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De olho na recuperação do mercado e aumento das exportações, fábrica Jeep passa a produzir 24h

Mariama Correia - 11 abr 2018
Sergio Marchionne, CEO da FCA, durante evento no Polo Automotivo Jeep: “O Brasil precisa reconhecer a importância das exportações e fazer disso um projeto.”
Mariama Correia - 11 abr 2018
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Uma nova etapa na história da fábrica da Jeep em Goiana, Pernambuco, acaba de ser inaugurada. A planta mais moderna do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) no mundo começou a operar 24 horas, a partir do acréscimo de um terceiro turno de trabalho. Com isso, a produção, que tem menos de três anos de operação, entra em um estágio mais avançado, o qual permitirá um aumento na fabricação de veículos. No ano passado, já foram produzidas 179 mil unidades e, este ano, as linhas poderão se aproximar da capacidade instalada de 250 mil veículos por ano, a depender da demanda. A extensão do horário também significa a criação de novas oportunidades. Apenas para a fase inicial do período noturno foram abertos 1,5 mil novos postos de trabalho, entre vagas diretas e o parque de fornecedores, elevando assim o efetivo do polo para 13.600 empregados .

“Trata-se de um passo importante porque permite a continuidade do compromisso e da visão com os quais este projeto nasceu e que são elementos essenciais para continuar a desenvolvê-lo”, frisou o CEO da FCA, Sergio Marchionne, sobre o terceiro turno, anunciado aos funcionários e a autoridades, incluindo o presidente Michel Temer, em evento no dia 23 de março, dentro das instalações da Jeep. Marchionne fez questão de destacar que a extensão do horário vem na esteira dos primeiros sinais de recuperação da economia brasileira e de reforçar ainda a continuidade do projeto da Jeep em Pernambuco. “Viemos para ficar. Investimos mais de R$ 11 bilhões nesta operação. Nosso compromisso com o Brasil é sério e real”, disse, durante a coletiva de imprensa.

No evento, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, lembrou a importância do Polo Automotivo para o estado, revelada no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que subiu 2% em 2017, puxado pelo impacto do setor automotivo na indústria, cuja expansão foi de quase 50% no período. Câmara lembrou que a FCA também trouxe inovação a Pernambuco, com a instalação de um centro de pesquisa que exporta tecnologia para todo mundo e fez um apelo pela manutenção dos incentivos fiscais à indústria automotiva no Nordeste. “A fábrica da Jeep é uma referência global na indústria automobilística, fazendo produtos de qualidade”, disse.

O presidente Temer visitou a linha de produção acompanhado pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, da Educação, Mendonça Filho, de Minas e Energia, Fernando Filho, de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, além do governador Paulo Câmara e senadores, deputados e outras autoridades:

“Vi uma inovação tecnológica extraordinária na fábrica e recebi depoimentos entusiasmados de vários funcionários”, comentou o presidente.

O clima de otimismo entre os trabalhadores, ao qual Temer se referiu, tem relação com a criação de novas oportunidades a partir da extensão de horário. Além de contratações, muitos funcionários que já eram da casa foram aproveitados para formar a equipe de gestores do terceiro turno. Eles foram amplamente capacitados para assumir as funções.

A valorização de talentos pode ser vista em casos como o de Diego Penaforte, 27 anos, nascido em Goiana e promovido a supervisor da montagem. “O próximo passo é continuar a me desenvolver mais, conseguir comprar minha casa e casar no ano que vem”, vislumbra animado, o jovem gestor.

 

Marchionne e Stefan Ketter entregaram pessoalmente as cartas de promoção a funcionários do Polo Automotivo Jeep.

A boa notícia é que, além dessas vagas, outras devem continuar sendo criadas ao longo do ano, a depender da demanda do mercado. Elas serão distribuídas tanto para gestão quanto para cargos de base. “Esta é uma fábrica que dá vida a tantas pessoas que encontraram oportunidades profissionais aqui”, frisou Stefan Ketter, vice-presidente mundial de Manufatura da FCA, responsável pelo projeto e construção do polo. Ketter relembrou o começo da operação da Jeep em Pernambuco, cuja planta foi erguida em meio a um canavial. “Nós acreditamos neste projeto, hoje responsável pela produção de três carros de sucesso, os Jeep Renegade e Compass e o Fiat Toro”, pontuou. Ele destacou ainda a importância da participação dos nordestinos no fábrica, o quais representam 90% da mão de obra, sendo 85% de pernambucanos.

Entre tantos anúncios e presenças importantes, o evento ainda marcou o anúncio da sucessão de Ketter na presidência da FCA Latam por Antonio Filosa, diretor geral da FCA na Argentina.

“Temos um futuro brilhante pela frente. Nossos esforços serão no sentido da integração e da motivação dos times de trabalho”, afirmou o novo presidente da FCA Latam.

Engenheiro, Antonio Filosa tem 44 anos, e nasceu na região de Nápoles, Itália. Ele se formou pelo conceituado Instituto Politécnico de Milão e complementou a formação em gestão na Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais. Ingressou no Grupo Fiat, atual FCA, em 1999, e desde então acumula extensa experiência internacional, com atuação nas áreas de Manufatura, Compras e Supply Chain, Novos Produtos, Marketing e Gestão de Projetos. Já ocupou cargos na Espanha, Estados Unidos, Itália, Argentina e Brasil. Chegou à planta da Fiat em Betim (MG) em 2006, onde exerceu os cargos de gerente de Logística Interna, de Planejamento Estratégico e de Compras, além de diretor-adjunto de Manufatura. Foi diretor de Compras para a América Latina e diretor-geral da FCA Argentina. Stefan Ketter retorna à Europa e continua na função de Chief Manufacturing Officer da FCA e membro do GEC, a máxima instância executiva do grupo.

Durante o evento em Pernambuco, o italiano Antonio Filosa foi anunciado como o novo presidente da FCA Latam.

A abertura do terceiro turno de produção deve reforçar ainda mais a já forte característica exportadora da fábrica Jeep de Goiana. O sucesso das vendas dos modelos produzidos em Pernambuco já está consolidado no mercado interno. As vendas da Jeep no Brasil somaram 88,2 mil unidades no ano passado, um crescimento de 49,3% em relação ao ano anterior

Esse protagonismo da fábrica também se traduz nas exportações para mercados da América Latina. No ano passado, cerca de 35 mil carros produzidos no Polo foram exportados para mercados como Argentina, México, Caribe, Peru, Colômbia e Costa Rica. O volume puxou a balança comercial de Pernambuco, na qual as exportações cresceram 38,4% em 2017 em relação ao ano anterior. O Porto de Suape, por onde as cargas são enviadas, também bateu recordes na movimentação de veículos.

“O Brasil precisa olhar para oportunidades lá fora. Precisamos reconhecer a importância das exportações e fazer disso um projeto. A FCA tem instrumentos e condições de competitividade em mercados globais”, frisou Sergio Marchionne, enfatizando o papel do governo brasileiro com medidas como isenção de impostos no campo de exportações, para possibilitar o melhor aproveitamento dessas oportunidades.

Marchionne disse ainda que novas oportunidades estão se abrindo nos mercados da América Latina, com espaços deixados pelas tensões em escala global, como potenciais disputas entre Estados Unidos e nações como o México. “O Brasil tem condições de ocupar esses espaços. Isso precisa acontecer agora”, considerou. Ele frisou a importância do México como um mercado consumidor prioritário, por seu potencial. Disse ainda que pretende cumprir o plano de crescimento da FCA, traçado até 2018. Em junho deste ano, um novo plano com metas até 2022 será apresentado.

 

Esta matéria pode ser encontrada no Mundo FCA, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.

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