É o recipiente do creme hidratante, o frasco do polidor do carro, o plástico que acomoda a esponja para louças… Já parou para refletir na quantidade de embalagens que uma pessoa descarta em seu cotidiano? Pois dar o destino certo e reaproveitar estes materiais é uma preocupação constante para as fabricantes destes produtos.
“Hoje trabalhamos com a meta de recuperar ao menos 22% de todas as embalagens colocadas no mercado”, diz Rose Hernandes. Ela é diretora executiva de meio ambiente da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos). Ao lado de outras duas instituições, a Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional ) e a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados), a organização criou o Dê a Mão para o Futuro.
O programa é coordenado por Rose e atua fundamentalmente na estruturação (aquisição de equipamentos/caminhões/adequações de infraestrutura dos galpões de triagem) e capacitação das cooperativas, com o objetivo de recuperar e encaminhar para a reciclagem as embalagens pós-consumo, e com isso, gerar benefício ambiental e, também, social. De quebra, todo o sistema prioriza também a viabilidade econômica para todos os elos envolvidos, sem impossibilitar o negócio das indústrias e garantindo ganhos e profissionalização aos recicladores.
COLABORAÇÃO ENTRE EMPRESAS PARA REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL
”Atualmente, são 194 empresas aderentes”, conta Rose. Segundo ela, participam do projeto 148 cooperativas em 21 estados do Brasil, envolvendo 5 mil profissionais cooperados. “O programa tem 15 anos de história e entramos entre 2012 e 2013”, conta Ivi Barbosa, especialista em LCM (Life Cycle Management – em português, gerenciamento de ciclo de vida de produtos) da 3M.
Ela lembra que o compromisso com a iniciativa começou na companhia pela linha de produtos de cosméticos e limpeza das marcas Nexcare, Scotch-Brite e 3M, mas que, cada vez mais, a preocupação com a economia circular é algo que permeia todas as frentes de negócio. “A sustentabilidade tem sido um pilar estratégico no desenvolvimento de novos produtos para a 3M nos últimos anos e temos pensado muito sobre como, além de recuperar as embalagens, podemos usar este material na fabricação de novos itens”, diz. E complementa:
“Com um portfólio de mais de 40 mil produtos, a recuperação dos materiais é um desafio enorme. É algo muito pulverizado. Por isso, o Dê a Mão para o Futuro é uma frente tão importante para nos ajudar a dar um destino ambientalmente correto as embalagens pós-consumo”.
Ivi diz que o projeto é essencial para fomentar a colaboração entre empresas que são, a princípio, concorrentes. “Ter uma organização, uma zona neutra, capaz de coordenar este movimento para recuperar embalagens, é essencial”, conta. Na prática, o programa funciona a partir de um acordo setorial entre as empresas e o Ministério do Meio Ambiente.
O projeto surgiu antes mesmo da Política Nacional de Resíduos Sólidos, legislação que entrou em vigor em 2010 e traz objetivos e diretrizes para que o setor privado faça a gestão de seus resíduos e embalagens. “Esta regulamentação tramitou por quase 20 anos antes de se tornar realidade. E, com isso, tivemos tempo para desenvolver uma estratégia capaz de atendê-la”, diz Rose. Hoje, com o Dê a Mão para o Futuro, as empresas envolvidas cumprem completamente a legislação, diz a coordenadora.
“Entre 2013 e 2020 o programa recuperou 655 mil toneladas de embalagens. O volume equivale a uma redução de mais de 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono no meio ambiente”
Diante de resultados tão positivos, a tendência do programa é crescer e acompanhar também as regulamentações mais rigorosas para a área. “Antes tínhamos apenas a política nacional, mas há um movimento dos estados pelo estabelecimento de metas próprias”, conta Rose.
Segundo ela, aquela meta de 22% de embalagens recuperadas tende a crescer e a ficar segmentada, por tipo de material, como vidro, plástico e papel. Acima de tudo, diz Rose, a busca é por desenvolver um mercado mais consciente e solidário. Um futuro que, segundo ela, já começou a ser traçado por todas as empresas envolvidas no programa.
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