É como montar um quebra-cabeça: descobrir qual é o seu tipo de cabelo e a partir daí buscar tratamentos que garantam a integridade do fio pede uma atenção que vai além da leitura de um rótulo de shampoo, condicionador ou creme hidratante em uma prateleira do mercado ou da farmácia.
O ponto de partida principal é descobrir qual é a curvatura do fio, característica que pode enquadrá-lo em um de quatro tipos diferentes: liso, ondulado, cacheado ou crespo. Analisando a estrutura capilar de maneira minuciosa, é possível perceber que os fios mais lisos possuem forma cilíndrica. Já os cabelos ondulados, cacheados e crespos possuem fios de forma progressivamente mais achatada e são retorcidos ao longo do seu comprimento. Quanto mais crespo é o fio, mais elíptico ele é, mais torções ele tem e maior será a sua excentricidade.
“Mas isso nem sempre está acessível para a consumidora final”, explica Joeni Wada, pesquisadora da Natura. “Embora façamos experimentos em laboratório para definir a excentricidade de cada tipo de cabelo, o jeito mais fácil de descobrir isso no dia a dia é através da análise sensorial e da autoidentificação”, diz. É aí que os rótulos podem ajudar: ao apresentar desenhos de formatos de fio e explicações claras, por exemplo, eles certificam a consumidora da escolha certa na hora da compra.
Cada fio, uma história
Também é importante levar em consideração que, dependendo da curvatura do fio, as características de um cabelo saudável nem sempre serão as mesmas. “É comum relacionarmos brilho com saúde, mas isso nem sempre é óbvio para cabelos crespos, por exemplo”, explica Adriana Fregonesi, gerente científica da Natura. “Devido à sua forma, o fio crespo não permite que os óleos naturais da raiz percorram o comprimento do cabelo até as pontas. Porém, isso não significa que ele esteja fraco ou danificado.”
Entre as brasileiras, o cabelo crespo é um dos que mais passa por procedimentos estéticos de alisamento, como alisamentos e escovas progressivas. O resultado é um cabelo mais brilhante, mas menos saudável. “O brilho, nesse caso, dá a impressão de um cabelo íntegro”, aponta Carla Scavanez, gerente científica da Natura. “Mas é um falso positivo, principalmente por associarmos a beleza do brilho a condição de cutículas seladas e a uma estrutura capilar fortalecida.”
Montando o quebra-cabeça
Em um mercado tão pulverizado como o de cabelos, com dezenas de shampoos, condicionadores, máscaras, ampolas, hidratantes e tratamentos de choque à disposição o tempo todo, há três elementos importantes para levar em consideração na hora de escolher e aplicar um produto:
A curvatura: é o formato do fio. Essa é classificação que o definirá como liso, ondulado, cacheado ou crespo.
O tipo de raiz/couro cabeludo: ele pode ser normal, seco, oleoso ou misto.
O estado do cabelo: é o que a autopercepção nota com mais clareza, principalmente a partir do toque e do olhar. O cabelo pode estar, por exemplo, ressecado, com caspas, com frizz, tingido ou sob a ação de uma escova progressiva.
A partir dessas classificações, é necessário elencar prioridades: o que é mais importante para o cabelo naquele momento? Do que ele mais precisa? Hidratação? Limpeza? Nutrição?
“No fim das contas, a palavra final sempre será da consumidora”, diz Carla. A gerente também explica que, embora haja produtos cada vez mais específicos, sempre haverá lacunas não preenchidas na busca: “Um cabelo seco, cacheado e com luzes não necessariamente terá um produto exclusivamente voltado para ele. É a partir daí que é preciso fazer uma escolha para tratar aquilo que parece mais urgente.”
Entre os erros mais comuns na hora de escolher um produto, consumidoras procuram tratamentos voltados para tipos de cabelo diferentes do seu, geralmente aliados à esperança de que eles irão potencializar uma ação diferenciada no fio.
“Há quem tenha cabelo liso e busque cremes específicos para cabelos cacheados torcendo para ganhar algum volume”, diz a Adriana. “Mas um fio liso não está preparado para receber um produto voltado para cabelos cacheados e dificilmente responderá bem a este uso indevido”.
Embora cada fio seja único, há uma regra universal para todos: um fio nutrido, com córtex fortalecido e cutículas preservadas, é aquele que permanece com as mesmas qualidades em toda a sua extensão. “Basta olhar para a região do fio mais próxima da raiz para se guiar: quanto mais próximas as qualidades do cabelo estiverem dela, mais saudável o fio de cabelo estará”, diz Adriana.
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Inovadora, a ação vai estimular a pesquisa de excelência e reconhecer os pesquisadores que estão abrindo os caminhos para o futuro em temas estratégicos do desenvolvimento tecnológico relacionados à Biodiversidade e à Sustentabilidade.