Posso dizer que o meu percurso no empreendedorismo começou em 2011, a quase 2 mil quilômetros de distância da Itália (minha terra natal). Mais especificamente, na Espanha, no caminho de Santiago de Compostela.
O que era para ser uma viagem para conhecimento pessoal se tornou um dos capítulos mais importantes da minha vida.
Durante a caminhada, conheci minha atual esposa, a brasileira Adriana Rizzo. Até então eu não falava uma palavra do português e ela não falava italiano
Mas ao vê-la, eu sabia que precisava conhecê-la melhor. Voltei então para a trilha com o objetivo de encontrá-la e pegar seu telefone, para que assim começássemos a conversar.
Na época, não existia WhatsApp, então falávamos via Skype e Messenger.
Eu morava na cidade de Catanzaro, em uma província com pouco mais de 90 mil habitantes, na região da Calábria.
Por azar, no passado, e sorte, no futuro, não encontrei escolas de português pela região. Por isso, minha única saída foi estudar por conta própria.
Eu trabalhava como vendedor e fazia viagens diárias de carro. Durante o trajeto, passei a ouvir músicas brasileiras, de músicos como Arnaldo Antunes, buscando uma compreensão maior sobre o significado das letras
Essa foi minha primeira imersão no idioma português. Eu lia as traduções, buscava entender os significados das músicas.
Depois, comecei a tentar entender, por meio de vídeos e das conversas constantes com Adriana um pouco mais sobre a cultura do Brasil.
Assistia a filmes como Cidade de Deus, sempre em português com legendas em português. Lia muito e buscava por assuntos cotidianos.
Às vezes, eu sabia mais do que estava acontecendo no país do que a própria Adriana!
Até que enfim veio a minha primeira viagem ao Brasil e o início do namoro, o que levou pouco mais de um ano.
Eu já entendia muito bem o idioma. E depois de poucos meses, me comunicava muito bem na cidade de São Paulo, onde morei na época.
Lembro que os familiares e amigos da Adriana achavam interessante e se perguntavam como um italiano falava tão bem português sem ao menos ter “estudado” o idioma.
Comecei a prestar atenção em como as pessoas falavam. O método natural do aprendizado, como o de uma criança, por visão, interpretação dos significados e fala repetidas vezes.
Tudo fluiu de maneira prazerosa, sem frustração e muito distante de uma experiência passada que tive com o francês e o inglês, que seguiam os moldes tradicionais de aprendizado
Consegui um emprego em uma empresa de engenharia na qual trabalhei por dois anos na área financeira. Mas acabei pedindo demissão motivado por saber que não era essa a vida que gostaria de levar.
Após alguns meses, Adriana, já minha esposa, me fez uma pergunta: o que você realmente gosta de fazer?
Refleti e percebi que eu tinha um exemplo muito relevante do meu próprio aprendizado de português. E esse era um possível caminho do que eu poderia fazer.
Se eu tinha conseguido aprender o idioma do Brasil em tão pouco tempo, por que não ensinar o método e inspirar os brasileiros a aprenderem o italiano?
Eu sabia, ouvia e via o amor e curiosidade dos brasileiros pela Itália. Muitas pessoas me questionavam sobre a vida no meu país de origem, os costumes, cultura, tradições e lugares.
O brasileiro é apaixonado pela Itália, até porque aqui muitos são descendentes de italianos. E foi assim que comecei a pensar no meu negócio, que futuramente se concretizaria no VAI (Vou Aprender Italiano).
Fiz um curso na Università di Siena, no Ensino de Italiano para Estrangeiros, conquistando o certificado pelo Celpe-Bras, que atestava meu nível Avançado Superior no português.
Na sequência, surgiu a oportunidade de dar aula de italiano para brasileiros em uma escola de ensino tradicional em São Paulo.
Contudo, notei que estava ensinando italiano seguindo os métodos padrões, que focam o ensino em regras gramaticais e fixação das mesmas — estilo no qual não acredito ser o mais efetivo para o conhecimento.
Percebo que a técnica 80-20 torna o aluno protagonista do aprendizado, uma vez que ele deve focar 80% do seu tempo em desenvolver habilidades na língua italiana (compreensão, fala, escrita e leitura) e reservar 20% do tempo para análise gramatical. E é nela que aposto minhas fichas.
Por isso, em 2015, decidi dar voz a tudo o que havia vivenciado no meu processo de aprendizado. Para isso, criei um canal no YouTube, o VAI (Vou Aprender Italiano), em que compartilho conteúdos para ajudar os brasileiros que querem se tornar fluentes em italiano
Hoje o canal conta com mais de 270 mil inscritos. A primeira turma do Programa VAI, curso para a fluência inspirado no método natural do linguista norte-americano Stephen Krashen, tinha 32 pessoas. Atualmente, temos mais de 6 mil alunos impactados pelo nosso método.
Minha esposa esteve comigo em toda essa jornada. Ela tinha o seu consultório de odontologia e foi, aos poucos, aprendendo sobre marketing digital e se interessando por audiovisual
Agora, ela é minha sócia e lideramos o VAI juntos. Já expandimos o negócio para uma plataforma de ensino estruturada, com mais de 30 profissionais, de diferentes áreas envolvidas.
Acredito no poder do propósito e que as pessoas precisam de uma motivação para o aprendizado, seja a paixão pela Itália ou uma necessidade específica.
Falar italiano, para muitos brasileiros, é se reconectar com sua ancestralidade, com suas avós e avôs. E possibilitar esse aprendizado de maneira prazerosa para meus alunos é o que me faz mais feliz e satisfeito
Hoje, além de auxiliar pessoas no aprendizado do italiano a conquistarem seus sonhos de falar fluentemente, nós do VAI também nos preocupamos com causas e ações sociais.
Mais do que sermos os melhores no que fazemos, queremos ser melhores para o mundo.
Por isso, temos para 2023 a meta de ajudar brasileiros com alfabetização de adultos. Acreditamos que todos têm o direito ao ensino de qualidade e apoiaremos essa causa por meio de parcerias com instituições sérias e comprometidas com esse trabalho.
Pierluigi Rizzo, 41, é um italiano nascido na Sicília. Como muitas pessoas, estudou por anos inglês sem nunca alcançar a fluência no idioma. Entre 2011 e 2012, aprendeu português por um método próprio, enquanto ainda morava na Itália. Mudou-se para o Brasil e hoje se dedica a ajudar os brasileiros a aprender italiano de maneira personalizada.
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