Quem nunca ouviu a história de um profissional que foi contratado pela habilidade técnica e por colecionar especializações em determinada área, mas foi demitido por questões comportamentais? Ou se deparou, nos últimos meses, com textos falando sobre a importância da empatia e da autogestão para performar bem no mundo atual?
De um lado, há o advento da tecnologia com robôs roubando a cena para desempenhar tarefas repetitivas e rotineiras. De outro, estão as profundas transformações do ambiente de trabalho decorrentes da pandemia, que exigiu a adoção – às pressas – do home-office. Isso fez com que a atenção das empresas se voltasse aos aspectos humanos dos profissionais.
Um estudo feito pela Universidade de Brasília (UnB) mostra, por exemplo, que máquinas movidas por tecnologia de inteligência artificial devem ganhar ainda mais espaço e seguir substituindo postos de trabalho.
Segundo a pesquisa, até 2026, 54% dos empregos formais do país poderão ser ocupados por robôs. A porcentagem representa cerca de 30 milhões de vagas.
Nesse sentido, aperfeiçoar competências que as máquinas ainda não conseguem produzir é essencial.
O conhecimento técnico continua importante e é valorizado pelas empresas, mas o trampolim para uma carreira bem-sucedida e para os resultados positivos dos negócios está no desenvolvimento das habilidades humanas – as chamadas soft skills. Trata-se de posturas mais subjetivas e relacionadas à inteligência emocional.
Segundo dados do relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, 40% das core skills (habilidades essenciais) podem mudar nos próximos cinco anos e devem crescer em importância competências inerentemente “humanas”, como criatividade, originalidade, iniciativa e liderança.
O relatório aponta como as três mais importantes a aprendizagem intencional, a resolução de problemas complexos e o pensamento inovativo e criativo.
“As empresas precisam de pessoas que respondam rápido às mudanças, que façam o negócio seguir”, afirma Thais Almas, líder de Talent Acquisition da Sodexo Benefícios e Incentivos.
“Hoje a preocupação está ligada aos reflexos da Covid-19, mas daqui dez anos será outra coisa e os profissionais devem estar preparados para resistir a momentos de grande pressão, trazendo soluções e inovações”, diz.
Por lá, as soft skills são observadas desde o recrutamento. “Quando começamos um processo identificamos, além dos skills mais técnicos, quais são os comportamentos esperados do profissional”, explica.
Isso, segundo ela, sempre pensando na diversidade do time. Se não há um funcionário na equipe que seja mais inovador, o foco será buscar pessoas com essa habilidade.
De acordo com a executiva, as competências dependem muito do cargo. Ela exemplifica com um perfil comercial e um financeiro.
“O financeiro deve ser um pouco mais analítico e organizado, já o comercial precisa de habilidade de persuasão, comunicação e iniciativa”, diz.
Para isso, além da entrevista em si, em que há perguntas na linha “de que forma você agiu em determinada situação” e “conte um momento em que precisou resolver um problema complexo”, o RH aplica testes psicométricos que avaliam a capacidade e personalidade do candidato.
“Isso nos mostra, por exemplo, suas preferências de comportamento no ambiente de trabalho.”
A Sodexo investe, também, na capacitação e desenvolvimento constante dos colaboradores. Este ano, como parte da estratégia de atuação durante a pandemia, o RH formatou cursos voltados às competências ligadas a esse novo mundo do trabalho, em que boa parte do time está atuando em home-office. Como se organizar no trabalho em casa, saúde mental, antifragilidade e liderança foram alguns dos assuntos debatidos.
Entre as trilhas oferecidas pela companhia há uma voltada à liderança, cujo foco é o desenvolvimento e atualização dos novos líderes, que são essenciais para disseminar conhecimento e ajudam a dar o exemplo ao time das posturas valorizadas pela empresa.
Entre as novidades, está um programa no qual serão trabalhadas competências essenciais para o modelo de trabalho híbrido, como gestão de equipes remotas, flexibilidade, delegação, comunicação, influência e apetite ao risco.
Há, ainda, o programa Conectando Conhecimentos. “Neste ano, a ação teve como foco as habilidades relevantes para as novas formas de trabalho, incluindo a atuação em equipes híbridas, desafios do negócio Sodexo e o pilar de diversidade e inclusão”, conta Thais.
Ao longo de 2021 já foram desenvolvidos temas como autonomia, protagonismo, produtividade, feedback, aprendizagem ativa e algumas sessões especiais de diversidade como autismo e desafios de superação de pessoas com deficiência física. “Atuamos sempre para ajudar as pessoas a se desenvolverem”, diz.
Fonte: Relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial
Muito além de política pública, passou do tempo de equidade racial estar apenas na agenda de responsabilidade social de empresas no Brasil. Saiba o que grandes organizações, como a Sodexo, estão fazendo em prol dessa causa.