Entre setembro de 2013 e março de 2014, a AES Tietê iniciou uma transformação em sua área de gestão de ativos de reservatórios que continua em curso até hoje. Os responsáveis pela área perceberam que investir em inovação e tecnologia seria uma boa saída para vários desafios que eles enfrentavam todos os dias. Mais especificamente, a decisão foi apostar em veículos não-tripulados: os drones, que hoje sobrevoam reservatórios e navegam em suas águas, abaixo e acima da superfície.
A decisão se deu por uma série de motivos, como explica Antônio Carlos Garcia, gerente de ativos de reservatórios da AES Tietê. As principais responsabilidades dessa área da AES são as de inspecionar as condições de segurança das barragens operadas pela empresa, o andamento dos programas ambientais e as ocupações em torno dos reservatórios, garantindo que todas elas estejam de acordo com a lei.
Antes de apostar nessas ferramentas, a AES contratava uma empresa terceirizada. Técnicos visitavam os locais, realizavam coletas manuais (fotografias, medidas, observações etc), o que resultava em processos mais lentos. Além disso, havia o risco de expor os colaboradores a acidentes. Levando tudo isso em consideração, o pessoal da AES Tietê resolveu inovar. Após um período de pesquisa na área dos veículos não tripulados, a empresa começou a fazer a aquisição dos equipamentos. Hoje, ela conta com três tipos de robôs.
O primeiro deles é o drone aéreo, já utilizado em várias missões. Uma delas é inspecionar a ocupação das margens dos reservatórios. “Temos a obrigação de monitorar essas propriedades para que não haja ocupações ilegais”, diz Garcia. Para fazer isso, com o drone, basta sobrevoar o terreno a ser inspecionado e fazer o registro visual. “Assim, temos todas as impressões, e conseguimos saber se uma determinada casa, inspecionada em 2016, por exemplo, se mantém da mesma forma, na área permitida. Se o proprietário construir em local proibido, a equipe não precisa se deslocar para fazer a checagem. O drone sobrevoa e plota a imagem atual na anterior, e detecta qualquer mudança.”
A aquisição da aeronave também foi idealizada para apoiar atividades relacionadas à detecção de erosão em torno dos reservatórios. Antes, a inspeção era realizada por técnicos que precisavam caminhar pelas margens, o que os expunha à possibilidade de acidentes, ainda mais nesse tipo de terreno irregular. Portanto, o drone aumenta imensamente os níveis de segurança, pois elimina a necessidade dessas verificações em solo.
“Um relatório de inspeção de uma determinada região, por exemplo, levava em torno de sete dias até ficar pronto. Hoje, pode ser finalizado em até 2 horas”, diz Garcia. Além disso, o equipamento é utilizado ainda para monitorar áreas de reflorestamento. “Temos 4.800 km de margens de reservatório, então o drone facilita o acompanhamento dessas mudas”, diz Garcia.
Esses exemplos demonstram como uma única tecnologia pode melhorar diversos aspectos de uma operação. Mas os robôs da AES Tietê não estão apenas no ar. “Temos um barco não-tripulado que usamos para medir a profundidade e vazões dos reservatórios e afluentes, a quantidade de água que passa por determinado trecho do rio”, diz Garcia. Antes, o processo era feito a partir de técnicos embarcado, através de equipamentos manuais como molinetes. Hoje, o barco com sensores melhora a confiabilidade e qualidade do processo.
Outra aquisição da AES, um robô subaquático, reduziu a necessidade do uso de mergulhadores. Garcia conta um pouco dessa experiência. “Colocamos ele na água e obtemos em tempo real as imagens da inspeção, sem o risco que havia para os mergulhadores”, diz Garcia. A uma profundidade de 30 metros, é possível detectar até camarões, o que dá uma ideia da qualidade da imagem. Além disso, com os drones submarinos, não é necessário desligar as turbinas da unidade geradora, para inspeções no canal de fuga (região de saída da água), pois o robô é colocado dentro de uma gaiola, o que garante sua integridade ao longo do trabalho e diminui o custo da manutenção.
Garcia diz que o investimento em drones da unidade de reservatórios da AES Tietê não para aí. A empresa estuda a aquisição de um quadricóptero, pequena aeronave não-tripulada com quatro hélices, capaz de fazer decolagens verticais para inspecionar barragens e estruturas mais altas. “A inovação impactou principalmente na qualidade do trabalho, na agilidade e na segurança”, diz Garcia. E esse processo está longe do fim.
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