Por Teca Eça
“Aprendi a tricotar ainda criança, observando as mãos habilidosas da minha mãe. Quando fiquei mais velha, cada amiga que engravidava ganhava um casaquinho feito por mim. Sempre foi um prazer poder dividir esse talento com outras pessoas.
“Há cerca de dois anos, durante o inverno, fui convidada a participar de um grupo que tricotava cobertores para moradores de rua. Nos reunimos semanalmente por um tempo e entre os participantes também havia mulheres que faziam crochê, técnica que eu ainda não dominava.
“Durante os encontros, conversávamos sobre a ocupação da cidade e como alguns espaços pouco tinham de acolhedores. Era o caso do Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, que após anos de reforma se tornou um ambiente frio e cinza demais, apesar de bonito.
“Então surgiu a ideia, em abril do ano passado, de criar o Coletivo Agulha. Nosso objetivo é promover intervenções urbanas por meio do artesanato. Começamos com quatro pessoas e hoje já somos em quase vinte, entre artesãos, arquitetos e roteiristas, como eu.
“A primeira ocupação foi no próprio Largo da Batata, onde instalamos bolas feitas de crochê. Também já participamos de uma festa por lá, onde distribuíamos quase 300 colares como este que estou usando na foto. A propósito, ela foi tirada durante uma das viagens à Amazônia, onde estou produzindo um documentário.
“Sou apaixonada pelo Elevado Costa e Silva, o controverso Minhocão, e favorável à transformação dele em um parque. Tanto que em uma de nossas intervenções produzimos murais coloridos e instalamos cadeiras revestidas de crochê para que as pessoas tirassem fotos ali. Foi muito bacana!
“Depois de dois dias, infelizmente, retiraram tudo. Por outro lado, acreditamos que o que fazemos é uma prática de desapego. A nossa cidade é feita por nós, e também pelas pessoas que retiraram os painéis.
“Agora, planejamos crochetar um “rio” na Praça Roosevelt, região central da cidade, e já iniciamos uma bonita iniciativa, de ensinar mulheres em tratamento de câncer a produzir gorros e turbantes. Uma vez por mês, pretendemos passar uma manhã no hospital e, além de ensiná-las, levar doações de peças de crochê feitas especialmente para elas. A ideia é fazer com que essa rede, colorida e alegre, aumente a cada dia.”
Teca Eça, 53, é roteirista, tricoteira, crocheteira e vive em São Paulo (SP).
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