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Conheça os novos planos da Wayra, a aceleradora da Telefonica, que já acolheu 54 startups no país

Giovanna Riato - 4 abr 2016 Renato passou pela Wayra como empreendedor com a Ocapi e volta agora para ajudar outras startups com sua experiência
Renato passou pela Wayra como empreendedor com a Ocapi e volta, agora, para ajudar outras startups com sua experiência.
Giovanna Riato - 4 abr 2016
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São Paulo já não é o bastante para a Wayra, aceleradora da Telefonica que faz parte do programa global Open Future da companhia, voltado ao empreendedorismo. No Brasil desde 2012, a iniciativa pretende aumentar sua abrangência em 2016, com a presença em mais estados e regiões por meio de crowdworking para a pré-aceleração de startups. “Às vezes chegamos atrasados e encontramos iniciativas legais, mas que já passaram do ponto vir para a Wayra. Queremos achar as empresas na hora certa”, conta Renato Valente, 33, que acaba de assumir, no início deste ano, a posição de country manager da aceleradora no Brasil.

Os passos da aceleradora fora de São Paulo dão sequência à trajetória de alto impacto da iniciativa no País. Nos quatro anos de atuação, a Wayra já disponibilizou 6,4 milhões de reais para 54 startups brasileiras. Cada uma delas fica um ano no programa, que oferece mentorias e treinamentos em diversas áreas, como marketing digital e vendas, além de rodadas com investidores. “As empresas saem daqui muito mais maduras e robustas, prontas para buscar investimento”, diz Renato.

Ele aponta que os aportes feitos pela Wayra nas startups dão o primeiro, e vital, empurrão para que elas decolem. “Para cada real que aplicamos nas empresas que passam por aqui, o mercado investe outros 5 reais. Realmente conseguimos fazer a diferença e aumentar o interesse pelas startups”, diz. Em 2014 a receita combinada da aceleradora chegou a 8,5 milhões, montante que saltou para 40 milhões de reais no ano passado. A expectativa é seguir em expansão em 2016 mesmo com as dificuldades na economia local.

BRASIL É PROMISSOR. E NÃO DEIXOU DE SER ESTE ANO

Os bons resultados no Brasil são parte da estratégia global da Telefonica Open Future, iniciativa que terminou 2015 entre os principais investidores corporativos na Espanha. Com presença em 17 países, o programa já deu assistência a 600 startups e tem no Brasil um de seus grandes mercados, já que é no país que a empresa de telecomunicações tem sua maior operação global, ao lado da espanhola. Nos poucos anos de atuação por aqui, a Wayra já detectou algumas aptidões locais:

“Somos fortes em agrotechs, startups voltadas ao setor agrário, pelo simples motivo de que esta é uma das maiores áreas da nossa economia. Também há um movimento crescente de fintechs nacionais”

Renato conta que algumas empresas saem do programa de aceleração e fecham contratos com a Telefonica, um impulso e tanto para que despontem no mercado. Globalmente, a companhia é cliente de oito startups que vieram da Wayra, quatro delas no Brasil. Renato menciona o caso da Dujour, rede de moda que firmou parceria para oferecer o serviço Vivo Moda, e da Trocafone, que compra e revende celulares usados. A empresa deve fechar contrato para o serviço Vivo Troca.

Startups – Mais de 50 empresas já passaram pela aceleradora no Brasil e a meta é investir em outras 10 neste ano.

Startups: mais de 50 empresas já passaram pela aceleradora no Brasil e a meta é investir em outras 10 neste ano.

A seleção para entrar no programa acontece por três vias. A primeira é o processo seletivo da Startup Brasil. Outra possibilidade é chegar pela rede de contatos das pessoas envolvidas na aceleradora e, então, passar por uma banca que define se a empresa deve entrar ou não no programa. Há ainda a possibilidade de se inscrever no chamado global da empresa, via Wayra Espanha.

Renato tem a missão de calibrar melhor estes critérios e meios de seleção, garantindo que a iniciativa não deixe escapar startups promissoras. A ideia é alcançar polos empreendedores por todo o Brasil. O executivo cita regiões como Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte e Recife, que fomenta novas empresas de tecnologia em seu Porto Digital.

“Queremos acompanhar a inovação e estar do lado das pessoas e empresas que estão promovendo isso no Brasil. Por isso, é natural que exista um interesse de atrair startups que atuem em áreas que têm a ver com a Telefonica”, diz. Ele conta que a companhia foi a primeira empresa de telecomunicações a superar na área de dados as receitas obtidas com serviços de voz no Brasil, em 2015. “O posicionamento que buscamos é o de ser uma telecom digital. Para nós, dados já pesam mais do que voz.”

Para aumentar a abrangência no território nacional, a Wayra trabalha para viabilizar e promover seus crowdworkings. O primeiro deles será inaugurado na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí, em parceria com a Inatel e a Ericsson. A região, a cerca de 400 quilômetros de Belo Horizonte, é chamada de Vale da Eletrônica por abrigar mais de 150 empresas de tecnologia. Mais unidades de pré-aceleração estão em negociação, sempre em parceria com outras empresas.

“Vamos oferecer uma estrutura para estas startups. Estamos testando treinamentos por streaming, assim a empresa não precisa vir até São Paulo para assistir à palestra de um profissional interessante”

Renato não revela uma meta para a expansão desta iniciativa, mas conta que o plano é replicar o modelo do que foi feito na Espanha. O país, com território bem menor do que o brasileiro, conta com 22 crowdworkings. Para ele, 2016 é o ano de fechar parcerias para aumentar a presença das unidades em território nacional. A Wayra também pretende ampliar seu programa e conseguir receber 10 startups somente neste ano. “O nosso investimento médio é de 200 mil reais por empresa que passa no programa. Vamos ver como as coisas se desenvolvem”, diz.

DE EMPREENDEDOR A MENTOR

Não falta babagem para que Renato dê conta do desafio de tocar a Wayra no Brasil. Ele foi indicado ao cargo por Carlos Pessoa, que estava na posição até então e saiu para assumir a liderança da Coursera na América Latina. “Eu passei pela Wayra com a minha startup em 2013 e nos conhecemos. No início deste ano vendi o meu negócio e o Carlos perguntou se eu estava interessado”, conta Renato.

Ele é um dos fundadores e tocou por mais de seis anos a Ocapi, que reunia plataformas para otimizar campanhas publicitárias. Nascida em 2010, a startup acumulou carteira de clientes de peso, com empresas como Globo e Netshoes, e foi comprada pela Reamp, que também atua em publicidade digital. Ao longo de sua trajetória, Renato também foi investidor-anjo de outras startups e passou por grandes companhias, como IBM e TAM.

Ele é formado em Administração pela Faap, com pós-graduação em Gestão de Negócios pela ESPM e especialização pela Iese, escola de negócios da Universidade de Navarra, na Espanha. Hoje, equilibra as funções na Wayra com um MBA no Insper. Para Renato, a trajetória de empreendedor é ponto importante para a sua missão na aceleradora:

“No fundo os problemas dos empreendedores são muito semelhantes e, como já passei por isso, entendo as dificuldades e consigo ajudar”

Ele avalia que o ecossistema de startups no Brasil passa por consistente processo de amadurecimento. “Em 2010, com a minha empresa, fui buscar informação e a única coisa que encontrei foi um curso de Lean Startup na ESPM, com o Gil Giardelli. Era algo até inovador demais para a época e não teve muito público. E olha que faz pouco tempo”, conta.

Agora, no comando da Wayra, Renato pretende oferecer justamente a base que não teve quando começou a Ocapi. “Em um passado não muito distante, era eu no lugar deles. A minha experiência pode ajudar”, conclui.

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