Em meio à sopa de letrinhas do mundo dos investimentos, você já deve ter ouvido falar na Selic. Ela é tão importante que pode ser traduzida como a taxa básica de juros da economia, hoje em 6,5% ao ano — o menor patamar da história. Não à toa, a Selic interfere em outras taxas praticadas no mercado, seja em modalidades de crédito, seja em rentabilidades de aplicações financeiras.
Sua função máxima é agir como uma espécie de “reguladora” da inflação e dos juros no país, conforme as diretrizes estabelecidas pelo Banco Central (BC), conhecido como autoridade monetária. Na prática, o BC abre ou fecha a “torneira” de dinheiro que circula no mercado e se vale da taxa básica de juros para fazer isso.
“Toda atividade econômica — desde o investimento, as compras e os empréstimos que você contrai — tem por base a taxa Selic, que podemos classificar como a taxa oficial de juros do Brasil, a exemplo de outros países, que também têm as suas taxas de juros oficiais”, explica Betty Grobman, sócia da escola de finanças BSG DuoPrata e professora do Ibmec, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e da B3 Educação.
Por exemplo, a queda da Selic aumenta o montante de dinheiro em circulação. Assim, o consumo tende a ganhar mais fôlego e, consequentemente, os juros ficam menores na praça. Por outro lado, se o movimento for de alta da Selic, a tendência é que os bancos repassem essa elevação para as taxas de juros em empréstimos. Ainda assim, o aumento ou a redução dos juros de mercado não são praticados na mesma proporção que a queda da Selic.
A taxa básica de juros é definida a cada 45 dias pelo chamado Copom (Comitê de Política Monetária), órgão formado pelo presidente e por diretores do BC. Depois de reuniões, normalmente em dois dias, o comitê fixa uma meta para a taxa Selic. Isso significa que as instituições financeiras precisam usar esse percentual como referência, tanto nos juros do crédito, quanto no retorno dos investimentos.
Como a Selic mexe com a rentabilidade dos investimentos
A taxa Selic também tem impacto direto sobre a rentabilidade de investimentos, principalmente de Renda Fixa. Isso porque papéis como CDB (Certificado Depósito Bancário), RDB (Recibo de Depósito Bancário), LC (Letra de Câmbio) e outros costumam utilizar o chamado CDI (Certificado de Depósito Interbancário) como taxa de referência. Na prática, o CDI acompanha de perto a variação da Selic. Ou seja, se a taxa básica subir, o CDI também sobe. Além disso, a Selic é considerada uma “taxa livre de risco”, ou seja, um patamar mínimo de retorno para qualquer investimento, como observa Juliana Inhasz, coordenadora da graduação em Economia do Insper:
“Ninguém vai querer ganhar menos do que aquilo que conseguiria ganhar na economia, com um risco baixo. Se a taxa livre de risco sobe ou desce, por exemplo, qualquer investimento vai ter essa taxa como base.”
Mesmo com o cenário de juros baixos, é importante que o investidor pessoa física tenha aplicações de Renda Fixa. Em geral, são produtos menos arriscados. “Ter uma parte dos investimentos nesse tipo de ativo dá maior segurança para o investidor”, afirma Juliana.
É fundamental respeitar sempre o perfil de tolerância a risco do investidor, os objetivos do investimento e o horizonte de tempo antes de escolher as aplicações financeiras, lembra Betty. “Se você é conservador, fuja de uma concentração muito grande de recursos em Renda Variável.”
A influência da Selic na Caderneta de Poupança
O movimento de sobe-e-desce da taxa Selic também afeta a remuneração da caderneta de poupança. Para essa modalidade de investimento, a regra é a seguinte:
– Selic menor ou igual a 8,5% ao ano (cenário atual): o rendimento é de 70% da taxa Selic + TR (Taxa Referencial, atualmente zero);
– Selic maior que 8,5% ao ano: o rendimento é de 0,5% ao mês + TR.
Histórico da Selic
Até 1999, a taxa básica de juros da economia no país era conhecida por Taxa Básica do Banco Central (TBC). De lá pra cá, o Copom passou a divulgar a meta para a Selic. Hoje em 6,5%, menor patamar histórico, a taxa básica de juros serve de termômetro da economia.
Entre 2015 e 2016, quando o Brasil passou pelo auge da crise econômica, a Selic chegou a atingir 14,25% ao ano. O movimento de queda dos juros começou no final de 2017, reflexo do início da recuperação gradual da economia. De lá pra cá, o Banco Central praticou uma redução gradativa do juro básico.
Por nove reuniões consecutivas (a última em 8 de maio), o Copom manteve a Selic em 6,5% — conforme a estimativa mais recente do Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a taxa básica de juros deve permanecer nesse patamar até o fim do ano.
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