Desenvolver produtos já com foco no reaproveitamento, em uma segunda vida, na economia circular. Desde 2018 esta é uma das metas globais da 3M quando se trata de sustentabilidade – e de negócios. “O tema tem um peso enorme aqui dentro. É uma preocupação desde o início de cada projeto”, conta Marcelo Gandur, gerente técnico da companhia no Brasil e responsável pelo comitê corporativo destinado à sustentabilidade. Segundo ele, um desenvolvimento pode ser cancelado caso não se encaixe nas metas nessa área:
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– Conheça a abordagem de Ciência para o Clima da empresa
“A sustentabilidade é um valor tão essencial que o lançamento de um produto pode ser interrompido caso não seja possível desenhar soluções de eliminação do uso de materiais poluentes e de destinação correta no descarte”
Ele conta que, desde os anos 1990, a companhia atua no Brasil com um forte trabalho de gestão do ciclo de vida do produto. “Temos uma série de resultados fantásticos em redução de embalagens, de eliminação do uso de solventes na nossa produção, economia de emissões de poluentes no transporte por causa do ganho de eficiência logística, entre outros”, enumera. Gandur conta ainda que a companhia atua historicamente para reduzir o uso de alguns materiais que têm alto impacto ambiental, como o amianto, muito antes de isso se tornar lei no Brasil.
Apesar das melhorias até aqui, o foco em economia circular ficou ainda mais apurado no ano passado, com a chegada de Gayle Schuller para a posição de Chief Sustentability Officer, uma função na alta liderança da empresa destinada a pensar no negócio do ponto de vista da sustentabilidade.
A executiva desenhou uma estratégia baseada em três pilares: Ciência para a Comunidade, Ciência para o Clima e, por fim, Ciência para a Economia Circular. Uma atuação fortemente apoiada na essência científica da 3M.
ECONOMIA CIRCULAR COMO MODELO DE NEGÓCIO
Com tudo isso, a estratégia de economia circular da 3M já começa, de alguma forma, madura no Brasil. “Temos políticas internas e uma cultura muito estabelecida de foco em sustentabilidade”, diz. A companhia também conta com projetos bem estruturados, gerando resultados importantes.
O primeiro deles é o programa de reciclagem de esponjas Scotch-Brite (que contamos aqui). A iniciativa mobiliza as pessoas a formarem brigadas de coleta do produto. Estes grupos juntam esponjas e a 3M se responsabiliza por recolher o material e, em parceria com a TerraCycle, transformar cada esponja Scoth-Brite usada em resina plástica que pode ser aproveitada na fabricação de uma série de itens.
Além de reduzir o volume de lixo destinado a aterros, o programa gera renda para as brigadas responsáveis por coletar as esponjas, formadas principalmente em escolas e instituições. É um ciclo fechado não só para o material, mas de geração de benefícios para todos os lados. O programa já reciclou mais de 1 milhão de esponjas.
Outro projeto que Gandur tem orgulho de contar é o Dê a Mão para o Futuro, desenhado para apoiar organizações no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A iniciativa é liderada pela ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) em parceria com a ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins) e ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos).
Todas as empresas envolvidas no projeto investem para capacitar e treinar cooperativas de reciclagem, gerando emprego e renda para este elo essencial da economia circular. Cada empresa tem uma cota de destinação correta dos materiais que coloca no mercado. No total, entre os anos de 2013 a 2018, foram destinadas para reciclagem, pelas cooperativas e associações participantes do Programa, cerca de 400.000 toneladas de materiais recicláveis.
O DESAFIO DE FOMENTAR A ECONOMIA CIRCULAR
Mesmo com um saldo positivo tão importante para mostrar, Gandur reconhece que a jornada pela economia circular é desafiadora. Afinal, é preciso de mais do que boa vontade para fechar o ciclo dos materiais e produtos. Segundo ele, há três desafios principais. O primeiro é técnico: “Precisamos trabalhar no desenvolvimento de produtos que viabilizem a reciclagem pós-consumo”, diz, lembrando que este é um esforço que demanda tempo e investimento.
Outra dificuldade está na logística. Gandur aponta que a 3M tem portfólio de mais de 15 mil produtos, todos espalhados em diferentes lares, negócios e aplicações pelo enorme território brasileiro. “Não é simples criar estratégias para recuperar o material e dar a destinação correta após o uso”, resume. O terceiro desafio está no sistema tributário nacional, que passa longe de estimular a reciclagem.
“O correto seria recolhermos impostos sobre determinado material apenas uma vez, mas a dinâmica que temos no Brasil cobra alíquotas a cada extensão da vida útil. Se reciclamos, a nova matéria-prima é tributada”
A META É ENGAJAR TODA A CADEIA DE VALOR
Por outro lado, Gandur lembra que o país tem uma vantagem importante para fomentar a sustentabilidade e a economia circular: o engajamento das pessoas. “O nível de compromisso que vemos aqui quando temos um processo estabelecido me parece bem maior do que em outros lugares. Vemos isso com o programa de reciclagem de esponjas, que depende muito do comprometimento dos consumidores”, conta.
Segundo ele, este é um aspecto que faz brilhar os olhos de lideranças globais da 3M sempre que a companhia reporta seus resultados locais de sustentabilidade. E já que as pessoas têm predisposição a este tipo de iniciativa, o plano de Gandur é aproveitar justamente este ponto forte para aumentar os resultados da 3M na área.
“Queremos ampliar as iniciativas de economia circular para a nossa cadeia de valor, incorporar cada vez mais a sustentabilidade em os nossos modelos de negócios e promover desenvolvimentos conjuntos”
A ideia é propagar os bons resultados para além dos portões da companhia e contribuir para que fornecedores e clientes também reduzam o próprio impacto ambiental a cada novo produto criado em parceria com a 3M. Nesta conta entram embalagens, soluções industriais, fitas adesivas para as mais diversas aplicações, entre outros.
Segundo Gandur, a roda da economia circular tende a girar mais rápido nos próximos anos, à medida que os hábitos de consumo da sociedade se transformam. “Teremos demanda cada vez maior por soluções com menor impacto ambiental. A boa notícia é que estamos preparados para implementar iniciativas de sustentabilidade e às novas exigências”, diz. Para ele, este será um direcionador de crescimento e diferencial competitivo cada vez mais relevante para os negócios.
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