Pouco antes de completar 17 anos, o estudante Vinícius Niimi Novo, de Sumaré (SP), estava ansioso. Seu contrato como menor aprendiz em uma empresa estava acabando. Ele precisava encontrar algum lugar para trabalhar porque a família, composta por mais dois irmãos, a mãe e a avó, dependia do salário dele para conseguir manter-se.
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Há dois anos, a também estudante Regina Guedes dos Santos Ferreira, também da cidade de Sumaré, que hoje tem 19, sentia que precisava fazer alguma coisa para começar a ajudar a família. Órfãos de pais desde que ela era criança, Regina e mais quatro irmãos viviam com o salário apenas do mais velho.
O que há em comum entre Vinícius e Regina? Os dois souberam do programa Formare, que o Instituto 3M promove há oito anos em suas quatro unidades (Sumaré, Itapetininga e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e Manaus, no Amazonas), inscreveram-se, foram selecionados, estudaram e aprenderam uma profissão. Ambos conseguiram ser incorporados, mais tarde, ao time da empresa. Suas vidas, assim como de suas famílias, foram impactadas e mudaram.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E VOLUNTARIADO
O Formare é um projeto social desenvolvido pela Fundação Iochpe, em parceria com empresas de médio e grande porte. Ele oferece curso de educação profissional a jovens de baixa renda que, com a qualificação, podem entrar no mercado de trabalho, gerando uma transformação social. Para se qualificar, o adolescente tem de estar matriculado ou ter cursado o ensino médio de escola pública e ter uma renda familiar de um salário mínimo per capita.
O programa acontece dentro das próprias fábricas das empresas e os educadores, que são voluntários, são os próprios funcionários das companhias. A parte pedagógica é desenvolvida pela Fundação Iochpe, com metodologia aprovada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, de acordo com as necessidades da empresa.
Na 3M, a primeira turma do Formare foi criada em 2012. O programa integra o pilar Ciência para a Comunidade, que promove ações que geram impactos na sociedade, melhoram a qualidade de vida e transformam a realidade da população. Junto da Ciência para o Clima e da Ciência para a Economia Circular, o tripé faz parte da abordagem de sustentabilidade da empresa, compromisso e meta global da 3M. Liliane Moura, supervisora do Instituto 3M, fala a respeito:
“O programa tem como objetivo desenvolver a comunidade próxima de nossas unidades. Ele acaba tendo muito impacto na vida da família toda do jovem que é selecionado”
Os 20 alunos por turma passam por uma carga de 600 a 900 horas de estudo durante oito meses. Nesse período, eles têm benefícios como plano de saúde, odontológico e seguro de vida, além de receberem meio salário mínimo como auxílio. “A contribuição em casa já começa a partir daí”, diz Liliane.
Todos saem formados como assistentes de produção industrial, o primeiro degrau da manufatura. O certificado é reconhecido por outras instituições e válido para qualquer outra empresa.
“Há duas questões muito fortes para os jovens nesse programa”, conta a supervisora. “Uma é a convivência corporativa. A outra, o ambiente de produção industrial. Eles já saem do Formare bastante acostumados com essas culturas e, assim, com vantagens em futuros processos seletivos. É o primeiro emprego, que eles vão conseguir depois de formados, que vai possibilitar a eles, por exemplo, pagar uma faculdade.”
UMA PROFISSÃO E SONHOS REALIZADOS
Até hoje, 343 alunos concluíram o curso e 283 funcionários foram educadores voluntários – as turmas atuais contam com outros 78 jovens. Deles, cerca de 60% acabaram incorporados ao quadro de funcionários da própria 3M. É o caso de Vinícius e Regina, nossos personagens lá de cima desta reportagem.
“Sempre passava em frente à 3M e falava para a minha mãe que trabalhar lá era meu sonho”, diz Vinícius, que hoje tem 20 anos. “Ela me dizia que eu tinha de dizer que ia trabalhar lá um dia, como forma de profetizar esse sonho. Minha chance chegou com o Formare”, conta.
Estar na fábrica o ajudou a repensar seu futuro. “Eu dizia desde pequeno que queria ser engenheiro civil, mas, quando comecei o Formare e conheci a produção, me apaixonei”, diz. Hoje ele cursa engenharia de produção, faculdade que paga com seu salário.
“Se eu estivesse fazendo engenharia civil não estaria tão realizado quanto me sinto hoje. Isso mudou minha vida e sinto que vai mudar ainda mais.”
Sua colega Regina morava em frente à unidade da 3M, em Sumaré e, como Vinícius, queria muito poder trabalhar na companhia. “Soube do Formare por meio de uma amiga. Me inscrevi e participei da sétima turma”, relembra. “O programa me trouxe um outro mundo. Pude ver realmente como era ter responsabilidade. Tive experiências maravilhosas. Uma delas, um encontro com voluntários de outras unidades da 3M no mundo, me incentivou a querer fazer um curso de inglês.”
Hoje ela é auxiliar de produção da 3M e tem planos para seguir a profissão. “É muito bom colocar em prática aquilo que aprendi na teoria. Ano que vem já vou fazer faculdade de gestão de produção e qualidade.” Sua maior alegria, no entanto, foi poder contar para o irmão mais velho, que teve um câncer e não resistiu, que ela havia conseguido a vaga na companhia alguns meses depois de concluir o Formare. “Antes de meu irmão partir pude contar para ele essa conquista. Ele sempre falava que eu voltaria para a 3M.”
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