O carioca Bruno Wainer, 63, conta que resolveu parar de estudar aos 17, para seguir a tradição de sua “família não acadêmica”.
Filho caçula dos jornalistas Samuel Wainer (1910-1980) e Danuza Leão (1933-2022), e sobrinho da cantora Nara Leão (1942-1989), ele começou a trilhar cedo sua carreira no cinema — primeiro, trabalhando no set de filmagem de Bye bye Brasil, de Cacá Diegues (seu tio, casado com Nara), e depois junto a outros grandes cineastas brasileiros.
Aos 30, Bruno virou sócio numa distribuidora de filmes. Mas foi a partir de 2006, ao abrir sua própria empresa, a Downtown, que ele lançou alguns dos maiores campeões de bilheteria do país, como De pernas pro ar e a trilogia Minha mãe é uma peça.
Em 2020, em paralelo à pandemia, uma grave crise de saúde mental obrigou Bruno a pisar no freio e rever suas prioridades. A terapia incluía doses de cinema – não os sucessos de público a que estava acostumado, mas filmes inspiradores, mais reflexivos. Foi assim que surgiu a ideia para a criação de Aquarius, a plataforma de streaming com foco em saúde, bem-estar, meditação e sustentabilidade que Bruno lançou (com dez sócios) em junho de 2023.
Entre os mais de 120 títulos no catálogo de Aquarius estão obras como o documentário Legacy, de Yann Arthus-Bertrand, em que o francês compartilha sua visão sensível de um planeta em sofrimento; e O Reino: como os fungos fizeram o nosso mundo, sobre os mais antigos organismos vivos do planeta Terra.
Bruno não divulga o valor investido nem o número de assinantes (pelo site, a assinatura custa R$ 22,90). O alcance da plataforma, porém, explodiu recentemente com a incorporação de Aquarius à oferta de canais da Amazon Prime Video, cujo número de assinantes no mundo ultrapassa os 200 milhões.
Seguindo o caminho de outros streamings, Aquarius prepara a sua primeira produção original. Previsto para 2025, o filme baseado no livro Sonho manifesto, do neurocientista Sidarta Ribeiro, está sendo dirigido por Luiz Felipe Reis, curador da plataforma, e Gabriel Wainer, filho de Bruno e COO da plataforma.
A seguir, em entrevista ao Draft, Bruno Wainer fala sobre sua trajetória, os desafios da indústria de cinema, e conta como a criação de Aquarius transformou sua vida:
Você lembra dos primeiros filmes que você viu na vida?
Foram os filmes do Chaplin. Eu era pequenininho, foi meu pai que me apresentou aos filmes. Eu assistia junto com ele e a gente se emocionava.
Meu pai era todo emotivo. Ele chorava nos filmes do Chaplin e eu chorava junto com ele.
E quando é que você decidiu que iria seguir carreira nessa indústria? Qual foi o momento dessa escolha?
Na verdade, eu não escolhi, né?, eu fui escolhido. Eu morava na Europa adolescente, nos anos 1970, e aí aos 17 anos, resolvi parar os estudos, seguindo a tradição da família, de ser uma família não acadêmica.
Meu pai, minha mãe, minha tia Nara [a cantora Nara Leão], ninguém tinha feito faculdade na vida e eu tinha resolvido parar os meus estudos e fazer uma viagem com os meus amigos.
Em 1977, a gente ia fazer Afeganistão, Caxemira, descer ali pela Índia e tal – e aí, duas semanas antes de eu embarcar, a União Soviética invadiu o Afeganistão. Aquela situação mudou a trajetória da minha vida: eu devo a minha carreira à União Soviética (risos)
Na verdade, eu fiquei ali sem rumo e aí meus pais acabaram me perguntando se eu não estaria interessado em participar da aventura de acompanhar um filme sendo feito.
Meu tio, Cacá Diegues, casado com a Nara, minha tia, estava começando a produção de um filme clássico do cinema brasileiro, Bye Bye Brasil.
Eu achei a troca interessante: eu estava trocando aquela viagem lá pelo Oriente por uma viagem ao coração do Brasil. Aquilo ali me agarrou
Nunca fiz outra coisa na minha vida que não fosse cinema.
E a partir daí então você trabalhou com grandes mestres do cinema brasileiro, certo? Não só o Cacá Diegues, mas Arnaldo Jabor, Ruy Guerra, Walter Lima Jr…
Exatamente, eu tive essa sorte. O Bye bye Brasil foi uma universidade completa de cinema para mim.
Comecei desde antes da preparação, viajei com Cacá Diegues e o roteirista Leopoldo Serran para fechar as locações e fui até a cópia 1 do filme. Acabou o filme e eu falei: “Cacá, e agora?”. Ele disse: “Eu vou te arrumar mais um lugar num filme e depois você segue”.
Ele falou com [Arnaldo] Jabor, que estava começando o “Eu te amo”, um filme oposto ao “Bye, bye Brasil” – se passava dentro de um apartamento, Sônia Braga no auge!
O Walter Clark era o produtor. A gente filmava durante o dia, num apartamento na Lagoa – um apartamento do [cantor] Cat Stevens – e depois ia assistir aos copiões na sala de projeção do Walter, que morava na cobertura.
Aí eu embalei [na carreira], né? E tive a sorte de trabalhar com essa geração tão marcante no cinema brasileiro, que depois fundou a Embrafilme e foi correr atrás de conquistar mercado e público.
A Downtown, distribuidora que você fundou, tem vários títulos de sucesso no cinema brasileiro, como De pernas pro ar, Minha mãe é uma peça, Chico Xavier, entre outros. Em que essa experiência te ajudou a reconhecer o sucesso num determinado título desde quando o filme ainda está no papel?
O cinema brasileiro é formado por várias tribos: tem a tribo do cinema underground, do cinema B, naquela época tinha também a tribo da pornochanchada que era muito forte…
Eu acabei caindo na tribo da “seleção brasileira”, que eram autores, intelectuais, pensadores do cinema brasileiro, além de obviamente grandes artistas.
Todos eram pessoas que pensavam no mercado, faziam filmes pensando em combater Hollywood. Acho que acabei absorvendo isso na pele. Porque cinema você precisa estar com isso na tua epiderme, na tua circulação sanguínea
Eu não sabia que eu tinha isso. Só fui descobrir quando tive que exercer mais lá na frente.
O último grande filme que trabalhei como diretor de produção foi com o Hector Babenco, uma grande produção internacional chamada Brincando nos campos do Senhor, que foi uma epopeia na Amazônia.
Quando acabou, estava me sentindo finalmente preparado para ser um grande diretor de produção. Mas aí acabou a Embrafilme! Então um amigo me chamou para montar uma distribuidora no Brasil, a Lumière. Aí descobri a minha verdadeira vocação.
Quase duas décadas depois de ter lançado a Downtown, em 2006, você resolveu lançar essa plataforma, Aquarius. Queria que você falasse um pouco sobre esse projeto que foi lançado após uma crise de saúde mental durante a pandemia e como isso te motivou a criar essa plataforma.
Vou voltar um pouco atrás para você entender: a Lumière foi realmente a grande escola que eu tive no setor da distribuição.
É importante que as pessoas saibam que o cinema é uma área muito ampla. Se você gosta de atores, você vira diretor; se gosta de planejamento, vai trabalhar na produção; se não gosta muito de lidar com gente, é mais tímido, você vai ser editor; e se gosta de negócios, vai trabalhar na distribuição.
O cinema, o audiovisual, é uma atividade de alta competitividade, um mercado enorme – disputado, avidamente, aqui no Brasil, pelas grandes corporações. Hollywood quer o nosso mercado.
É uma atividade que envolve bilhões, e muitas vezes, aqui, a atividade de cinema era conduzida muito como se fosse só mais uma atividade de expressão artística – e não é, é uma indústria
Eu aprendi isso na Lumière porque é uma distribuidora que começou pequena, mas depois a gente conseguiu um acordo com uma grande distribuidora internacional, a Miramax, que durante os anos 1990 foi a mais importante distribuidora independente do mundo. Conseguimos lançar filmes que fizeram grande sucesso, como Central do Brasil e Cidade de Deus.
E aí fui notando que aquilo que eu tinha no meu sangue lá trás, quando me formava no cinema, eu estava exercendo agora na posição de distribuidor, com essa sensibilidade que conheci quando trabalhava com os grandes mestres.
Eu consegui reencontrar isso na hora de escolher os projetos para distribuir e para produzir, enquanto distribuidor.
E aí em 2006…
Em 2006 eu montei a Downtown no mesmo formato que a Lumière, de comprar filme estrangeiro e estar ali ligado nas oportunidades com o cinema brasileiro. Mas no final do primeiro ano da Downtown eu estava praticamente quebrado.
Depois do apogeu dos anos 1990, houve uma crise e a decadência do cinema independente e aí eu tive esse insight que foi o seguinte: “Vou transformar a Downtown numa distribuidora dedicada a 100% ao cinema brasileiro”.
E aí as coisas começaram a dar certo até que teve um filme que marcou a minha virada, que foi “De pernas pro ar”, que meu amigo Roberto Santucci me ofereceu. O filme foi uma explosão
A partir daí também reabriu esse filão, da comédia brasileira, estrelada por comediantes como Ingrid Guimarães, Leandro Hassum e obviamente, no fim de todos, Paulo Gustavo (1978-2021), que foi o maior de todos os fenômenos.
Em dezembro de 2019 eu estava lançando o terceiro filme da franquia Minha mãe é uma peça, que foi o filme de maior bilheteria da história do cinema brasileiro.
Eu estava surfando na onda, entramos por 2020 e a exploração do filme se prolongou por todo o verão… Quando acabou, explodiu a Covid. E aí foi aquele choque, né? Na vida de todo mundo, todo mundo em casa, trancado…
Aquela situação ali me causou uma reação que eu não esperava: uma reação de pânico. Tive um medo imenso de morrer. E eu entrei numa — não vou chamar de depressão, mas, digamos, numa angústia muito profunda… Fiquei tão mal que tive que procurar ajuda
Minha mulher me indicou um psiquiatra e com as questões que eu estava trazendo, ele me sugeriu que, ao invés de ficar só no remédio, eu deveria fazer uma terapia com meditação.
Eu já tinha meditado há 20 anos atrás, mas nunca levei a sério. Comecei então a fazer a minha terapia com meditação e aquilo me fez um bem enorme e comecei a sair daquele buraco em que eu me encontrava.
No processo da terapia, a minha terapeuta me indicava filmes. Alguns me impactaram imensamente, até que comecei a me perguntar “onde é que eu encontro esses filmes?”. Porque era sempre um link meio clandestino, sem legenda, uma qualidade meio duvidosa e tal.
Quando você medita, você precisa compartilhar os benefícios da meditação com o mundo. Minha maneira de compartilhar foi organizar e disponibilizar esses filmes para as pessoas poderem se inspirar.
Acho importante dizer que o meu processo de terapia me mostrou que eu não entrei nesse estado de angústia profunda por causa da pandemia. A pandemia foi só o gatilho
Parecia que estava tudo bem, os filmes bombando, mas na verdade eu nem me dava conta de quão estressante estava a minha vida, de quão tenso eu era, de quão não presente eu estava…
Queria que você falasse um pouco do contexto da indústria do streaming. Quais foram as dificuldades de se lançar nessa área, de lançar uma plataforma como a Aquarius e a parceria com a Prime Video?
Resolvi montar a plataforma no entusiasmo, como qualquer empreendedor: tem que fazer, né?
Se você for ficar calculando os riscos e tudo, você não vai fazer nada, porque nada te leva a crer que você vai conseguir vencer
Meu primeiro desafio foi saber se existia um fornecimento de filmes suficiente para abastecer uma plataforma de streaming. Aí, descobri um tesouro: na verdade, existem milhares de filmes que tratam desse escopo.
Esse escopo acabou crescendo porque eu chamei meu filho para trabalhar comigo e ele sendo mais jovem, me atualizou.
No início, eu estava muito motivado pelo tema da ioga, da meditação e do budismo, mas quando ele veio, falou dos temas de sustentabilidade e de ativismo, das questões sociais, do questionamento dos modelos econômicos — e tudo isso faz parte da proposta do Aquarius.
Não adianta meditar e praticar o budismo dentro da sua bolha, se o mundo em volta de você está ruim. Você tem que fazer bem a você, porque se você fizer bem a você, vai fazer bem ao mundo
Com essa temática [mais ampla], a questão do fornecimento estava resolvida. E aí havia outro pilar fundamental, o da tecnologia. E eu me deparei com um obstáculo enorme.
Fui entendendo ao longo desse processo sobre coisas que eu não tinha me dado conta. Netflix é uma empresa de tecnologia antes de ser uma empresa de conteúdo. Prime Video, Amazon, é uma empresa de tecnologia. Porque esse mundo é um mundo novo.
Se por um lado o streaming permite a qualquer um montar o seu canal, por outro, a tecnologia é um desafio imenso.
Não é só a tecnologia de ver o filme, acessar, rodando bem na tua televisão, mas também o hub de pagamento – é tudo uma complicação que eu não tinha a dimensão de quão complexo era…
Mas por uma questão, acho, de estar no momento certo na hora certa, existe esse movimento das grandes plataformas de suprirem essas questões de tecnologia. E a Prime Video é um imenso marketplace, onde várias plataformas importantes estão abrigadas.
Netflix e Amazon Prime Video já têm conteúdos originais, produzidos no Brasil. Você também pensa em produzir conteúdos próprios?
A gente já tem alguns projetos que estão em produção e desenvolvimento. E conseguimos aí desenvolver essa parceria entre a Downtown e Aquarius.
A Downtown consegue recursos para financiar e distribuir certos projetos que serão exibidos na Aquarius. Fora o que está disponível no mercado.
O Brasil produz muito conteúdo sem destino, é assim a política do audiovisual. Essa Lei Paulo Gustavo, por exemplo, disponibilizou milhões, bilhões de reais para filmes e projetos que ninguém sabe para onde vão, quem vai fazer e tal…
Mas no meio disso existem projetos que casam muito bem com [a proposta da plataforma] Aquarius. Então a gente licencia esses projetos – que, se não são originais, são exclusivos.
Você acredita que o futuro do streaming é nichar cada vez mais a oferta, com canais de filmes autorais ou só de documentários, por exemplo?
Essas modelos vão conviver. Você tem a briga das super plataformas disputando milhões de assinantes e ao mesmo tempo eles vão conviver com as pequenas plataformas, mais nichadas.
Nos Estados Unidos isso já está disseminado. E essa é a proposta de Aquarius. Eu não estou aqui para disputar com Netflix.
O grande dilema dessa história é o seguinte: eu crio uma plataforma com a proposta de que as pessoas possam refletir sobre como estão levando suas vidas – e daqui a pouco vira um business de novo. E lá vou eu, caramba, sendo chupado pelo buraco do sistema…
Então volta e meia vejo um filme na Aquarius e mando para a equipe. Pergunto se todo mundo assistiu, só pra gente lembrar o que a gente está fazendo aqui.
Após o fechamento permanente de mais de 300 salas de cinema durante e após a pandemia, as salas voltaram a ter público, mas não como antes. A oferta crescente de plataformas de streaming está impactando na bilheteria do cinema?
A sala de cinema tem muita concorrência não só com as plataformas de streaming. Esporte é uma concorrência muito forte, show…
Mas o filme visto em uma sala de cinema está para o audiovisual assim como um show para a indústria da música. É insubstituível essa experiência coletiva.
O que acontece é que os filmes que “merecem” estar na sala de cinema são filmes que precisam ser um pouco “filmes evento”. A gente precisa chamar atenção de um jeito que o público diga: “eu preciso ver esse filme agora, esta semana, numa sala de cinema”…
Vários gêneros que a gente assistia antigamente – por exemplo, filme de tribunal – não tem mais. Agora os filmes de grande apelo estão aí, bombando.
Eu mesmo acabei de lançar “Os farofeiros 2” e o filme ultrapassou a marca de 1 milhão e meio de ingressos – e espero que chegue a 2 milhões de ingressos. Isso prova que tem público para ocupar as salas de cinema se você tiver o filme certo
Esse mundo está em transformação, mas não vai acabar, inclusive porque a indústria não pode abrir mão dessa receita. Na hora que Os farofeiros 2 vende 2 milhões de ingressos, ele fatura 40 milhões de reais.
Qual a plataforma de streaming que vai pagar isso? Nunca. Cinema é a bolsa de valores, plataforma de streaming é renda fixa.
Na lista das maiores bilheterias do cinema nacional, os filmes de comédia se destacam. Ver um filme de comédia pode ser uma maneira de trazer leveza e felicidade ao cotidiano por vezes tão difícil de lidar?
Claro que sim, mas acima disso, entendi que o público vai assistir a filme gringo para se alienar, para viver outro mundo, outra realidade. Mas ele vai assistir a filme brasileiro para se identificar.
Quando ele está bem consigo mesmo, quando o país vai bem, o cinema brasileiro vai bem. Quando o brasileiro está em crise, ele não quer se ver no cinema, ele não vai pagar pra sofrer
Por isso, não é exatamente só a comédia, porque quando o cinema brasileiro vai bem, o cara gosta de ver comédia, mas gosta também de ver filmes de ação, biografia, um filme temático, espiritual, juvenil… Os filmes do Mauricio de Sousa fazem um super sucesso.
Na Aquarius eu faço questão de ter uma curadoria super caprichada. Os filmes não têm que trazer só informação, questionamento; também têm que ser filmes de prazer audiovisual. Você precisa ver e curtir.
Passados quatro anos da chegada da pandemia ao Brasil, a saúde mental permanece uma questão. Como está a sua saúde mental, hoje? Você continua meditando? E como vê o impacto do seu projeto para a evolução do debate em torno desse tema?
Vejo a saúde mental como uma questão na pauta de todo mundo e das grandes empresas. As pessoas querem viver o aqui e agora também porque tem esse pressentimento, consciente ou inconsciente, de que a gente não sabe quanto tempo este planetinha vai durar…
Então, não adianta ficar me matando dez anos, se daqui a dez anos esse mundo vai explodir… Eu preciso aproveitar minha vida agora e curtir – e até ajudar a ver se esse planeta não explode…
Quando você fica mais consciente, você faz aquilo que pode. Pode ser apenas dar bom dia ao porteiro de manhã. Um ato que vai ajudar o mundo a ficar melhor, porque se você der um bom dia com um sorriso, talvez no próximo encontro o porteiro poderá retribuir com um sorriso…
Quanto a mim, eu medito uma vez por dia, pelo menos, por 20 minutos, religiosamente, faço exercícios de respiração – e tento também ser uma pessoa melhor
Hoje me sinto muito menos nervoso, minhas explosões são raras. Acho que sou muito mais compreensivo com as limitações de quem está em volta de mim, porque também sou mais compreensivo com as minhas próprias limitações. Essa é a verdade.
Lívia Müller tinha estabilidade financeira, mas faltava felicidade em sua vida. Ela pediu a separação e se encontrou no empreendedorismo, produzindo as peças e amuletos da Freya Joias, que celebram divindades femininas.
Como erguer um “espaço transcultural” numa das menores capitais do país? E sem nenhum aporte público? Josué Mattos insistiu nesse sonho e hoje dirige o Centro Cultural Veras, em Florianópolis, criado e mantido por uma associação de artistas.
O Brasil é um país de leitores? Tainã Bispo acredita que sim. Ela migrou de carreira, criou duas editoras independentes (a Claraboia, que só publica mulheres, e a Paraquedas), um selo editorial e um serviço de apoio a escritores iniciantes.