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MGov: Como a ‘velha’ tecnologia pode inovar na solução de desafios globais

Thiago Guimarães - 13 maio 2015Guilherme Lichand, da MGov
A MGov, criada por Guilherme Lichand e dois sócios, oferece ferramentas de avaliação de impacto, monitoramento e mobilização para administração pública, fundações, institutos e empresas
Thiago Guimarães - 13 maio 2015
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Tornar-se empreendedor durante um doutorado puxado em Harvard (EUA) passava longe do plano A de Guilherme Lichand. “Mas quando aparece uma oportunidade a gente agarra”, conta o economista de 29 anos.

O plano B que virou A é a consultoria MGov, que usa soluções mobile de baixo custo para aprimorar políticas públicas e iniciativas de impacto social. A start-up criada por Guilherme e dois amigos em 2012 representa o Brasil na fase final do The Venture, uma busca global por ideias e negócios com potencial de promover mudanças positivas no mundo.

The Venture é uma iniciativa de Chivas. Cada finalista buscará uma fatia do fundo global de US$ 1 milhão que a marca criou para fomentar o empreendedorismo como uma força de avanço social. A ideia é apoiar a geração de makers que acredita e experimenta nesse sentido.

A partir desta semana, por meio do site da plataforma, será possível votar nos 16 projetos finalistas, negócios que buscam transformar comunidades e desvendar desafios globais. O público irá decidir como os primeiros US$ 250 mil serão divididos entre os projetos.

Conheça agora a incrível trajetória de Guilherme e da MGov, uma turma que busca ser referência mundial em avaliação de impacto, monitoramento e engajamento cívico – e quer contar com a sua ajuda nesse caminho.

Aluno da primeira turma da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (SP), Guilherme tomou gosto pela área de políticas públicas ao desenvolver pesquisas, ainda na faculdade, para o Banco Mundial. Após concluir um mestrado na PUC-Rio em 2010, seguiu direto para o escritório do banco em Brasília, no departamento de redução da pobreza e gestão econômica.

Ali Guilherme conheceu algumas ferramentas inovadoras, como o emprego do celular para monitorar de perto efeitos de políticas sociais para tribos isoladas na África. “Só que era algo usado muito aquém das possibilidades”, conta.

‘VELHA’ TECNOLOGIA PARA NOVAS SOLUÇÕES

Em meio à febre dos smartphones e dos apps no Brasil, o jovem economista apostava no mundo analógico para levantar dados de interesse social para gestores públicos.

Partia de uma premissa básica: embora a fatia dos smartphones seja cada vez maior no mercado, quase 80% das linhas no Brasil continuam sendo pré-pagas, tendência que tende a persistir pelo alto custo da telefonia no país. Conclusão: não se pode confiar em planos de dados para acesso aos usuários, mas em meios tradicionais, como SMS e chamadas automáticas de voz, aquelas em que o usuário responde por uma sequência de teclas.

Daí, em 2012, surgia a Mgov, que Guilherme criou ao lado de Rafael Vivolo, publicitário, homenageado em 2012 com o prêmio Trip Transformadores, e Marcos Lopes, doutor em administração pública e governo pela FGV.

O projeto piloto não poderia ser mais desafiador: avaliar a eficácia do Leite Potiguar, o maior programa social do Rio Grande do Norte, que distribui leite todos os dias a 150 mil famílias no Estado do Nordeste. O objetivo era alcançar um público-alvo humilde, em áreas remotas e com sinal de telefonia precário. “Se é para provar que a metodologia funciona e tem valor, aqui é o lugar perfeito”, pensou Guilherme à época.

Na plataforma criada pela MGov, caem às barreiras comuns à participação nesse tipo de levantamento — o respondente não paga pela mensagem enviada e recebe créditos de celular pela participação. No caso do Leite Potiguar, o governo suspeitava que beneficiários do programa revendessem o leite para complementar a renda.

Em três semanas, foi possível comprovar a baixa eficácia da iniciativa: 60% dos entrevistados compravam, antes mesmo do programa, a quantidade necessária de leite por semana. O levantamento também constatou que a ação alcançava melhores resultados quando era gerenciada pelos municípios. O feedback ajudou o governo do RN a promover, em 2013, a descentralização do programa.

NOVOS PROJETOS E COMUNICAÇÃO EM DUAS VIAS

Mesmo com o sucesso da iniciativa-piloto, ainda era difícil encontrar órgãos públicos dispostos a apostar em inovação. A MGov então dedicou o ano de 2013 a recalibrar seus produtos e o público-alvo, que passou a incluir fundações, empresas e instituições que trabalham com ações de impacto social.

Em 2014, num projeto bancado por Harvard e pela Universidade de Warwick (Reino Unido), a MGov investigou os impactos da seca sobre pequenos produtores do Ceará, o que até então era uma incógnita para o governo estadual. A solução desta vez incluiu uma comunicação em duas vias: os agricultores cadastrados também recebiam informações sobre previsão oficial de chuvas e preço médio de commodities.

Em 4.000 entrevistas em 54 cidades, foi possível constatar que, por pura falta de informação, quase metade dos produtores nas cidades mais secas não recebiam o seguro-safra pago pelo governo federal. “Conseguimos lançar alguma luz sobre algo que era um breu total”, afirma Guilherme. O projeto terá uma segunda fase neste ano, desta vez com apoio da Fundação Bill e Melinda Gates.

Em julho de 2014, Guilherme foi eleito pela publicação Technology Review, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), como um dos jovens inovadores mais promissores do Brasil. Seis meses depois, venceu a categoria Chivas do prêmio Jovens Inspiradores da revista Veja, premiação especial voltada a empreendedores entre 25 e 34 anos. Hoje concilia a empresa com o quarto ano do doutorado em Harvard, na cidade de Cambridge (EUA).

Na mesma trilha de sucesso, a MGov crescia e mostrava serviço: desvendou as impressões da audiência de um programa educativo do canal Futura, desenvolveu um ciclo de engajamento social com o Greenpeace, documentou percepção de educadores da Bahia sobre novos materiais didáticos e o impacto da informatização de unidades de saúde em Embu das Artes (SP).

O mundo parece ser o limite para a MGov, que em 2015 abraçou seu primeiro projeto internacional, na gestão de todo o engajamento mobile no processo de orçamento participativo em Boston (EUA). As metas para 2015 da empresa são ampliar a internacionalização e desenvolver um sistema próprio de software de pesquisa por voz, incluindo funcionalidades como perguntas abertas.

“Tudo o que a gente faz, se servir só para a gente, é insignificante. Nossa noção de impacto é promover mudanças reais para o público que monitoramos a pedido das instituições”, diz Guilherme.

THE VENTURE: UMA BUSCA GLOBAL

A MGov foi escolhida entre mais de mil projetos pelo mundo para a fase final do The Venture. Nesta primeira fase, serão cinco semanas em que o público irá alocar 25% (US$ 250 mil) do fundo – a cada semana, divide-se US$ 50 mil de acordo com a votação recebida por projeto.

Em julho, os participantes serão levados para uma semana de aceleração no Vale do Silício, e os três finalistas dividirão os US$ 750 mil restantes do fundo global criado por Chivas.

Entre os projetos inscritos nessa incrível competição do bem estão uma iniciativa para popularizar painéis solares na República Dominicana, outra que busca ampliar os táxis acessíveis em Hong Kong e uma tecnologia para reduzir o risco de incêndios em favelas da África do Sul.

Para apoiar o Brasil nessa empreitada, conheça mais sobre o trabalho de Guilherme e da MGov neste vídeo, e não deixe de votar pelo site do The Venture.

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