Sempre é possível melhorar. E é por isso que as empresas têm investido nos programas de melhoria contínua, buscando eficiência, economia, entrega de valor, além de ser uma importante ferramenta de desenvolvimento profissional. O processo é diário, convida os colaboradores a fazer análises minuciosas de cada operação a fim de descobrir falhas, apontar soluções e identificar pontos de aperfeiçoamento, ininterruptamente.
Sabendo que não há ninguém mais atento do que o próprio colaborador para sinalizar e sugerir avanços nos processos de seu dia a dia, desde 2017 a Seara trabalha com o Círculo de Melhoria Contínua (CMC). Trata-se de um programa de gestão participativa baseado em confiança e com oferta de recursos para que os próprios colaboradores coloquem os projetos em prática.
Tudo começa com a formação de grupos de cinco a sete voluntários da linha de produção, os chamados circulistas. Juntos, eles identificam a oportunidade discutem e, com a ajuda de um padrinho da unidade, projetam ações efetivas para mudar aquele cenário. A partir da execução das ideias, eles acompanham os resultados e os apresentam para a empresa.
Angela Camocardi, gerente de Gente e Gestão da Seara, explica que, além de resolver problemas internos, os colaboradores aprendem sobre gestão e ganham novas capacitações ao conhecer e interagir com outras áreas e temas.
“O CMC tem como objetivo de identificar desenvolver nossos talentos. Tanto que, a partir desse programa, passamos a observar e incentivar colaboradores com perfis para serem futuros líderes dentro da companhia”, diz Angela.
Composto de fases classificatórias, a primeira fase do CMC abrange os Simpósios Locais, organizados pela gestão da unidade. “Cada planta da Seara costuma apresentar entre 10 e 15 trabalhos. Os grupos se apresentam para uma banca local, que escolhe apenas um projeto representante da unidade para seguir”, conta Angela.
Em seguida, vem a fase do Simpósio Regional, organizado pela área de Gestão Corporativa. Uma banca avaliadora formada pela diretoria/gerência de diversas áreas da Seara elege os melhores, que partem para a última etapa.
É no Simpósio Nacional que seis a sete grupos vencedores da fase anterior se apresentam para os diretores executivos e presidente para concorrer ao título do campeão do ciclo. Os vencedores de cada ano ganham uma viagem para a convenção anual, onde expõem o trabalho para toda a companhia. O programa está tão maduro que em 2021 somou 2360 circulistas, gerando ganhos expressivos para a companhia.
No último ano, a Seara avaliou 625 trabalhos inscritos por 398 grupos. O melhor projeto saiu da planta de Roca Sales, cidade gaúcha, que conta com 503 colaboradores. Os circulistas identificaram que o processo manual de descasque do peito de peru na esteira poderia ser melhorado. Com propostas consistentes e com análise de custos calculada, o grupo sugeriu um processo de automação, que deixou a operação mais rápida, segura, ergonômica e barata.
“É muito bacana perceber como as pessoas que atuam no dia a dia têm uma visão diferenciada. Imagine que o processo de fabricação do produto era manual, e os colaboradores da operação perceberam que uma melhoria no maquinário poderia automatizar um processo e trazer tanta melhoria e inovação”, pontua Angela.
O custo para operacionalizar a solução foi de R$ 700, sendo que 85% dos materiais usados foram aproveitados de descarte. E, de acordo com o acompanhamento dos resultados, além da redução de reprocessos, o ganho financeiro ultrapassou o valor do investimento.
Engajado desde o início do programa CMC na Seara, o monitor de produção Igor Fragata dos Santos, um dos integrantes da equipe campeã, destaca a importância da participação e do reconhecimento do trabalho do grupo.
“Nós sentimos que estamos fazendo parte de algo muito maior, que gera resultado para empresa e melhora o trabalho diário dos nossos colegas na unidade”.
Fizeram parte da equipe vitoriosa Igor, Mauri Stormowski, Daiara Cesar Fassini, José Rodrigues e Alberto Giongo, assessorados pelo padrinho Dirceu Bilha e pelo consultor Everton Vinícius dos Santos.
Igor ainda ressalta que a Seara oferece todo apoio necessário para a execução dos projetos que o programa abarca, com uma verba destinada para implementação e ferramentas de gestão, com direito a treinamento para que os colaboradores saibam extrair o melhor delas.
Antes desse, o vencedor foi um projeto de Itapiranga, cidade de Santa Catarina, que criou oportunidade de se aproveitar um pedaço da carne da perna de ave localizada no dorso, sendo que o equipamento anterior não tinha regulagem para chegar até ali. Assim, foi desenvolvida pela unidade uma peça que corrigiu a falha, gerando o aproveitamento necessário.
Vale destacar ainda o campeão anterior, de Dourados, no Mato Grosso do Sul, que resolveu a questão do acúmulo de gordura no tanque de beneficiamento de tripas por falta de inclinação adequada das calhas, o que gerava entupimento dos chuveiros das máquinas, provocando enrosco e perdas de tripas. Os resultados desse projeto se mostraram em diversos campos, como: o aumento no rendimento de tripas, economia de água e desentupimentos.
Muito além dos benefícios financeiros e da melhoria do trabalho, o CMC promove capacitação e gera estímulo: o colaborador sente os resultados em diversas esferas, com um olhar amplo sobre o processo de produção, atuações efetivas para aprimorar seu trabalho e participação no desenvolvimento do negócio e profissional.
“O programa abre nossa visão como profissionais, nos desenvolve, nos oferece ferramentas que não conhecíamos, abre portas para que possamos trilhar outros caminhos além da produção. Hoje, meu objetivo é ser supervisor, gerente, mudar a vida das pessoas que trabalham aqui”, diz Igor.
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