O professor Emannuel Santos, morador de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, usa o carro diariamente para ir ao trabalho, resolver compromissos e se divertir com os amigos. Parece uma rotina banal para milhões de pessoas, mas, para Santos, há nela um significado muito maior. Como cadeirante, até então ele dependia da ajuda de outras pessoas para se locomover. Isso até comprar seu Uno adaptado. “Ganhei a minha liberdade junto com o veículo”, ele conta. “Hoje, tenho independência para fazer tudo o que eu quiser. Até já viajei dirigindo sozinho”, comemora.
Os carros adaptados estão dando autonomia a todo um novo contingente de pessoas com algum tipo de deficiência ou dificuldade de locomoção. As vendas de automóveis para pessoas com deficiência – PCD, na sigla usada pelo mercado e pelo governo – simplesmente triplicaram nos últimos quatro anos, passando de 42 mil para 139 mil unidades por ano. Atualmente, já representam mais de 8% do total do mercado de carros no país.
No Brasil, embora a acessibilidade ainda seja uma realidade distante na maioria das cidades, a inclusão vem ganhando força no universo automobilístico desde 1995, quando foi firmado um convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para isentar as compras por PCD de uma série de impostos. Sem a incidência do IPI, ICMS, IPVA e IOF, os carros passaram a custar cerca de 20% menos para esse público. E, a partir de 2013, esse mercado teve uma nova série de incentivos, à medida em que novas deficiências foram sendo incluídas na lista de patologias passíveis dos benefícios (confira lista atualizada mais abaixo).
Os incentivos fiscais, claro, atraíram investimento das fábricas no desenvolvimento de produtos criados ou adaptados para esse público. Um exemplo é a versão exclusiva do Jeep Renegade 1.8 com câmbio automático especial para o segmento PCD. “Pela norma, para se ter isenção de IPI e ICMS, o preço máximo do veículo deve ser R$ 70 mil”, conta Fábio Biluca, consultor de vendas diretas da FCA. “Acima desse valor, a isenção é apenas de IPI. Por isso, a FCA criou um modelo especial para atender essa demanda específica.” Entretanto, como explica Biluca, todos os carros do grupo estão disponíveis às pessoas com deficiência.
Apenas no primeiro bimestre deste ano, os negócios da FCA nesse mercado cresceram 130% em relação ao mesmo período de 2016. A versão exclusiva do Renegade é a mais vendida da empresa para esses consumidores. Ela e outros modelos adaptados, como o Uno, o Mobi e o Compass, foram os destaques da FCA na Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech) que ocorreu em São Paulo entre quinta-feira (1) até domingo (4/06) últimos. O analista de sistemas Honório Luiz de Carvalho foi um comprador do Renegade em sua versão exclusiva, no ano passado. “Os comandos automáticos e os controles no volante facilitam a direção de quem tem mobilidade reduzida”, avalia Carvalho, que usa cadeira de rodas.
O aposentado Eduardo Correa, também de São Paulo, tem artrose no joelho direito (uma das doenças incluídas na lista de isenção mais recente). Ele conta que, no Renegade especial, descobriu um conforto na direção que ele não conhecia: “Não sinto mais dores ao conduzir”, ele conta. “Além do freio e do acelerador no lado esquerdo, a ergonomia do carro, por ser mais alto, melhora a minha postura ao volante e facilita a entrada e a saída.”
Como comprar?
Para comprar um carro com isenção fiscal, as pessoas com deficiência que desejam conduzir o veículo precisam ter a Carteira Nacional de Habilitação Especial. O documento é retirado após perícia no SUS ou no Detran. O profissional da perícia indicará quais as adaptações precisam ser feitas em cada caso. Essas adaptações são realizadas em empresas autorizadas pela FCA para atender às necessidades específicas de cada cliente. Confira abaixo as principais doenças que dão direito à compra do veículo com isenção de impostos:
Amputações
Artrite reumatóide
Artrodese
Artrose
AVC
AVE (Acidente Vascular Encefálico)
Autismo
Alguns Tipos de câncer
Doenças degenerativas
Deficiência Visual
Deficiência Mental (severa ou profunda)
Doenças neurológicas
Encurtamento de membros e más-formações
Esclerose múltipla
Escoliose acentuada
LER (Lesão por esforço repetitivo)
Linfomas
Lesões com sequelas físicas
Manguito rotador
Mastectomia (Retirada da mama)
Nanismo (Baixa estatura)
Neuropatias diabéticas
Paralisia
Paraplegia
Parkinson
Poliomielite
Próteses internas e externas, exemplo: joelho, quadril, coluna etc.
Problemas na Coluna
Quadrantomia (Relacionada a câncer de mama)
Renal crônico com uso de (Fístula)
Síndrome do túnel do carpo
Talidomida
Tendinite crônica
Tetraparesia
Tetraplegia
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