessoas vão poder frequentar. Mais a família vai poder voltar ao estádio.

Como é o modelo de negócio da Bepass?
A gente entrega uma solução totalmente turn key, SaaS. Nós instalamos os equipamentos no estádio sem custo nenhum de investimento para o clube. A gente cobra um fee por isso, seja pela licença do software até a parte operacional mesmo do jogo, do controle de contingência…

Fazemos o serviço e cobramos ou por jogo, ou por mês, dependendo da negociação com cada clube. Com contrato evidentemente um pouco mais alongado, de quatro ou cinco anos, para poder ter o retorno desses investimentos nossos. 

A frequência de público interfere na precificação?
Sim, interfere porque a gente faz uma média. Por exemplo, o Palmeiras tem uma média de 32 mil pessoas por jogo. Essa média é importante, porque quanto mais público tiver, mais gente vai passar pela catraca, mais catracas vão ter que ler [a biometria facial], e mais cadastramentos vão ter que ter. 

O que interfere na nossa precificação é a média de público versus a quantidade de catracas que nós vamos ter que investir — não na catraca [em si], mas no equipamento que vai ser atrelado à catraca. 

Somos transparentes, a gente integra em qualquer tipo de tiqueteira [empresa que vende os tíquetes], e qualquer tipo de catraca. Pode ter uma catraca de trinta anos, ou a mais moderna, o nosso equipamento integra nela sem problema. E a parte de tiqueteira também, temos APIs de integração.

Além do Palmeiras e do futebol, quais são os outros clientes e setores em que a Bepass está presente?
Hoje o prédio da Federação Paulista de Futebol é todo feito com biometria facial nossa… Já fizemos eventos aqui em São Paulo, fizemos a própria festa do Paulistão [2023], a parte de entrada. 

Fizemos, mais recentemente, um evento [chamado] “Fazendo a Diferença” no hotel Pullman, em São Paulo… E estamos fazendo com o Tom Brasil a entrada de pessoas nos shows. 

Nós acabamos de fazer uma primeira rodada de investimentos. Vendemos uma participação de 3 milhões [de reais] para um fundo de seed money, que tem vários investidores, para a Ingresse e para um fundo chamado OutField, voltado para esporte. 

A Ingresse hoje é a maior tiqueteira do Brasil, eles fazem mais de 6 mil eventos por ano. Uma das ideias é que a gente faça toda a parte operacional desses eventos, a entrada por biometria facial… Então, também estamos indo para a área de eventos e shows 

Estamos falando com hospitais, faculdades… Onde tem grande quantidade de pessoas que precisam entrar rapidamente, essa é a nossa especialidade.

Considerando a nova Lei Geral do Esporte e a obrigatoriedade de implementação de cadastro biométrico em estádios com capacidade para mais de 20 mil torcedores até meados de 2025, a Bepass se vê preparada para dar conta dessa explosão de demanda?
Sim, a Bepass é a única empresa do Brasil e do mundo que opera um estádio de futebol, com a capacidade do Allianz Parque, 100% através de acesso por biometria facial. 

Isso nos torna um grande player desse mercado e estamos prontos para assumir um papel de protagonismo em relação aos clubes de futebol que terão que implantar a tecnologia 

Estamos em conversas com diversos clubes do Brasil que já estão se antecipando ao que a Lei vai passar a exigir em até dois anos. 

Não somente pelo cumprimento da mesma, mas sim pelo benefício e segurança que a tecnologia oferece ao bem mais precioso de todos os clubes, que é o seu torcedor.

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