Gabriel Saruhashi, 24, é daqueles jovens que sabem o que querem desde muito cedo.
Enquanto cursava o ensino médio em um colégio tradicional da capital paulista, ele fez trabalho voluntário em uma escola pública, substituindo professores em algumas aulas.
Ali, Gabriel percebeu que os alunos com as maiores dificuldades – do ponto de vista intelectual e também do financeiro – tinham, em comum, o fato de terem pai ou mãe presos, ou ex-detentos na família nuclear.
“Notei que muitos sequer tinham acesso a materiais básicos, que eram doados ou compartilhados. Também percebi que muitos passavam por traumas que iam muito além do desempenho acadêmico”
O contato com essa realidade dolorosa foi o primeiro passo para o que, mais tarde, seria sua grande empreitada: a ONG Ameelio.org, que, por meio da tecnologia, desenvolve ferramentas de educação e comunicação para prisões, com atuação nos Estados Unidos. A iniciativa se desenvolveu por lá porque foi onde Gabriel resolveu estudar – e acabou ficando.
Em 2016, ele ganhou uma ajuda financeira do Programa de Bolsas Fundação Estudar, o “Líderes” (que, na época, se chamava Prep Scholars) para fazer graduação em Ciência da Computação e Psicologia na Universidade de Yale, uma das mais tradicionais dos EUA.
Com 32 anos de atividade, a iniciativa já formou 790 bolsistas em 121 instituições. Segundo a própria Fundação, atualmente 27% dos brasileiros matriculados nas top schools estadunidenses (Harvard, Yale, Stanford e MIT) fazem parte da rede da organização.
No caso de Gabriel, o apoio foi somado a outra bolsa que conquistou para fazer faculdade no exterior, a da Clara Lionel Foundation. Com os conhecimentos técnicos que adquiriu no curso – e, sobretudo, em um estágio no Facebook –, ele decidiu se dedicar à Ameelio.org ao perceber que havia muito a ser feito para transformar um cenário complexo.
“O sistema de comunicação [nos Estados Unidos] entre o presidiário e a família é dominado por um duopólio formado por duas empresas gigantescas, que cobram até 25 dólares por 15 minutos de chamada – e estamos falando das famílias mais pobres do país”
Ao propor uma plataforma que serve de intermediária para o envio de cartas e a realização de videochamadas com pessoas encarceradas, ele chamou atenção não apenas de grandes doadores (como a Mozilla, que contribuiu com os primeiros 10 mil dólares), como também do próprio senado americano.
Depois, foi a vez de criar a Emerge Career, que oferece programas de treinamento vocacional para solucionar a questão do desemprego pós-reclusão. Essa trajetória levou o jovem brasileiro a conquistar os prêmios Fast Company Most Creative People in Business, Forbes Next 1000 e presença no ranking Forbes 30 Under 30.
Gabriel encara as premiações com os pés no chão. “É muito fácil se perder em um mar de estrelas douradas”, diz. Confira a seguir a entrevista que ele deu ao Draft:
Onde você passou a infância e a adolescência? De que contexto familiar você vem?
Meu pai é do Paraná e encontrou uma oportunidade para trabalhar com reciclagem. Ele se mudou para o Paraguai para entender este mercado e depois voltou ao Brasil para tentar implementar algo que fosse relacionado ao contexto brasileiro.
Minha mãe é do interior de São Paulo e veio para cá [capital paulista] para trabalhar. Ela tinha o sonho de empreender, então abriu uma confecção de roupas em uma garagem, depois de fazer um curso técnico em corte e costura.
Os dois foram os primeiros das próprias famílias a conseguir passar na faculdade e a escapar de uma situação de extrema pobreza pelo esforço surreal que tiveram
Quando a sorte encontra oportunidades, muitas vezes coisas boas acontecem, e foi o caso de ambos. Graças aos méritos deles, consegui ter educação de qualidade.
E como você teve contato com o tema do encarceramento?
Durante o ensino médio, consegui me envolver com projetos educacionais e perceber como a educação transformava as vidas das pessoas. Eu fazia bastante trabalho voluntário, principalmente em escolas públicas e em uma delas, que era a mais próxima de onde eu estudava, aprendi muito sobre o que eu queria para o futuro.
A ideia do voluntariado era ajudar os professores a dar aulas. Naquela escola tinha um que não aparecia para lecionar, então era eu quem acabava assumindo.
Assim, comecei a me engajar com os alunos. Notei que muitos sequer tinham acesso a materiais básicos, que eram doados ou compartilhados. Também percebi que muitos passavam por traumas que iam muito além do desempenho acadêmico.
Foi durante esta experiência que eu tive o primeiro contato com o tema de encarceramento, quando descobri que os alunos com mais problemas na sala de aula vinham de famílias instáveis, geralmente com pais encarcerados, ou em processo de ressocialização, com pouco apoio a nível emocional
Aquilo abriu meus olhos. Vi que alguma soluções tecnológicas poderiam ajudar, mas que não seriam suficientes. Fiquei muito interessado em ir para os Estados Unidos, onde eu sabia que tinha uma mescla bem mais forte entre matérias, e a possibilidade de você se engajar não só em um campo, mas de maneira interdisciplinar.
Acho que por isso, na faculdade, já fui para uma área que misturava ciência da computação e psicologia, para entender que a solução opera em um contexto, não no vácuo.
Você já havia feito faculdade no Brasil quando optou pela graduação em Ciência da Computação e Psicologia na Universidade de Yale? Aliás, o que o fez decidir por este curso?
Nas faculdades americanas, você normalmente faz o vestibular em dezembro, para ingressar em abril. Eu tinha passado na Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) e tinha decidido ficar por lá caso não tivesse passado em uma universidade do exterior, mas preferia o approach dos Estados Unidos, que me daria a chance de me engajar em vários temas. Achei que seria o ideal para explorar mais de um interesse.
Como você se preparou para o processo seletivo da Fundação Estudar? Qual foi o valor da bolsa de estudos que recebeu e que despesas o auxílio financeiro cobriu?
Tive a sorte de estudar em uma escola na qual dois alunos mais velhos que eu tinham passado em processos seletivos para estudar fora: Davi Lemos, que estudou na Universidade de Yale, e Victor Domene, que foi para Harvard. Ambos foram bolsistas da Fundação Estudar.
A instituição tinha o programa de bolsas que, na época, se chamava Prep Scholars. Foi o que guiou minha trajetória, essencial não só pra a parte realmente financeira, mas com informação, porque é difícil você saber por onde começar.
Durante o programa, um mentor – alguém que já passou pela iniciativa – ajuda a gente a se preparar. Além disso, todos os bolsistas são muito abertos a tirar dúvidas.
Uma grande vantagem do programa é o fato de ser muito parecido com o processo seletivo para aplicar a universidades fora, porque faz com que criemos linearidade na própria narrativa, indicando uma trajetória clara
O auxílio financeiro que recebi da Fundação foi um valor simbólico, de mil dólares, porque, antes, eu havia sido admitido em um programa de bolsas da Clara Lionel Foundation, conhecida como “a Fundação da Rihanna”, que custeou mais de 80% de todos os gastos que eu tinha.
Como você conciliou os estudos e o trabalho nos Estados Unidos?
Não se pode trabalhar para empresas externas durante o ano acadêmico, mas, em uma universidade, é permitido e acaba até sendo uma boa experiência. Foi meu caso.
No primeiro ano da faculdade, fui atrás de professores que admirava e me ofereci para cargos de assistência em pesquisa. Eles são super abertos a dar oportunidade para alunos e fui assistente de um deles
Além do trabalho na universidade, tive outras experiências bacanas, como em um hospital, fazendo pesquisa sobre inteligência artificial no contexto médico. Também me envolvi muito com empreendedorismo.
Pegando o gancho deste tema, você já foi para os EUA pensando em empreender, como seus pais? Tinha o empreendedorismo como um objetivo?
Sim! Eu sabia que era o que eu queria e, como tinha me envolvido com ONG no ensino médio, também sabia que meu interesse maior era lidar com impacto social. Mas sabia que precisava entender o que era necessário para criar um negócio de impacto.
Nos primeiros anos da faculdade, eu estava muito focado em adquirir experiência profissional para me sentir preparado, para chegar ao ponto de me sentir capacitado para começar um negócio. Acabei me dedicando a isso, mesmo, só no último ano da faculdade.
E como foi que surgiu a ideia da Ameelio?
Uma coisa interessante é que Yale está em New Haven e não tem, digamos, uma relação muito saudável com a cidade. A área de Yale é muito rica, mas a cidade não é, e por muitos anos foi uma das regiões mais violentas dos Estados Unidos.
Eu queria muito trabalhar com grupos que ajudassem a cidade em si e acabei me engajando bastante com um que trabalhava com pessoas em situação de rua. Estávamos tentando conectá-las com recursos e com quem pudesse ajudá-las com moradia e alimentação.
A partir daí, notei que encarceramento e estar numa situação de rua são duas coisas altamente relacionadas. Pessoas que saem do encarceramento muitas vezes ficam na rua, sujeitas à violência e acabam muito mais facilmente reentrando na vida que conheciam antes
Foi assim que eu tive contato com o tema do encarceramento especificamente nos Estados Unidos e conheci meu sócio, Uzoma Orchingwa, que era, na época, estudante da Law School de Yale e já tinha feito um curso de criminologia na Universidade de Cambridge.
Ele, que é nigeriano-americano, estudava políticas públicas, encarceramento em massa, principalmente no contexto americano, me mandou um e-mail em janeiro de 2020 dizendo que estava pensando em trabalhar com serviços de comunicação para presidiários.
É uma prática comum em Yale que os alunos da escola de Direito procurem pessoas com background técnico para entrar em contato. Era meu caso, porque eu já tinha trabalhado no Facebook.
Nós nos conhecemos, nos demos bem logo de cara e começamos a estruturar a ideia de uma plataforma de comunicação gratuita. Nos EUA, 75% das famílias de pessoas encarceradas estão a mais de 150 quilômetros de distância do local onde o preso está
O sistema de comunicação entre o presidiário e a família é dominado por um duopólio formado por duas empresas gigantescas, que cobram até 25 dólares por 15 minutos de chamada – e estamos falando das famílias mais pobres do país.
Então a gente sabia que era um problema social, mas, ao mesmo tempo, também achava imoral cobrar das famílias pelo nosso serviço.
Conseguimos patrocínio da Mozilla, que investiu os primeiros 10 mil dólares na Ameelio. Com o dinheiro, contatamos o primeiro engenheiro, e foi assim que tudo começou.
O que são e como operam exatamente as ferramentas que vocês oferecem?
Quando a gente começou, em 2020, foi tendo a carta como o primeiro produto. Era algo mais básico a oferecer.
Um ano depois, a videochamada começava a crescer nas prisões por causa da pandemia, mas serviços como Zoom e Meet não funcionavam por questões de segurança, já que há várias imposições e requerimentos a cumprir.
A Ameelio conseguiu criar um sistema gratuito de videochamada, lançado em 2021; Iowa foi nosso primeiro cliente. Com a experiência deste estado [no centro-oeste dos EUA], descobrimos que não só a população carcerária precisava de um serviço desse tipo, mas também advogados estavam usando nossas videochamadas, que têm recursos para garantir o sigilo
Educadores e conselheiros de saúde mental também passaram a usar nossa plataforma. Assim, expandimos nossa habilidade para deixar de ser apenas uma plataforma para a população encarcerada e sua família, para [nos tornarmos] um portal em que quem está encarcerado hoje consegue se conectar com qualquer pessoa ou provedor de serviço que queira ajudá-lo no processo de reinserção.
Em quantos e quais presídios norte-americanos as ferramentas da Ameelio são aplicadas? Quantas pessoas presas são impactadas por elas?
Mais de 1 milhão de pessoas foram impactadas pelo serviço da Ameelio, por algum serviço, sejam cartas, videochamadas ou ligações.
Conseguimos implementar a nossa tecnologia dentro da prisão efetivamente em três estados: Iowa, Maine e Colorado, que levam a um total de mais de 32 mil pessoas impactadas pelos serviços. Estamos escalando para mais três estados norte-americanos até junho.
Falando só sobre as cartas, hoje em dia enviamos cerca de 2,5 milhões de correspondências para os presídios dos Estados Unidos.
Quando você teve o primeiro sinal de que estava no caminho certo em relação à Ameelio? Teve alguma história de vida que seu trabalho ajudou a transformar, da qual se orgulhe particularmente?
Sempre me lembro do Richard, primeiro usuário de um serviço nosso, quando até então só trabalhávamos com cartas.
Eu tinha muitas dúvidas sobre se fazia sentido oferecer correspondências, não era óbvio para mim, pensava no quanto é raro que alguém escreva uma hoje em dia; mas o Richard descreveu uma vez que o barulho de uma carta sendo colocada por baixo do vão da porta da cela todas as segundas e quartas-feiras mudava o dia, porque o fazia lembrar de que alguém lá fora esperava por ele.
Depois que a gente lançou o serviço de videochamada, lembro que uma das usuárias chorou por ter visto o cachorro dela pela primeira vez em vários anos. Também teve a história de uma mulher que viu a neta pela primeira vez. A criança tinha nascido durante a [fase mais crítica da] pandemia e não pôde visitá-la, então, o primeiro contato foi por vídeo
Tem também uma usuária que começou a usar a plataforma para ver o filho jogar basquete na Liga das Crianças dos EUA… Sabe, são histórias que parecem tão triviais, mas, quando paramos para pensar sobre elas, entendemos que se trata de um direito humano básico.
Como surgiu a Emerge Career e como você se organiza para estar à frente dos dois projetos e de que forma eles se complementam dentro do seu propósito pessoal?
Ao longo da Ameelio, a gente descobriu que existia um problema muito claro de pessoas que, após o encarceramento, não conseguia trabalho. É um problema clássico, mas, com base em dados de usuários da plataforma, vimos que 60% deles não conseguiam emprego no primeiro ano [após deixar a prisão].
Conversando com um deles especificamente, descobrimos que ele queria virar caminhoneiro. Tem uma grande crise de supply chain nos EUA, o atual segmento de caminhoneiros está envelhecendo, se aposentando, mas quem tem esta ocupação por lá hoje em dia ganha por vezes mais do que alguém formado no ensino superior.
Começamos, então, a pensar em como ajudar, com a experiência que tínhamos entregando tecnologia, para proporcionar treinamento vocacional, seja para quem quer se tornar caminhoneiro, enfermeiro ou trabalhar com empregos verdes, instalando painéis solares em cidades da Califórnia, por exemplo
São profissões para as quais a gente sabe que existe um grau de preparo necessário, são bem pagas e precisam de mão de obra.
Hoje em dia, estou part-time na Ameelio. A gente construiu um time muito bom e que opera como uma startup de tecnologia do Vale do Silício. Aliás, nossos doadores são algumas das figuras mais proeminentes de lá, como Jack Dorsey [cofundador e ex-CEO do Twitter].
Quais são estes clientes governamentais?
Temos pilotos em dois estados, na Califórnia e em Connecticut. Neste último, teve um senador que ficou tão entusiasmado com nosso serviço, que basicamente passou uma emenda no Senado de Connecticut para alocar dinheiro para que a gente conseguisse fazer um treinamento em escala.
Para um político, é legal poder falar que está ajudando a diminuir a criminalidade e, ao mesmo tempo, dando chances para alguém que está saindo do encarceramento. Mas ainda estamos no começo, com 28 pessoas ao todo passando pelo processo de treinamento.
Você enxerga algum potencial para replicar no Brasil os dois projetos que empreendeu fora? Há intenção de reproduzi-los no Brasil? Quais seriam as semelhanças e os desafios?
Tenho muita vontade de replicar, mas acho que algumas coisas são particularmente diferentes e tornariam o desafio maior. Primeiro, pela percepção pública.
Nos Estados Unidos, 95% dos americanos concordam que é necessária uma reforma do sistema carcerário.
No Brasil, para um certo segmento da sociedade, o sistema é uma forma de punição – não de reabilitação –, o que acaba sendo uma visão míope, porque a maioria das pessoas que estão presas vão acabar saindo da prisão
A segunda diferença é a infraestrutura. Nos Estados Unidos, as prisões já têm acesso à internet, o que ainda é muito limitado no Brasil.
Com 24 anos, refletindo sobre sua trajetória bem-sucedida até aqui, que tipo de sacrifícios você fez – do que precisou abrir mão – para chegar onde está hoje?
No primeiro ano da faculdade, quando eu consegui o estágio no Facebook, senti que tinha sido o ápice da minha carreira, porque a empresa pagava muito bem. Trabalhar em Big Tech, que parecia legal na época.
No terceiro ano estagiei em uma startup, a Zip. Já no quarto ano eu praticamente me voluntariei na Ameelio. Não tinha dinheiro nenhum, era muito difícil.
Todo mundo que era expert em justiça criminal dizia que o que estávamos querendo fazer era impossível, porque o sistema era perverso demais. Ninguém queria investir
Cheguei ao ponto de ir para a cantina da faculdade só para abastecer a marmita com comida para a semana inteira…
Abril do ano passado foi a primeira vez em que a gente se pagou com a Ameelio. Agora, a ONG não é mais um sacrifício no sentido financeiro, mas não deixa de ser difícil do ponto de vista emocional, porque as histórias com as quais lidamos nos afetam, são pessoas em situação extremamente vulnerável.
Você foi reconhecido pela lista da Forbes 30 Under 30 (2023), além de prêmios como o Fast Company’s Most Creative People in Business (2021) e Fast Company’s 2021 World-Changing Ideas Awards. Como eles te motivam e o que significam para você?
Os prêmios são legais no sentido de que são os nossos doadores que nos indicam, mas é muito fácil se perder neste mar de estrelas douradas.
Tento ser muito consciente sobre o que realmente importa, que não está nos convites para eventos, premiações. Quero focar no trabalho, lembrando sempre o motivo que me fez começar
No fim do dia, o que importa é ajudar as pessoas a serem educadas; é contribuir para que os estados ofereçam um serviço básico, um direito humano.
Há quase 1 milhão de pessoas presas no Brasil. De olho nesse público, Péricles Ribeiro fundou a Loja do Preso, que atende famílias de detentos vendendo kits com produtos permitidos na prisão, como biscoito, xampu, repelente e desodorante.
Movida pelo lema “siga sua paixão”, Letícia Schwartz foi viver nos EUA e fez sucesso com livros sobre gastronomia. Até que se apaixonou pela educação e fundou uma consultoria que ajuda alunos a ingressar em faculdades americanas.
Rafael Kenji escolheu cedo a medicina e se encaminhava para ser cirurgião. Porém, as reviravoltas da vida (e uma passagem por Harvard) o levaram a mudar de ideia e liderar uma venture builder para startups de educação e saúde.