A história de vida de um jovem empreendedor social de 30 anos atravessava as cadeiras do auditório do Centro Administrativo Municipal de Betim, em Minas Gerais, e contagiava os profissionais da área da educação da Prefeitura reunidos ali. Uma história de transformação que inspira pessoas cuja profissão é transformar crianças e adolescentes.
O palestrante é Eduardo Lyra, crescido na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, e hoje visto como uma importante liderança mundial, convidado a falar para os educadores integrantes do Rota do Saber, programa de educação em implantação nas escolas de Betim, resultado de uma parceria entre a FCA, o Instituto Ramacrisna e a Prefeitura de Betim, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).
Lyra foi convidado por ser referência quando se alia educação e oportunidade para jovens da periferia. O grande objetivo do Rota do Saber é apostar na qualificação dos educadores por meio da integração entre escola e comunidade e traçar metodologias e abordagens de trabalho mais eficazes. Foram duas palestras – 21 e 22 de fevereiro –, mas o impacto daquelas palavras e história de vida pode chegar, por meio dos educadores, aos mais de 30 mil alunos das 69 escolas municipais que serão atendidos pelo Rota do Saber na região.
Filho da diarista dona Maria Gorete e de pai ex-presidiário, ele se agiganta frente à plateia para contar a sua trajetória – de criança que enfrentou muitos obstáculos gerados pela desigualdade social – e como se tornou um dos mais influentes jovens do Brasil com idade abaixo dos 30 anos, segundo a Forbes de 2014. Também foi eleito, – Paulistano Nota 10 pela revista Veja e selecionado pelo Fórum Econômico Mundial como um dos 15 jovens brasileiros que podem mudar o mundo. O destaque nacional e internacional é resultado da idealização da Organização Não-Governamental Gerando Falcões, que atualmente beneficia mais de 1.200 famílias por meio do esporte, cultura e qualificação profissional.
Com brilho nos olhos, sorriso largo e voz pulsante, Lyra expressa de onde veio a inspiração para trilhar o caminho para mudar de vida. “Eu tive no meu barraco, durante meus dramas sociais, dentre eles a violência e a pobreza, a minha fortaleza, meu mundo, meu tudo: a minha mãe. Ela é minha primeira grande líder, que me fazia sentir amado morando no barraco”. Encorajado por dona Maria Gorete, Edu agarrou as oportunidades, confiante no ensinamento de sua mãe-mestra: “Não importa de onde você vem, o que importa é para onde você vai”. A frase se tornou um mantra para Lyra. Obstinado, ele percebeu que, para alcançar voos altos, era preciso valorizar a educação e trabalhar para democratizar as oportunidades.
“Na favela, o comum é a falta, a escassez, a dor, a violência. Por outro lado, há também arte, resiliência, capacidade de empreender. Precisamos construir comunidades empreendedoras para gerar renda, com dignidade para as pessoas”, diz com realismo esperançoso.
Após o encontro com os educadores de Betim, Lyra seguiu em direção à sede do Árvore da Vida, instituto gerido pela comunidade de 33 mil habitantes da região do Jardim Teresópolis, com o apoio da FCA. Ali, Edu externou o sentimento de identidade com suas raízes, ao conhecer os bons frutos colhidos por meio do incentivo às atividades esportivas, artísticas, cursos de capacitação de jovens e geração de trabalho e renda. “Ações como do Árvore da Vida e, da minha ONG, transformam efetivamente a vida das pessoas. Lideranças são descobertas e oportunidades com ousadia são geradas para a construção de um mundo mais justo”.
Ao percorrer as instalações do Árvore da Vida, o jovem conheceu as ações socio culturais direcionadas para crianças, jovens e adultos da comunidade; e viu de perto as atividades da Cooperárvore, cooperativa de geração de trabalho e renda que cria artigos de moda, como bolsas, mochilas, chaveiros, com materiais reaproveitados da indústria automotiva (como cintos de segurança, tecidos), doados pela FCA e empresas parceiras. “Trabalhos como esses da cooperativa, da área social da FCA, fazem com que as oportunidades sejam democratizadas e deixem de ser sorte (como aconteceu comigo) para se tornarem uma regra para o país”, apontou Lyra.
Perguntado sobre sonhos, Edu foi direto: “criar a maior rede de ONGs do planeta, criar o museu das favelas e de ter um filho com minha esposa Mayara”. Com toda a vitalidade, a árvore da vida do jovem empreendedor social tem tudo para florescer.
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