Draft Eleições 2014 | Por que vou votar na Dilma | Paulo Nogueira

Paulo Nogueira - 24 out 2014Paulo Al Assal em família. Caroline, a Cacá, 13, Gabriele, a Bibi, 10, e Christine (sua namorada há 28 anos)
Paulo Al-Assal em assão, ops, ação, na Academia Draft: “Como fazer um projeto de branding sem ouvir o responsável pelo SAC – que é quem mais entende dos problemas da marca? Como criar uma campanha sem ter à mão um linguista e um semioticista?”
Paulo Nogueira - 24 out 2014
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Entre quinta e sexta, véspera de uma das eleições presidenciais mais acirradas da história brasileira, convidamos dois articulistas para defender o voto em Dilma Rousseff, dois para defender o voto em Aécio Neves, dois para defender o voto nulo e um para defender o não-voto. Com você, teses bem defendidas, que tentam escapar às desinteligências e à desinformação que tomaram conta dos ânimos nesse final de campanha. Para que você termine de formar a sua opinião.

 

Por Paulo Nogueira

Vou repetir palavras de Marcelo Freixo, deputado estadual reeleito pelo PSOL no Rio de Janeiro, para explicar por que agora vou votar em Dilma.

Meu voto em Dilma é um veto a Aécio.

A maior tragédia do Brasil é a desigualdade social. Aécio representa exatamente as forças políticas e econômicas que sempre estiveram por trás deste país tão brutalmente injusto.

Aécio, numa frase, significa o Brasil dos ricos, pelos ricos e para os ricos.

Não é à toa que ele é tão apoiado pela voz da plutocracia nacional – as grandes empresas jornalísticas.

Publicação nenhuma, por exemplo, investigou o caso do helicóptero dos Perrelas, velhos amigos de Aécio, flagrado com quase meia tonelada de cocaína.

O DCM (Diário do Centro do Mundo) remou contra a corrente. O documentário que fizemos – que em pouco tempo chegara a 200 000 visualizações – acabou retirado do You Tube porque um usuário fantasma reivindicou “direitos autorais”.

Ao estudarmos o caso, vimos que outros vídeos considerados “negativos” para a imagem de Aécio tinham sido retirados também do You Tube com o mesmo truque, a mesma manipulação, a mesma mentira dos “direitos autorais” de um usuário que afinal não existe.

Eu não poderia votar num candidato que faz o oposto do que prega.

Nomeia família, amigos, agregados – e fala de “meritocracia” e “aparelhamento”.

Coloca dinheiro público de propaganda em rádios da família – e fala em decência. (Até recentemente, ninguém sabia que Aécio tinha pelo menos três rádios e um jornal em Minas, ou seja, palanque permanente. E muito menos se tinha conhecimento de que verba pública abastecia essas rádios, em quantidade não revelada, a despeito de Aécio tanto falar em “transparência”.)

Há um nome para o tipo de político que é Aécio, cuja prática é tão diferente da pregação: demagogo.

Só um demagogo pode queimar 13 milhões de reais de dinheiro público num aeroporto para uso privado dele e de amigos e depois fazer sermões sobre corrupção.

O que há de mais atrasado apoia Aécio agora – da Globo a Silas Malafaia, da Veja a Marcos Feliciano, de Lobão a Roger do Ultraje a Rigor, do Pastor Everaldo a Levy Fidelix.

O Brasil que toda esta gente quer é o oposto daquele pelo qual o DCM se bate: uma sociedade libertária e igualitária, nos moldes da semiutópica Escandinávia.

Do outro lado, com todas as suas deficiências, todos os seus erros, todas as suas alianças intragáveis, o PT promoveu avanços sociais no Brasil num volume e numa intensidade que só têm paralelo na gestão de Getúlio Vargas, na qual surgiram coisas como o voto secreto, o voto para a mulher e as leis trabalhistas.

Com Dilma, você pode esperar que políticas sociais – provavelmente aceleradas, visto o susto que as Jornadas de Junho deram no PT – continuem a reduzir a ainda abjeta desigualdade brasileira.

Com Aécio, que nunca sequer usou a palavra “desigualdade” em sua campanha, você com certeza terá a receita oposta.

Aécio é o homem no qual os homens que ocuparam o Estado brasileiro apostam – com um certo desespero, neste momento – para a preservação das incríveis mamatas que sempre tiveram à base de dinheiro público.

Por isso votarei em Dilma.

Paulo Nogueira, 58, jornalista, é fundador e editor do site de notícias e análises DCM.

Leia aqui a análise dos outros articulistas a favor de Dilma, de Aécio, do voto nulo e do não-voto.
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