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Mais do que vender sabonetes, a NUAÁ quer quebrar tabus sobre a saúde e a higiene íntima feminina

Dani Rosolen - 28 abr 2025
Fabi Giralt, cofundadora da NUAÁ.
Dani Rosolen - 28 abr 2025
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Menstruação, menopausa, sexualidade, higiene íntima… Todos esses temas ainda são cercados de tabus. Mas o movimento das femtechs vem abrindo espaço para novas conversas — e soluções — em torno da saúde da mulher.

É nesse contexto que surgiu a NUAÁ, marca de sabonetes íntimos em espuma fundada em 2020. Suas formulações combinam ingredientes naturais e veganos; prebióticos; e óleos essenciais. Sem sulfatos, parabenos ou fragrâncias sintéticas, os produtos foram pensados para acompanhar as mulheres da puberdade à menopausa.

Mais do que vender produtos (disponíveis no site e em farmácias, perfumarias e lojas de sexual wellness), a NUAÁ quer provocar um diálogo. É o que afirma Fabi Giralt, cofundadora da marca:

“A higiene íntima é uma poderosa ferramenta de autocuidado e de autoconhecimento. No banho, a gente entra em contato com essa região, mas muitas mulheres evitam tocá-la — ouvimos isso em consultórios médicos. Quando nos empoderamos do nosso corpo, nos empoderamos da vida, das relações, dos limites”

Publicitária de origem, Fabi fundou a NUAÁ com duas sócias (a ginecologista, obstetra e mastologista Ana Luiza Faria e também publicitária Juliana Antunes), mas é a única do trio que permanece à frente da empresa, adquirida pela Semina. Ela conversou com o Draft sobre essa jornada:

 

Como as formulações da NUAÁ foram desenvolvidas e qual a importância dos ingredientes escolhidos?
A gente sempre teve como base ingredientes naturais, produtos veganos e pH ácido. Muitos produtos falam em pH neutro, mas a nossa região íntima é naturalmente ácida.

Também não usamos sulfatos e parabenos. Os parabenos já são mais evitados no mercado, mas os sulfatos ainda estão presentes na maioria dos produtos. Já os prebióticos alimentam os probióticos, as bactérias “do bem” do nosso corpo.

E os óleos essenciais têm função prática – anti-inflamatória e antibacteriana –, mas também atuam no bem-estar com a aromaterapia. Cada espuma tem seu óleo essencial específico.

Como o portfólio de produtos da NUAÁ atende as diferentes fases da vida da mulher?
Por ter nascido dentro de um consultório, a marca ouviu muitos relatos e buscou soluções específicas. Foram dois anos de desenvolvimento até chegar à eficácia e consistência ideal das espumas.

Todo Dia é a espuma suave, que higieniza sem agredir ou remover o manto lipídico. Leva óleo essencial de tangerina, que traz vitalidade e energia para o dia a dia.

A espuma para a menopausa tem ativos da folha da alcachofra, que é hidratante, e outros que ajudam na perda de colágeno e tônus. O óleo essencial utilizado é o de gerânio, que ajuda a equilibrar o emocional

Para a menstruação, nossa espuma conta com um desodorante enzimático natural, que neutraliza os odores do sangue em contato com o absorvente, e com óleo essencial de sálvia, conhecido por suavizar os efeitos da TPM.

A Calm foi criada para pessoas com peles sensíveis, incluindo pacientes oncológicos ou quem faz [depilação a] laser na região íntima. É à base de aloe vera e ácido lático e não tem óleo essencial.

A espuma Teen, também com aloe vera e sem óleos, é voltada para meninas em puberdade precoce, cada vez mais comum. A inspiração para essa fórmula veio da minha filha, que aos 6 anos já estava prestes a menstruar.

A marca tem um produto para cuidar da higiene íntima fora de casa, o Fresh. Como você enxergou essa necessidade?
Quando eu morava no sul da França, via o sucesso das águas termais no cuidado facial. Isso me inspirou a querer criar algo parecido para a mulher usar na área íntima quando está fora de casa.

Às vezes, a gente marca um compromisso no fim do dia e não tem como voltar para casa, tomar banho, então a ideia é permitir essa higiene fora de casa, principalmente numa troca de absorvente

A Fresh é uma água em spray que a mulher aplica no papel higiênico. Além de prebióticos, traz ativos como o da planta hamamélis, que é calmante, e a niacinamida [vitamina B3], que hidrata e ajuda a uniformizar um pouquinho o tom dessa região, que sofre muito atrito e vai escurecendo. É uma alternativa aos lencinhos umedecidos, que na maioria dos casos leva álcool e não é biodegradável.

A medicina historicamente priorizou corpos masculinos. Na sua visão, como isso afeta o acesso das mulheres a produtos e informações de qualidade sobre sua própria saúde íntima?
Durante muito tempo, médicos e cientistas não qualificaram nossos corpos para estudos por menstruarmos e gestarmos — por isso, eles são pouco estudados. E se nem o corpo era analisado com profundidade, imagina a saúde íntima…

Além disso, poucas mulheres ocupavam posições de liderança ou criavam negócios. Esse cenário começou a mudar e as femtechs têm papel fundamental, com soluções criadas por mulheres para mulheres

Para combater os tabus criados a partir desse histórico e ampliar essa conversa, promovemos conteúdos educativos sobre o tema, organizamos eventos, participamos de fóruns estudantis e congressos como os da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia (Febrasgo) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

Além de encarar tabus, quais os principais desafios de empreender no setor de femtechs no Brasil?
No caso da NUAÁ, enfrentamos, no começo, dificuldade técnica com matérias-primas. Formulações naturais exigem muito estudo e inovação para escalar. Também há carência de pesquisas específicas, especialmente sobre a menopausa.

E, claro, há o desafio do financiamento. Só 0,4% das femtechs conseguem aportes. O mercado ainda privilegia negócios liderados por homens

Mesmo assim, seguimos firmes e fortes — e incentivando outras empreendedoras.

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