Em 2014, nas semifinais da Copa do Mundo em pleno Mineirão, em Belo Horizonte, a Alemanha fez o Brasil amargar um dos nossos eventos mais tristes da história do futebol. É difícil não lembrar do fatídico 7×1 que deixou a seleção verde e amarela longe do sonho do Hexa. A vitória de lavada dos alemães – e o ouro no campeonato – não foi sem razão. Além de um bom time, o país contou com estratégia baseada em dados para vencer.
A tecnologia adotada permitiu naquele momento que a seleção alemã organizasse na nuvem, em tempo real, dados da performance dos jogadores e compartilhasse com diversos departamentos por computador, tablet ou smartphone, possibilitando ajustes rápidos. Com a taça na mão, eles provaram: dados mudam o jogo.
Com a aproximação da Copa do Mundo 2022, nenhum time quer ficar para trás, e isso significa mudar a forma de trabalhar. Gabriel Marostegam, head of Data da CI&T, multinacional de soluções digitais que veste a camisa canarinho, explica sobre o cenário:
“Se antes analisar um jogador requeria observar bem quais eram seus movimentos para, assim, definir quais seriam suas melhores jogadas, hoje há profissionais especializados em análise de dados contratados pelos times”.
Ele participou, em novembro do ano passado, de um evento do Barça Innovation Hub e viu de perto como a captação e análise de dados fazem parte da estratégia de jogo dos times europeus. “No caso do Ajax [equipe dos Países Baixos], por exemplo, uma cientista de dados ia de jogador em jogador para apresentar essas informações e propor mudanças. Isso deixa o time com um forte sentimento de integração e pertencimento”, conta.
Não é só o esporte que reconhece o quanto os dados são fundamentais para decisões mais assertivas, mas também o mundo dos negócios, mesmo que as empresas ainda não estejam, em sua maioria, maduras nesse assunto.
Uma pesquisa realizada pela CI&T em 2021 mostrou que 60% das organizações brasileiras consideram os serviços de Data Analytics como extremamente importantes para os seus processos de transformação digital.
Para 53,3% dos executivos entrevistados, a análise de dados tem função estratégica para ajudar as corporações a competirem de forma mais eficiente com os produtos oferecidos, além de significar redução de custos e incremento de produtividade. Mas isso não significa que as organizações estão aproveitando os dados da melhor forma.
De acordo com o estudo global Data Paradox, encomendado pela Dell Technologies e publicado em 2021, 73% dos executivos do mercado brasileiro acreditam que dados são essenciais para o negócio, mas somente 28% tratam esses dados de forma adequada e conseguem transformá-los em insights relevantes. Marostegam comenta:
“As empresas continuam com seus dados estruturados de maneira separada das necessidades de consumo internas. Eles estão organizados, geralmente, de maneira distante das áreas de negócio que precisam consumi-los para gerar informação.”
O drama? As organizações estão coletando muitos dados com agilidade, mas não utilizando e analisando na mesma velocidade. “Há um gap de competência analítica. É preciso conectar a tecnologia (arquitetura, parte técnica) ao consumo”, diz o head.
“As pessoas tendem a achar que o cenário perfeito em dados é construído apenas com tecnologia de ponta. Mas ela, sozinha, não resolve o problema. É preciso que a empresa tenha maturidade na capability de dados”, reflete Marostegam.
Para ele, as empresas campeãs conseguem organizar os dados de forma com que as áreas de negócio consumam com autonomia, método e métrica:
“Uma empresa madura em dados consegue olhar para um problema de negócio, criar uma hipótese baseada no que um dado mostra e agir sobre ele. Ela pode não ter a melhor solução técnica, mas é capaz de fazer essa conexão de ponta a ponta. Tem método para gerar informações e métricas para avaliar os resultados de uma tomada de decisão.”
Isso quer dizer que decodificar presente e futuro – a análise preditiva que faz um time ou uma empresa saírem na frente – vem de uma integração entre inteligência artificial, conhecimentos estatísticos, matemática e machine learning, mas nunca separada do fator humano para direcioná-la.
“Vale ressaltar ainda que os dados têm prazo de validade. Se eu coleto, interpreto e não ajo no momento certo, desperdiço seu valor. É como um time de futebol que coleta dados da última derrota mas não usa os insights para melhorar sua estratégia de jogo”.
Agindo no momento certo com os dados adequados, há ganhos operacionais, potencial aumento de receita ou redução de custos. “Já tivemos um cliente para o qual conseguimos uma redução de 30% nos custos com atendimento e call center porque usamos os dados para entender o lado de quem estava na outra ponta e demos recursos para que essas pessoas pudessem resolver problemas sem depender do atendimento humano”, exemplifica.
Tudo isso faz parte da cultura de dados, ou Data Driven, o nível máximo de amadurecimento de uma empresa, na qual suas decisões são embasadas por informações derivadas da análise de dados. E esse é um desejo sólido por parte das organizações – tanto que 50% d0s entrevistados da pesquisa CI&T entendem o amadurecimento dessa cultura como grande motivador no processo de contratação de um provedor de serviços relacionados a Data Analytics.
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