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Queda de 75% no faturamento: este é o impacto até aqui da Covid-19 para os pequenos negócios. Veja ações para combater a crise

Dani Rosolen - 16 abr 2020
Bruno Dilda, diretor de negócios da Azulis, que criou a plataforma Salve os Pequenos.
Dani Rosolen - 16 abr 2020
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O Brasil tem hoje 6,4 milhões de pequenos negócios, fonte de renda de quase 43 milhões de pessoas. Os dados, de 2019, são do Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

Agora, uma pesquisa recente, realizada pela entidade (entre os dias 3 e 7 de abril) com 6 080 empreendedores de pequeno porte de todo o país, revela um cenário sombrio quanto ao impacto do coronavírus sobre esses negócios.

De acordo com o levantamento, 88% dos entrevistados tiveram queda de aproximadamente 75% no faturamento. Mais de 62% precisaram paralisar suas atividades temporariamente — ou fechar as portas em definitivo. Dos 38% que continuam operando, a maioria teve de fazer adaptações. Muitos foram ao sistema financeiro em busca de crédito; segundo o Sebrae, 60% deles tiveram o pedido negado.

Até aqui, o governo anunciou algumas medidas, como o auxílio emergencial para MEIs que faturaram até 28 mil reais em 2019 e a oferta de crédito para folha de pagamento de funcionários (no caso de empresas que faturam a partir de 360 mil reais por ano).

E, nos próximos três meses, o próprio Sebrae deve destinar metade da sua arrecadação para o Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe), o que deve viabilizar cerca de 12 bilhões de reais em crédito aos pequenos negócios.

A crise gerada pelo coronavírus tem despertado também reações de startups, varejistas e grandes empresas, solidárias às dificuldades enfrentadas pelos pequenos empreendedores. Destacamos aqui algumas dessas iniciativas:

SALVE OS PEQUENOS

A campanha/plataforma Salve os Pequenos é uma ação pro bono capitaneada pela Azulis, startup de gestão  de negócios ligada ao Grupo Red Ventures.

Há duas semanas, a empresa lançou uma plataforma online gratuita para ajudar a conectar o delivery de pequenas empresas (em cidades acima de 100 mil habitantes) e seus clientes em confinamento. Assim, as duas pontas negociam a forma de entrega e de pagamento diretamente, sem intermediários.

Na plataforma Salve os Pequenos, os consumidores podem procurar empresas perto de sua casa que fazem delivery.

Bruno Dilda, diretor de negócios da Azulis, diz que a ideia surgiu quando a equipe entrou em home office. “Bem na frente do nosso escritório tem uma bombonière e todo dia o pessoal ia comprar algo lá. Percebemos que essa galera estava ficando sem o dinheiro que gastávamos ali.”

Eles criaram o site numa quarta-feira, realizaram testes na na sexta, e na segunda já estava no ar. Hoje, duas semanas depois, diz Bruno, mais de 2 mil estabelecimentos de cerca de 180 cidades estão cadastrados na página, que já recebeu mais de 100 mil acessos. Para se cadastrar, o empreendedor informa contatos pessoais, a categoria de serviço e produtos oferecidos por sua empresa, e em que cidades e bairros está realizando entregas.

Bruno destaca que o delivery, a criação de perfis nas redes sociais e de novos canais de comunicação com o consumidor (estratégias que muitas empresas só adotaram agora, na crise) tendem naturalmente a beneficiar os empreendimentos no cenário pós-pandemia:

“Tem setores que se adaptam melhor a esse momento. Em alguns casos, precisamos buscar ações mais criativas, como vender voucher ou cupons para os empreendedores terem receita agora e prestarem o serviço depois”

A Azulis também teve de se adaptar, já que houve uma mudança nas necessidades do seu público-alvo, os empreendedores. “Hoje, eles não estão buscando maquininha de cartão de crédito, mas maneiras de fazer um empréstimo. E nós estamos procurando formas de ajudá-los nesse sentido.”

#COMPRE DO BAIRRO

Oito lideranças empresariais brasileiras, em parceria com o Sebrae, estão engajadas no movimento #CompredoBairro, que busca incentivar as pessoas a adquirirem produtos do comércio de bairro. Segundo Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee:

“Queremos conscientizar a população de que comprar produtos nacionais e do pequeno varejista é uma maneira de ajudar a economia. E, ao mesmo tempo, manter viva essa cultura afetiva do brasileiro, essa relação de proximidade e confiança que temos para com o comércio de bairro”

Os demais embaixadores do projeto são Alcione Albanesi (da ONG Amigos do Bem), Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora), André Street (Stone), Artur Grynbaum (Grupo Boticário), Fred Trajano (Magazine Luiza), Jean Jereissati Neto (Ambev) e Marcel Szajubok (Embelleze).

Outro objetivo do #CompredoBairro é capacitar, gratuitamente, o pequeno varejo brasileiro por meio de acesso à informação e cursos, com curadoria do Sebrae, da Endeavor e da consultoria LHH. A plataforma traz conteúdos sobre temas como gestão financeira e contábil, acesso a crédito, digitalização e marketing digital.

O movimento #CompredoBairro tem o apoio do Sebrae.

Segundo Guilherme, oferecer conteúdo de formação é crucial para que esses negócios enfrentem a crise:

“Conhecemos, de maneira bastante próxima, as dores, as angústias e as incertezas que rondam esses comerciantes e sabemos que a falta de capacitação técnica especializada é uma questão que se impõe urgente para esse segmento, sobretudo neste momento.”

MAIS INICIATIVAS

Quatro startups se uniram para produzir um Manual de Sobrevivência para PMEs. No material dividido em seis categorias, como vendas e recursos humanos, é possível acessar entrevistas dos CEOs e líderes da Gama Academy, Octadesk, Ramper e Runrun.it compartilhando seus conhecimentos, experiências, erros e acertos.

Outra startup — a Conta Azul, fintech de gestão B2B — lançou o movimento #pequenagrande para ajudar a mitigar os impactos da crise nas pequenas empresas e nas empresas contábeis por meio da oferta de conteúdos e cursos online. O material, que tem o apoio da Endeavor, explica conceitos de administração e gestão financeira das contas patrimoniais para auxiliar no corte de custos, equilibrar o caixa e preparar o empreendedor para o momento pós-crise.

O YouTube criou um conjunto de ferramentas, chamado YouTube Video Builder, para ajudar pequenos negócios com pouca experiência em edição de vídeo e recursos limitados a criarem anúncios baratos e simples (de 6 a 15 segundos) em seus canais. A publicidade é exibida no espaço publicitário antes dos vídeos da plataforma.

O Serasa Experian está promovendo lives no seu perfil do Instagram todas as quintas-feiras deste mês, às 18h, com especialistas abordando assuntos como aumento de segurança nas vendas, capacitação remota e gestão de pessoas para micro, pequenas e médias empresas. Os temas das primeiras lives foram selecionados a partir de dúvidas e pedidos de ajuda que a companhia tem recebido.

As Americanas estão dando uma força para os pequenos comerciantes locais (de donos de farmácias a pet shops) oferecendo gratuitamente sua plataforma de logística — ou a entrega dos produtos diretamente num raio de 2 quilômetros. Basta se cadastrar no site da B2W Marketplace (dona da marca), acessando a opção “Venda com a Gente”.

E a Claro anunciou que a partir da semana que vem vai disparar para seus clientes notificações por push, baseadas em geolocalização, com sugestões de comércios e serviços disponíveis nos bairros. Empreendedores interessados em participar do Push do Bem devem se cadastrar neste link. Com o recurso, poderão enviar notificações com até cinco imagens de seus produtos e serviços para o público de sua região.

 

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