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Futuro é coisa séria: você já sabe como vai viabilizar a aposentadoria?

Bruna Borelli - 15 maio 2018
Comece a planejar sua aposentadoria hoje para caminhar com passos seguros rumo a um futuro feliz e tranquilo
Bruna Borelli - 15 maio 2018
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Visitar ilhas remotas e destinos paradisíacos: foi com esse objetivo em mente que o bancário paulista Sadi Tomazoni Jr. criou o hábito de guardar dinheiro. Na época, ele tinha 19 anos (metade dos seus 38 atuais) e zero preocupação com o tema “aposentadoria”, que passava então a milhares de quilômetros dos seus pensamentos.

“Porém, depois de alguns anos, e de viagens para o Tahiti, a Austrália e a Ilha de Páscoa, que eu queria muito conhecer, fui entendendo que precisava guardar algo para o dia em que me aposentar. Eu nunca confiei muito na Previdência brasileira. E sabia que o quanto antes iniciasse o hábito de poupar, mais fácil seria manter esse costume ao longo da vida.”

Se não há consenso sobre o chamado rombo da Previdência, o fato é que as despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com pagamentos de aposentadorias e pensões quadruplicaram de 1995 a 2017, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Enquanto isso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de idosos do Brasil cresce acima da média mundial.

Guardar dinheiro pensando no amanhã, portanto, é saudável e possivelmente urgente. Sadi começou como um investidor de perfil conservador (“era tão difícil acumular aqueles R$ 50, R$ 100 por mês, que não podia nem pensar em perdê-los”); conforme foi ganhando confiança, conhecimento e aumentos salariais, passou a aplicar de 10% a 30% do rendimento por mês – e a tolerar mais riscos, diversificando a carteira entre ativos de renda fixa e variável.

Hoje, ele se enquadra em um perfil de investidor moderado, a meio caminho entre o conservador e o agressivo (aquele mais disposto a correr riscos para ter ganhos polpudos). De olho no futuro, Sadi projeta chegar aos 60 anos com uma renda mensal vitalícia de R$ 7,5 mil – um incremento de 50% em relação a sua proposta inicial, de R$ 5 mil.”

“Já aconteceu, claro, de eu não conseguir fazer aportes em determinados períodos. É natural que às vezes, na vida, existam obstáculos que impeçam aportes mensais. Mas, depois de tudo restabelecido, não podemos esquecer de voltar a poupar.”

Disciplina é essencial, concorda Fábio Macedo, gerente comercial da Easynvest. “Hoje, a facilidade para investir é muito grande. O verdadeiro desafio é ter essa recorrência nos aportes. É preciso ser bastante focado.”

O pulo do gato é começar a investir cedo: assim fica mais fácil de assimilar essa disciplina (e mantê-la mais tarde, quando você estiver entrando na meia idade e seu poder de compra se tornar mais robusto). Antes de pensar em aposentadoria, porém, é fundamental se planejar para se algo der errado no curto prazo. Estamos falando da reserva de emergência. Sabe? Aquela grana suficiente para pagar todas as contas e viver por pelo menos seis meses, em caso de alguma adversidade, como uma demissão ou doença na família.

Você já tem a sua reserva de emergência garantida? Ótimo. Ainda não sabe como vai se sustentar quando não estiver mais trabalhando? Então passou da hora de planejar sua aposentadoria – independentemente da sua idade.

Fábio conta que um dos ativos mais procurados por jovens investidores de perfil conservador começando a pensar em aposentadoria é o Tesouro IPCA, título emitido pelo governo e vinculado ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (que ficou em 0,22% em abril e serve de parâmetro da inflação), com vencimento até 2050.

“Estamos falando de um pouco mais de trinta anos de prazo, o que torna o produto bastante atraente para esse tipo de investidor porque há uma taxa pré-fixada, além da proteção da inflação do período.”

O Tesouro Direto permite aplicações a partir de R$ 30 – um valor acessível até para você que rala como estagiário e ganha uma ajuda de custo. Ainda em títulos de renda fixa, Fábio reforça que, a longo prazo, o CDB (Certificado de Depósito Bancário, emitido pelos bancos para captar recursos) está pagando taxas “muito atrativas”, tanto o pré-fixado quanto o pós-fixado.

Risco é uma questão pessoal: cabe a cada um definir o nível de exposição que está disposto a se submeter. Feito o alerta, diversificar os investimentos incluindo ativos de renda variável pode ser um caminho (sobretudo para os mais jovens) para consolidar lá na frente a sua aposentadoria. “Eventuais oscilações desses ativos tendem a corrigir para o valor justo com o passar do tempo, então a janela de horizontes aumenta bastante”, diz Fábio.

Não são apenas os jovens com perfil agressivo que têm apostado em renda variável. Com a taxa Selic (a taxa básica de juros, determinada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central) atualmente no patamar mais baixo da história, investidores de perfil moderado também estão se aventurando na renda variável, como forma de evitar perdas e diversificar os investimentos.

“Até pouco tempo atrás, era possível obter bons resultados com a renda fixa, manter rentabilidade alta sem muito risco”, diz Fábio. “A mudança de cenário da Selic tem levado muita gente, principalmente jovens, a fazer realocações em suas carteiras para a renda variável.”

Para se iniciar no mundo da renda variável, diz Fábio, há duas alternativas: terceirizar a gestão e seleção dos ativos para um profissional especializado; ou assumir as rédeas de suas finanças e montar uma carteira própria. Nesse caso, avalie se vale a pena mirar ações com tendência de se valorizar no médio e longo prazo, como os Fundos de Índices ou ETFs (Exchange Traded Funds), que acompanham o movimento dos principais índices da Bolsa.

Outra opção para quem topa mais riscos em troca de rentabilidade são os Fundos Multimercado. “Nesse tipo de fundo, o gestor aloca os ativos de acordo com o cenário”, diz Fábio. “Se ele acha que o dólar vai subir, compra a moeda; se acha que a bolsa vai cair, ‘vende bolsa’, e por aí vai. A médio e longo prazo esse tipo de investimento tem dado um bom resultado.”

Pessoas com idade mais avançada, mas que ainda têm de encarar uns dez anos de contribuição pela frente, em geral adotam a estratégia de pisar no freio e reduzir o volume aplicado em renda variável, aumentando em contrapartida os ativos de renda fixa, como CDB, LCI ou títulos públicos. Assim, qualquer volatilidade no mercado produzirá um impacto menor na sua carteira. Investidores na casa dos 60, prestes a fazer suas retiradas mensais vitalícias, também costumam evitar grandes riscos e oscilações.

“Porém, em linhas gerais, os produtos de investimento não mudam tanto com a idade. O que muda é: se você começar a investir muito tarde, vai precisar destinar quantias maiores para conquistar uma aposentadoria tranquila.”

Não quer dizer que seja impossível correr atrás do prejuízo, longe disso. É o que o metalúrgico sergipano Manoel Neto, de 40 anos, está fazendo agora (e o que você precisa fazer também, se ainda não planejou sua aposentadoria!).

“Eu demorei para investir pensando no futuro. Passei a me preocupar com isso há apenas três anos. Não quero chegar aos 50 anos necessitando de um trabalho. Quero ter uma boa margem em investimentos e trabalhar somente como forma de me ocupar, fazendo coisas diferentes”, diz Manoel.

Para compensar o “tempo perdido”, turbinar seus rendimentos e cruzar com rapidez e segurança a “linha de chegada”, Manoel montou uma carteira de investimentos intencionalmente mais agressiva, diversificada entre produtos de renda fixa e variável. Ele conta com a ajuda da família na hora de decidir a estratégia para garantir o sonhado descanso.

“Um dos pontos mais importantes para mim é planejar direitinho com a minha mulher e meus filhos. Todos participam. Traçamos metas e objetivos claros visando ter dias felizes e tranquilos no futuro.”

Um futuro feliz e tranquilo: quem não quer? Para chegar lá, porém, é preciso planejamento, começando desde já.

 

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