Uma experiência malsucedida reacendeu o desejo de Silvio Regis, 38, de empreender. Ao organizar uma confraternização de Natal dos funcionários na empresa de engenharia onde trabalhava, ele não conseguiu quebrar a velha receita do “churrasco regado a cerveja e boa música”. “Lembro que tive que visitar uns dez lugares e notei que havia muita perda de tempo e que o processo de realização de um evento era muito irracional”, conta.
Muitas águas rolaram, o administrador foi morar em Londres, onde cursou um mestrado em Inovação, Criatividade e Liderança e desenvolveu como plano de negócio de sua dissertação a proposta de sua empresa: a EvEx — Evento Experience, uma plataforma digital que reúne clientes e fornecedores de serviços da área de eventos, buscando proporcionar mais segurança, facilidade e rapidez.
A proposta, no entanto, não é se limitar a fazer a intermediação entre clientes e potenciais fornecedores. Segundo o cofundador, a EvEx quer “arrancar aquele ‘uau’ quando se vive uma experiência fora da caixa, diferente do que aconteceu naquela festinha de fim de ano que foi basicamente igual à dos anos anteriores”. A empresa quer mostrar que sua festa de aniversário pode ter a experiência dos cassinos de Las Vegas ou que a sua confraternização de fim de ano seja ao balanço das ondas do mar. Por que não? Silvio fala mais a respeito:
“Estamos sempre buscando novas experiências. O mercado de eventos cresce muito rápido e, mesmo com a crise, as pessoas não deixam de celebrar. É uma necessidade humana”
Além de reunir os fornecedores de “A a Z” em sua plataforma para diversos tipos de eventos, como os sociais, empresariais ou de recursos humanos, a EvEx também oferece consultoria para os que desejam quebrar o protocolo da “receita de bolo” e ousar ao estilo cassino de Las Vegas, como mencionado.
FOI PRECISO MUDAR O MODELO DE NEGÓCIO PARA COMEÇAR A MONETIZAR
Em janeiro deste ano, havia 760 usuários na plataforma, 156 parceiros cadastrados em 12 estados brasileiros e o total de 21 eventos ativos de 245 demandas abertas desde o início da operação, em agosto de 2017. Silvio Regis, junto com os outros sócios, os amigos de infância Iuri Sampaio e Lucas Pereira, ambos 38, investiram até o momento aproximadamente 200 mil reais no negócio. Mas, no decorrer do ano passado faturaram apenas cerca de 4 mil reais. O empreendedor afirma:
“A gente percebeu que o nosso modelo de negócios não se paga. Nós não estamos conseguindo monetizar”
Por isso, os empreendedores acabam de adotar uma nova forma de monetização do serviço, através de planos de assinaturas. Nesta nova fase, o cadastro tanto para o cliente quanto para o fornecedor continua sendo gratuito. A diferença é que agora o fornecedor pode escolher entre três opções para a remuneração da EvEx.
No Plano Básico, não há assinatura, mas a comissão pela venda é de 15%; no Plano Top, o fornecedor paga 49,90 reais pela assinatura mensal ou 8% pela transação; e no Plano Premium, o custo da assinatura aumenta para 99,90 reais, sendo que neste caso não é cobrada comissão de venda. Os valores das assinaturas são reduzidos em 40% quando o contrato é anual. Até janeiro deste ano, a EvEx cobrava do parceiro apenas 10% de comissão por cada venda fechada e não havia a opção de assinatura do serviços.
O fato é que a plataforma está passando por constantes melhorias seja na otimização do sistema — como a implementação de um chatbot e do suporte via WhatsApp — ou na incorporação de novas facilidades, como o Salão de Eventos (nesta seção, o cliente cadastra seu evento que, automaticamente, é disparado simultaneamente para todos os potenciais fornecedores daquele serviço, ou seja, é uma tomada de preços à reversa). É importante destacar que o contato com o cliente é mantido desde a captação até a aceitação da proposta. “Na área de eventos, o corpo a corpo nunca vai deixar de existir”, diz Silvio. Ele prossegue falando das barreiras enfrentadas até aqui:
“Entregamos um produto inovador para um mercado que está um pouco devagar. Tenho esperança de que as coisas vão melhorar. Estamos em um ano de retomada”
Desde que o Centro de Convenções da Bahia (CCB), gerido pelo Governo do Estado, foi interditado, em 2016, por problemas conjunturais, a Prefeitura Municipal de Salvador promete um novo centro de convenções na cidade. A retomada do turismo de negócios é uma das apostas da startup. Se o projeto sair do papel, a previsão é que Salvador receba entre 25 e 30 eventos por mês, com a movimentação de 500 milhões a 700 milhões de reais por ano, de acordo com as projeções da prefeitura. Uma boa oportunidade para a EvEx.
COMO FOMENTAR NOVOS EVENTOS? CRIATIVIDADE!
A expectativa dos empreendedores é fechar 2019 com o faturamento de 150 mil reais. Além da captação por meio dos planos de assinaturas, a EvEx já está com o projeto desenhado da ExBA 19 — Evento Experience Bahia, uma iniciativa em parceria com a agência Plano A Eventos prevista para maio deste ano.
Durante dois dias, o circuito vai proporcionar ao público, estimado em 1200 pessoas, conhecimento, inovação, networking e novos negócios. A ExBA 19 terá palestras, workshops, tour virtual em espaços de eventos, entretimento, gastronomia e uma ala com cerca de 50 expositores.
“Acredito muito na criatividade como processo. Às vezes, a gente entra na rotina, mas não pode esquecer de garantir um tempo para provocar a criatividade, fazendo brainstorming e atividades de prototipagem”, fala o empreendedor, enquanto confabula novos eventos para agitar Salvador e, consequentemente, o futuro da EvEx.