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Ética e compliance: por que estes assuntos são importantes para o seu negócio

Giovanna Riato - 8 nov 2018
Roberta Paoloni, gerente de Compliance da 3M para a América Latina, diz que investir em um código de integridade é essencial a qualquer empreendimento, das startups às grandes organizações,
Giovanna Riato - 8 nov 2018
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Desde 2014 o Brasil acompanha os desdobramentos da operação Lava Jato. A investigação da polícia federal expôs a corrupção entre políticos e órgãos públicos e trouxe como novidade a punição de empresas privadas envolvidas em esquemas ilegais. O escândalo deu força para a discussão sobre compliance nas empresas. De um lado, programas de ética com regras muito rigorosas são vistos como uma pedra no sapato da inovação ou da agilidade das organizações. Outro ponto de vista, no entanto, indica que só com regras bem estruturadas os negócios se desenvolvem de forma segura.

É assim que pensa Roberta Paoloni, 38, gerente de Compliance da 3M para a América Latina. Segundo ela, toda companhia tem pontos sensíveis e o caminho mais eficiente para reduzir as brechas é mapear estas ranhuras. “As empresas precisam se conhecer muito bem, identificar e entender os próprios riscos éticos para poder atuar de forma preventiva. Isso vale para negócios grandes ou para startups ou empreendimentos menores”, diz.

Ela reconhece que nos últimos anos o compliance tem se transformado em um clichê corporativo. Todo mundo fala sobre, mas nem sempre fica claro, na prática, como funciona um programa de integridade. “Compliance vem da palavra cumprir e nada mais é do que um conjunto de normas que regem a empresa”, resume. Na 3M, conta, esta abordagem passa por três pilares: prevenir, detectar e responder. A estratégia abrange o combate à corrupção e o cumprimento da legislação do país, incluindo regras de concorrência e de respeito ao consumidor. Além destes pontos, o programa deve levar em conta aspectos mais amplos, como a manutenção de um local respeitoso de trabalho: inclusivo, diverso e com relações saudáveis.

Roberta lembra que, há alguns anos, a companhia era pregadora no deserto ao falar de ética corporativa no Brasil. Não era tão comum as empresas terem programas estruturados e amadurecidos. Colocar cláusula de ética em contratos com parceiros e fornecedores soava precaução excessiva, conta. Agora é exatamente o inverso: está todo mundo olhando para a mesma direção. “Para nossa sorte percebemos cedo que a ética precisa ser um valor de negócio. Em 1988 desenhamos o nosso código de conduta que passou a ser usado globalmente”, diz.

COMO ESTRUTURAR UM BOM PROGRAMA DE COMPLIANCE?

Ao dar tanta prioridade ao assunto, a companhia se destacou no programa Empresa Pró-Ética, iniciativa do governo brasileiro que fomenta a adoção voluntária de medidas de integridade nas organizações. “Participamos desde 2010 e, nos últimos anos, com os escândalos de corrupção, a lista se tornou mais concorrida e a análise, mais rigorosa. Este ano 375 companhias se inscreveram, mas só 23 foram reconhecidas. A 3M é uma delas”, conta Roberta.

Com o destaque, veio também um pedido do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU): divulgar duas boas práticas em que a 3M se destaca, o que gerou infográfico para ajudar as empresas a melhorar a análise de suas contratações, com explicação detalhada sobre como conduzir uma pesquisa de cultura de compliance na organização. São esclarecimentos que podem contribuir para que outras companhias desenhem códigos de conduta e comecem seus próprios programas. Roberta acredita que todas as organizações, independentemente do tamanho, deveriam formular um conjunto de normas para reduzir riscos.

“O programa de compliance da 3M não serve para uma startup, mas uma jovem empresa pode desenhar um sistema próprio, capaz de garantir a flexibilidade e agilidade que o negócio precisa na fase em que está, mas com redução dos riscos e da possibilidade de problemas éticos”

Para a executiva, o primeiro passo para avançar com o tema é simples e indolor: se interessar pelo assunto. Tudo começa com uma ampla pesquisa, com a busca de referências, diz. Roberta sugere conversar com especialistas e consultar informações da CGU e de entidades como a Allience for Integrity. Depois, indica, o melhor caminho é fazer um mapeamento de riscos de problemas éticos da organização. “Há uma série de perguntas que precisamos responder: Quais são as interações da empresa com o governo? Como é o relacionamento com fornecedores? Em que momento são contratados consultores? Quais licenças são necessárias para operar? O segmento de atuação tem concorrentes éticos? O produto é muito regulado?” As respostas para estas questões podem indicar pontos de alerta, aspectos que precisam ser abordados com maior atenção.

Outro aspecto relevante, destaca, é o nível de pressão por resultados que a liderança da companhia impõe. Como diz Roberta, se as metas são inatingíveis, este pode ser um empurrão para que algum profissional quebre as regras para alcança-las, adotando práticas como, por exemplo, um suborno para fechar um contrato. Apenas depois de identificar os pontos sensíveis a especialista recomenda que sejam formuladas regras de conduta para minimizar riscos. Nessa hora, no entanto, o compromisso da empresa com a ética poderá ser colocado à prova:

“É preciso ter consciência de que nem toda decisão deve ser econômica. Algumas serão baseadas em valores da empresa e, se a ética não for um deles, vai ser difícil evitar problemas nessa área”

DÁ PARA INOVAR COM REGRAS TÃO RÍGIDAS?

Segundo Roberta, a 3M, com seus 92 mil funcionários no mundo, deixa claro o compromisso com a ética desde o processo seletivo. Internamente, há um trabalho forte de engajamento e conscientização. “Compliance, muitas vezes, é visto como algo que só atrapalha, que só pune. Para mudar esta impressão criamos um programa de reconhecimento, o Living the Code, que destaca globalmente colaboradores por comportamento ético. Dez funcionários do Brasil já foram reconhecidos no programa”, conta.

Roberta assume que não é simples, mas diz que a cultura de inovação pode conviver bem com as regras de compliance. Não existe receita pronta, defende, as empresas é que precisam equilibrar as coisas para não sufocar o negócio, ter um balanço certo entre proteção e restrição. “A verdade é que está todo mundo construindo. Ninguém tem maestria nisso”, diz. Ela conta que, ainda que pareça castrador no começo, ter um código de conduta passa a soar como algo essencial com o tempo. “É como a cadeirinha de criança no carro. De cara pareceu estranho, mas depois que as pessoas se acostumaram ninguém tem coragem de transportar o filho sem”, exemplifica.

A especialista acredita que, depois da avalanche de escândalos de corrupção envolvendo empresas, o Brasil tem uma grande vantagem para o futuro: está maduro para debater e construir ética nas organizações. “As pessoas, em geral, ganharam consciência sobre isso, entendem melhor as consequências. Os treinamentos e discussões sobre o tema são mais eficazes.” Neste novo momento, ela diz que a 3M larga com a ampla vantagem de ter experiência com o tema e uma cultura ética bem estabelecida. Tudo para construir um caminho melhor daqui para a frente.

 

 

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