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Dos pães integrais à corrida de rua: como o Grupo Bimbo promove saúde entre consumidores

Flávia Ribeiro - 14 nov 2017
Bruna Tedesco, diretora de marketing, pesquisa e desenvolvimento e inovação da Bimbo no Brasil
Flávia Ribeiro - 14 nov 2017
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O mercado de um dos alimentos mais antigos da humanidade passa por uma transformação. Segundo a consultoria Euromonitor International, o setor de panificados aumentou 8,7% em valor no ano passado em relação a 2015, mas os avanços mais significativos aconteceram nas categorias de pães integrais e com cereais, com 16% de crescimento no ano, e de pães sem glúten, com 19%. Uma expansão que responde às demandas de um público cada vez mais consciente, incluindo pais e mães que criam os filhos com uma alimentação diferente daquela a que eles mesmos se acostumaram na infância. Mais fibras, menos aditivos, assim exigem os consumidores.

A mudança é ancorada por pesquisas que destacam o impacto positivo de grãos integrais para a saúde humana. Na base da pirâmide alimentar montada pela Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, encontram-se os alimentos integrais, que deveriam ser consumidos em todas as refeições. “A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de 20 a 35 gramas de fibras por dia para reduzir o risco de ocorrência de doenças crônicas associadas à dieta”, diz a nutricionista Maria Lucia Lopes, do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A indústria de alimentos, claro, evolui em paralelo para acompanhar os novos parâmetros de saudabilidade mapeados pela ciência. É o caso do Grupo Bimbo, a maior empresa de panificação do planeta. Fundada em 1945 como uma pequena fábrica de pão de forma, torradas e pão preto, a companhia hoje comercializa 8 mil produtos para varejo e foodservice em 24 países. Nos últimos anos, vem intensificando o desenvolvimento de pães que combinam atributos de saúde e sabor a partir de ingredientes como farinha integral, grãos, sementes, frutas e castanhas.

O foco em pães integrais rendeu ao grupo, em 2011, a conquista do prêmio Whole Grains Council Global Award,  uma das principais chancelas ligadas ao assunto, conferido em reconhecimento ao trabalho de promoção do conceito de pães integrais na América Latina. “Para nós é um grande orgulho poder dizer que todos os nossos produtos integrais levam o selo do WGC. Ou seja, são integrais de verdade”, diz Bruna Tedesco, diretora nacional de marketing, pesquisa e desenvolvimento e inovação da Bimbo no Brasil.

Líder do mercado nacional de pães industrializados, com 33% de participação na categoria de pães de forma, a Bimbo desembarcou no país em 2001, ao adquirir as marcas Pullman e Plus Vita. Em 2008, fortaleceu-se com a compra da Nutrella. Naquele ano, inaugurou seu Instituto de Inovação às margens da Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. No local trabalha um time de 15 profissionais de pesquisa e desenvolvimento. São engenheiros de alimentos, químicos e engenheiros químicos encarregados da criação de novos produtos. Isso inclui o portfólio de pães que levam de 51% a 100% de farinha integral.

“O Instituto possui uma postura de vanguarda no desenvolvimento de produtos alinhados com as tendências de consumo”, diz Bruna. “Para tanto, em parceria com os melhores fornecedores de ingredientes do mercado, desenvolve constantemente as inovações que serão realidade no médio e longo prazos”.

A Divisão Institucional do grupo atende mais de mil clientes do foodservice, de fast foods (como McDonald’s, Bob’s e Burger King) a restaurantes, cozinhas industriais, caterings, vending machines, hotéis e hospitais. Bruna crê que ainda existe bastante potencial para os produtos integrais no setor. “O maior número de clientes está concentrado no segmento de pães de lanche, ou seja, hambúrguer e cachorro quente. Há espaço para crescer o tema de saudabilidade, de acordo com as movimentações atuais do mercado.”

Regulamentação

A atuação da companhia em prol da saudabilidade abrange várias frentes. No Canadá, por exemplo, a Bimbo é uma das fundadoras e mantenedoras do Healthy Grains Institute, entidade que compila e disponibiliza informações científicas sobre os benefícios do consumo de grãos integrais. No Brasil, o grupo se engajou no Movimento Nacional pela Saúde e Bem-Estar, iniciativa coordenada pelo Ministério da Saúde que reúne outras 11 empresas, como Ambev, Coca-Cola Brasil, McDonald’s, Nestlé e Unilever. O objetivo é concentrar esforços para elevar o perfil nutricional de alimentos e bebidas e a qualidade de vida dos consumidores, em torno de três pilares: negócios, comunidade e comunicação.

“Para a questão de comunidade, fazemos ações de incentivo à prática de um estilo de vida saudável. Um exemplo recente é a Global Energy Race, uma corrida de rua que o Grupo Bimbo promove anualmente”, diz Bruna, destacando que o Guinness World Records (o livro dos recordes) reconheceu a prova como a corrida realizada simultaneamente em mais cidades no mundo. “Esse ano foram 36 cidades em 21 países, com quase 100 mil corredores.”

A corrida agora é para regulamentar o mercado de alimentos integrais, decisão tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em meados de 2016, depois que uma pesquisa do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) constatou que, de 14 biscoitos supostamente integrais disponíveis no mercado brasileiro, só três apresentavam farinha ou cereal integral como matéria-prima predominante. Em abril de 2017, a Bimbo foi uma das únicas três empresas fabricantes de alimentos integrais convidadas a participar do workshop “Alimentos à Base de Cereais Integrais”, em Brasília. O evento, promovido por associações do setor, teve apoio da Anvisa.

“Devemos avançar nas discussões a respeito da regulamentação da legislação para que o consumidor tenha garantias da qualidade dos produtos que compra”, diz Bruna. “Independentemente de legislações, o Grupo Bimbo já tem um regulamento interno bastante restrito que se adianta a temas regulatórios e que garante que um produto, para ser nomeado como integral, tenha sua composição respeitando esse conceito, realmente feito com farinha integral.”

Há muitas formas de se consumir grãos integrais, mas sua presença cada vez maior nos pães é fundamental pela relevância deste alimento no dia a dia. “A substituição de farinhas brancas por farinhas integrais na elaboração de preparações como pães, bolos e massas contribui para que o indivíduo aumente o consumo de fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos”, diz  Maria Lucia Lopes, da UFRJ. “Essa alteração, associada à redução do consumo de alimentos de alta densidade energética, ricos em açúcares e sal, é importante para a melhoria da qualidade da alimentação e para a saúde.”

Surgido há 12 mil anos na região da Mesopotâmia, o pão terá lugar garantido na mesa do consumidor por muitos anos – agora adaptado às necessidades e exigências de seu tempo.

Esta matéria pode ser encontrada no Foodbiz, um portal de notícias do setor de foodservice ligadas a inovação, negócios, sustentabilidade e saudabilidade.

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