“I AM SP! A Rua é o Palco”: uma chamada criativa pela arte de rua que vai além do grafite

Bruno Leuzinger - 24 jun 2016 Bruno Leuzinger - 24 jun 2016
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Osgemeos, Kobra e outros gênios do grafite transformaram São Paulo em uma cidade menos cinza, uma galeria grandiosa e pulsante onde o colorido de muros e paredes cegas de edifícios dá expressão visual a um movimento cada vez mais forte de clamar e ocupar o espaço público. Mas a arte urbana também é feita de performance, obra de gente criativa e anônima que labuta fabricando espetáculos na calçada, em meio ao fluxo muitas vezes impaciente de pedestres.

É para dar visibilidade a esses artistas – herdeiros dos saltimbancos e menestreis medievais – que a ProjectHub, o Consulado Geral da Holanda e a Nuffic Neso Brazil estão lançando a chamada criativa I AM SP! A Rua é o Palco. “Nossa intenção é ampliar o que o paulistano entende por arte de rua. Além do grafite, queremos mostrar como a dança, o circo, a música, o teatro e até a literatura e o cinema ocupam o espaço público com as suas intervenções”, diz Lucas Foster, criador da ProjectHub.

I AM SP! A Rua é o Palco pretende engajar profissionais de diversas áreas para formularem novos modos de promover e divulgar os artistas de rua. “A ideia é que empreendedores criativos possam criar peças e campanhas. Por exemplo, desde a criação de cartazes ou cartões-postais sobre São Paulo até uma conta no Instagram ou um spot de 15 segundos para o Facebook”, diz Lucas. Entre outras referências que serviram de inspiração para a chamada criativa, ele cita o projeto do designer e músico Paulo Braga, que criou um modelo de press-kit com conteúdo em pop-up para bandas independentes divulgarem seus trabalhos.

A parceria entre a ProjectHub, o Consulado da Holanda e o Nuffic Neso Brazil (órgão que faz o meio de campo entre universidades holandesas e os brasileiros que querem estudar no país) alinha-se com o contexto de cooperação entre as prefeituras de São Paulo e Amsterdã, que em 2014 assinaram um Memorando de Entendimento para colaborarem em várias frentes. Na segunda-feira, 20 de junho de 2016, o prefeito Eberhard van der Laan esteve na capital paulista para tratar de questões do acordo e participar de um evento sobre Cidades Inteligentes.

Na ocasião, Van der Laan pôde dividir um pouco da experiência do Amsterdam Smart City, uma plataforma usada por moradores, empresas e instituições para submeter projetos colaborativos ligados a temas como mobilidade, energia e manejo da água e do lixo – sempre com o propósito de desenvolver serviços mais eficientes e melhorar a qualidade de vida da população. “O programa trabalha com o conceito de Amsterdã como um laboratório urbano, onde soluções inovadoras podem ser testadas. A abordagem é de baixo para cima: o Amsterdam Smart City lida com inovação movida pelos cidadãos”, diz o prefeito.

Ele acredita que alguns projetos (como o Rain Sense, que propõe o uso de ferramentas colaborativas para monitorar a chuva e tornar a cidade mais resiliente a inundações) poderiam ser adaptados e implementados em São Paulo. Durante a visita, a comitiva holandesa aproveitou para pedalar pela Avenida Paulista e sentir um pouco da vibração da cidade. “A arte de rua, claro, também é uma iniciativa de baixo para cima. Pudemos ver alguns lindos trabalho de arte em São Paulo e sentimos que os cidadãos só teriam a ganhar com um aumento de visibilidade dos artistas. O que, de novo, é do que se tratam as Cidades Inteligentes: de seus cidadãos.”

“O conceito de Cidades Inteligentes resgata a importância de redesenhar espaços urbanos”, diz Ellen Bijsma, diretora do Nuffic Neso Brazil. “As cidades não são apenas espaços funcionais, de passagem, mas sim locais de interação entre as pessoas. A arte tem um papel fundamental nesse redesenho, oferecendo misturas, experiências e descobertas para ajudar a comunidade a resgatar sua relação com o espaço público. Dessa forma, o concurso convida a olhar esses profissionais por uma ótica mais humana, criando iniciativas promocionais que despertem curiosidade sobre seus trabalhos. “

“Na Holanda, especialmente em Amsterdam, músicos, grafiteiros e performistas em geral, espalham-se por todas as regiões, enriquecendo o plano cultural da cidade e oferecendo entretenimento de baixo custo para população. Acreditamos que São Paulo tem o mesmo potencial e veia artística pulsante”, afirma a diretora do Nuffic Neso Brazil. Lucas, da ProjectHub, ecoa a ideia: “O concurso I AM SP! A Rua é o Palco nasce com o objetivo de mostrar como São Paulo e Amsterdã, duas das cidades mais apaixonantes do mundo, acreditam na arte de rua como estratégia de fomento de qualidade de vida.”

As inscrições para a chamada criativa já estão abertas e vão até o dia 15 de agosto. O vencedor será selecionado por um comitê multidisciplinar (formado por especialistas na área de design e de artes em geral) e, como prêmio, ganhará uma viagem a Amsterdã para apresentar seu projeto. Ficou interessado? Então confira o regulamento, exercite a sua criatividade e participe!

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