Uma empresa espanhola testa no Brasil um projeto de inteligência artificial desenvolvido por uma startup francesa.
Parece até uma aula sobre globalização, mas é um exemplo do que a MAPFRE, empresa multinacional de soluções em seguros, está colocando em prática com o MOI (MAPFRE Open Innovation), sua plataforma de inovação.
“A área de inovação é uma plataforma global da MAPFRE, em que representantes da empresa pelo mundo trocam conhecimento, boas práticas e projetos”, diz Flavia Varga, head de inovação da empresa, presente em mais de cem países nos cinco continentes. “Uma startup que participa do nosso programa entra numa empresa internacional e tem a possibilidade de exportar seu serviço e escalar seu negócio em outros países.”
Com a experiência do modelo internacional, criado em 2018, adaptado às necessidades brasileiras e realizado com sucesso por aqui no ano passado, a empresa acaba de lançar a segunda edição de seu Desafio de Inovação, que está com inscrições abertas.
Mais conhecida pela atuação no setor de seguros, a MAPFRE também trabalha com investimentos, consórcio, capitalização e previdência. Para uma empresa tradicional, com quase 90 anos, 29 deles atuando no Brasil, investir num programa de inovação é praticamente um caminho sem volta. “Numa estrutura grande, em muitos momentos a gente não consegue ser tão ágil quanto gostaria. Por isso, essa parceria com as startups é tão importante”, diz a head de inovação.
“Hoje em dia, é quase uma obrigação a gente se aproximar desse ecossistema. É uma questão de sobrevivência.”
Para a nova edição do Desafio de Inovação, a empresa busca atrair startups com sua carteira de 5 milhões de clientes. As interessadas não precisam ter experiência no setor de seguros, nem trabalhar com exclusividade com a empresa. O único pré-requisito essencial é já ter um produto desenvolvido para encarar um dos três desafios apresentados:
– otimização do relacionamento com clientes e distribuidores: tornar a jornada do seguro ainda mais amigável, com a oferta de diferentes canais de relacionamento
– personalização da oferta baseada em dados: ampliar as vendas com ofertas customizadas para cada cliente, usando inteligência de dados
– eficiência operacional: implantação de novas tecnologias que contribuam para a gestão de recursos, técnica e de riscos
“Hoje em dia, a área de seguros tem muitos serviços atrelados: o guincho, a oficina e até o vidraceiro que vai na sua casa. Queremos melhorar a relação com toda essa cadeia e com os nossos clientes”, diz Flavia.
O escopo de atuação dos projetos, ela destaca, pode ser tanto físico quanto digital.
“Na MAPFRE, a gente usa o termo ‘figital’. Não importa se o cliente quer ser atendido no meio físico ou no digital: nós temos que estar em todos os lugares.”
O Desafio de Inovação, que será conduzido pela Worth a Million, aceleradora de inovação corporativa e socioambiental parceira da MAPFRE, também conta com o apoio do Onovolab, ecossistema de inovação. O processo deve durar 12 meses entre a inscrição e o desenvolvimento dos pilotos.
Após as várias etapas de seleção, com pitches para a Worth a Million, o time do programa de inovação e as equipes técnicas da empresa e validações finais, as startups escolhidas terão acompanhamento virtual e semanal de representantes da MAPFRE enquanto testam seus pilotos.
A primeira edição do programa foi lançada no início da pandemia –e afetada diretamente por ela. “Os desafios buscavam atender as necessidades que surgiram naquele momento. Os resultados foram bastante positivos, por isso, partimos para a segunda edição, cujo foco agora está centrado no nosso modelo de negócio”, diz Felipe Nascimento, CEO da MAPFRE Seguros.
Na estreia do programa, a empresa enfrentou dificuldades no engajamento das áreas envolvidas nos projetos. Com esse aprendizado na bagagem, agora decidiu incluir todos os setores no programa desde o processo de seleção. “O sucesso da primeira edição contribuiu para uma maior motivação das equipes. Além disso, a startup só é selecionada se tiver potencial de impacto em um projeto estratégico. Esse envolvimento é necessário pra gente não ser aquela empresa que desenvolve diversos pilotos e não implementa nada”, diz Flavia.
Dos 65 inscritos na primeira edição brasileira do desafio, cinco projetos foram selecionados para realizar os pilotos. Quatro deles ainda estão em desenvolvimento e um já fechou negócio com a empresa. O projeto contratado foi o da startup Yunki, de marketing digital, que ofereceu uma ferramenta bem-sucedida para alavancar as vendas e a presença digital de oficinas e corretores. As startups que ainda estão desenvolvendo suas soluções dentro do programa são Diretrix.On (combate de fraudes), Simply (satisfação do cliente), Datta (homologação de fornecedores) e Incentive.me (aumento de vendas).
“Não estamos preocupados com quantidade, e sim com qualidade. As empresas serão selecionadas de acordo com o que fizer match com o nosso negócio”, diz Flavia.
“No ano passado, a gente tinha a expectativa de rodar três projetos e acabamos fazendo cinco. Essas duas a mais foram escolhidas devido à qualidade da entrega que podiam proporcionar ao nosso negócio.”
As inscrições para a segunda edição do Desafio de Inovação MAPFRE estão abertas. Saiba mais e inscreva-se no programa em www.moibr.mapfre.com.br.
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