Era perceptível, tanto no palco quanto nos corredores da Ethanol Summit, um dos mais importantes fóruns mundiais sobre bioenergia, que 2017 será um ano particularmente importante para o desenvolvimento do biocombustível nos próximos anos.
“Este é sim um momento especial para a bioenergia”, disse João Irineu Medeiros, diretor de Assuntos Regulatórios da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), um dos palestrantes do evento. “Existe uma demanda por soluções sustentáveis maior do que jamais houve. Essa demanda traz para o nosso campo, o do produto automóvel, a necessidade de organizar um compromisso de curto, médio e longo prazos. E há vários movimentos funcionando como elementos nesse cenário, dando um norte comum para a indústria.”
Organizado pela União da Indústria da Cana de Açúcar (Única) no WTC Events Center, em São Paulo, dias 26 e 27 de junho, o Ethanol Summit teve como tema “Um salto para 2030”, uma referência ao Rota 2030, um programa de cooperação entre setores da indústria para organizar o setor automotivo e de autopeças e estabelecer metas de eficiência energética, redução de poluentes e novos equipamentos de segurança.
Medeiros participou do painel “Biocombustíveis e a Evolução da Indústria Automobilística” ao lado de Ricardo Abreu (diretor da Mahle Metal Leve), Hugo Nicioli (engenheiro de produto da Scania), Oscar Rojo (presidente da Camara de Alcoholes de Argentina) e do astrogeofísico Luiz Gylvan Meira Filho (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo). O mediador Alfred Szwarc, consultor de Tecnologia e Emissões da Única, notou a diversidade de olhares daquele painel: um diretor de uma fábrica de automóveis, um representante do setor de autopeças, outro da indústria de veículos pesados, um executivo argentino falando em nome do segundo mercado do etanol na América Latina e um professor com o olhar da academia sobre o tema. Sem dúvida, um panorama completamente abrangente sobre o assunto.
Falando em primeiro lugar, Medeiros destacou a relevância do assunto para o Brasil de 2017: “O Brasil assumiu o compromisso na Conferência do Clima de Paris, a Cop 21, de reduzir suas emissões de CO2 em 43% até 2030 (em relação aos índices de 2005)”, disse, em referência ao Rota 2030. “Nós precisamos fazer o etanol acontecer a curto, médio e longo prazos, numa agenda compartilhada entre governo, empresas, universidades e sociedade. Porque já está comprovado que, quanto maior o uso do etanol, mais se reduz a emissão de CO2. E só o Brasil tem um ativo dessa magnitude (a tecnologia e o parque produtivo da bioenergia e da frota flex). Temos que tirar disto as vantagens comparativas que representam na busca de uma mobilidade com menos carbono e de um balanço mais favorável de emissões. Temos que investir tempo, dinheiro e inteligência nisso.”
Em todos os painéis e plenárias que tratavam de temas tão diversos quanto futuro do setor sucroenergético até o papel do etanol celulósico, passando pelo uso do etanol pelo setor aeronáutico, o consenso era o de que há hoje uma imensa oportunidade para a produção e pesquisas sobre os biocombustíveis, tanto do ponto de vista econômico quanto de sustentabilidade. E, pela primeira vez, há uma cooperação estabelecida entre setores industriais, como a indústria automobilística e a cadeia da agroenergia, para que busquem objetivos comuns e caminhem juntas.
Para confirmar este compromisso com uma mobilidade com menos carbono, Anfavea e Única assinaram o “Memorando de entendimento para uma agenda integrada para maior eficiência energética e redução de emissões na matriz do transporte veicular”. João Irineu Medeiros definiu o momento como um movimento em diversas motivações: “É algo que vem a partir da visão ambiental, a partir das demandas da sociedade, a partir do governo, das montadoras. A grande novidade é que todas essas frentes agora têm uma direção comum.”
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