Na indústria existe uma infinidade de máquinas com configurações específicas que, além de executarem suas atividades, geram dados e inteligência. Caso uma delas não funcione em sua melhor performance — ou pior, pare de funcionar —, todo o processo produtivo também é pausado. Prejuízo na certa.
Quando se fala em Indústria 4.o, o maquinário e a tecnologia automaticamente vêm à cabeça, certo? Mas e aquilo que faz uma máquina funcionar com o máximo de entrega, prevenindo falhas e maximizando resultados? Pois é: os lubrificantes, tão essenciais, geralmente não são contemplados nesta conversa.
Fábio Limeira Afonso, gerente de Soluções e Serviços de Engenharia da Moove, pondera:
“As pessoas não fazem a associação imediata entre Indústria 4.0 e lubrificantes porque pensam em lubrificação como simplesmente a aplicação do produto. Aqui, estamos falando também de técnicas preditivas, sensoriamento, análise estatística de dados e outras inteligências relacionadas ao monitoramento do lubrificante no serviço”
“A Indústria 4.0 também chamada de Quarta Revolução Industrial, tem utilizado cada vez mais novas tecnologias como inteligência artificial, robótica e internet das coisas, tornando os processos cada vez mais seguros e eficientes”, emenda Brenno Rocha de Brito, engenheiro de Projetos e Inovação da empresa de lubrificantes e óleos básicos.
A Moove é uma das maiores produtoras e distribuidoras de lubrificantes e óleos básicos do Brasil, com presença em 11 países e faz parte do Grupo Cosan. No Brasil, produz e distribui os lubrificantes da marca Mobil™ e está presente em diversos segmentos como automotivo, agrícola, aéreo, naval e industrial.
Focada em fazer parte do desenvolvimento do futuro da indústria, a empresa lançou, em janeiro, a plataforma Moove Engineering Solutions, que oferece uma série de serviços elaborados a partir da inovação em conjunto com startups, com soluções pensadas para gerar inteligência para tomada de decisão da área de manutenção.
A plataforma engloba serviços que geram inteligência a partir do banco de dados da análise de óleo usado das máquinas até soluções digitais de monitoramento remoto de equipamentos que contribuem para o processo preditivo.
Os serviços utilizam tecnologias de ponta para avaliar o desempenho dos equipamentos e identificar possíveis falhas para reduzir custos de manutenção e evitar paradas inesperadas.
A partir de dores mapeadas com os clientes industriais, soluções foram criadas dentro do programa de inovação que a Moove lançou, em 2021, para se conectar de forma estruturada com as startups: o Moove Solutions Lab. Brenno explica:
“A Moove Engineering Solutions é um desdobramento do Moove Solutions Lab e hoje é o nosso guarda-chuva de serviços. Por meio desta marca, levamos para o mercado os nossos serviços e as nossas soluções como um ativo estratégico da empresa”
O caminho para construir a plataforma contou com muitas etapas e cases de sucesso. A Innoscience, consultoria especializada em inovação corporativa, esteve ao lado da Moove durante todo o processo que culminou no Moove Engineering Solutions.
“A Moove já tinha contato com a Innoscience por meio de outros projetos de inovação, principalmente de estratégia e intraempreendedorismo. Nossa vontade era intensificar a disrupção e a inovação aberta foi a escolha para acelerar o processo”, comenta Fábio.
Para entender a plataforma Moove Engineering Solutions, é preciso começar pelo engajamento dos colaboradores da companhia no propósito de inovar.
Na primeira etapa da trilha, foi feito um processo seletivo interno de pessoas — munidas de ideias— para acompanharem os projetos do Moove Solutions Lab.
Ana Letícia Rico, head de Projeto de Inovação da Innoscience, explica que esta etapa foi crucial para a criação de um time multidisciplinar engajado no objetivo da Moove:
“A área de Pessoas e Cultura, em parceria com o time de Soluções e Serviços de Engenharia, abriu inscrições internas para que os colaboradores pudessem se candidatar para participar do projeto. Os profissionais puderam unir o conhecimento adquirido na Moove com outras experiências profissionais, trazendo conhecimentos multidisciplinares para o desenvolvimento do projeto”
Fábio diz que o processo seletivo permitiu o diálogo com pessoas que não trabalhavam diretamente com atividades industriais. “Com isso, a gente conseguiu ampliar o olhar de forma disruptiva e ir além dos serviços tradicionais deste tipo de indústria.”
“Fomentamos internamente este pensamento inovador e disseminamos a metodologia ágil com ajuda da Innoscience, o que nos permitiu pilotar soluções em um curto espaço de tempo, com uma pequena alocação de recursos e rápida percepção se aquilo pode ou não ser escalado”, pontua Fábio.
Além de ouvir seus colaboradores, a Moove precisava saber quais eram as dores da indústria, ou seja, dos seus clientes, para definir quais possibilidades priorizar.
A Innoscience realizou uma pesquisa com os segmentos industriais atendidos pela Moove para mapear oportunidades de conexão com o futuro da indústria. Fábio comenta:
“Apesar de trabalharmos com muitas indústrias diferentes, com aplicações e demandas de lubrificantes distintas, a dor geral é a mesma: a disponibilidade de máquina. Não importa se esta máquina é uma envasadora de refrigerante ou uma que está fazendo papel. No final do dia, o cara da manutenção tem como seu cliente a produção e a máquina tem que estar operando”
O mapeamento foi essencial para que a Moove entendesse como gerar ainda mais valor para os seus clientes. “Alimentamos um pipeline enorme de ideias e potenciais, que colocamos em uma esteira de desenvolvimento. Estamos rodando esta esteira, desenvolvendo o trabalho em diferentes frentes e lançando as soluções no mercado à medida que ficam prontas”, explica Brenno.
Para se conectar com as startups, a Moove precisava definir quais seriam seus desafios prioritários após o mapeamento com a equipe interna e os clientes.
As possibilidades eram muitas: em seis dias de imersão, foram elencadas 197 ideias de potenciais serviços, que se transformaram em 23 serviços detalhados, sendo dez priorizados.
No final do funil, cinco serviços foram selecionados para teste com startups, são eles:
A partir da chamada aberta, seis startups foram selecionadas para desenvolverem pilotos. Brenno explica que os desafios respondem a quatro frentes:
“Abarcamos a automação dos serviços existentes, a melhoria nos serviços que já oferecíamos, a criação de novos serviços relacionados a lubrificação e de novos serviços que vão além da lubrificação. Assim, dos cinco desafios que lançamos, apenas o de automação é focado em uma dor mais interna, mas que também impacta o cliente. Todos os outros desafios têm porta para fora”
Um exemplo é a plataforma de treinamentos e capacitações, uma demanda levantada a partir da pesquisa com indústrias. “Uma dor mapeada é a falta de conhecimento das equipes de manutenção dos clientes industriais sobre lubrificantes e lubrificação para tomada de decisão no dia a dia da área”, explica Fábio.
Brenno completa: “É uma forma de darmos suporte ao cliente mesmo não estando fisicamente lá dentro. Aumentamos a nossa presença de forma estratégica”. Este é um dos cases de sucesso do projeto de soluções industriais, construído junto com a Scaffold Education.
Sobre a automação de diagnósticos de análises laboratoriais, Ana Letícia comenta que, mesmo sendo um desafio para automação de um processo interno, esse é o primeiro passo para poder gerar valor “porta para fora”:
“A partir da automação de um processo que acontecia de forma manual, a análise digital por meio de um algoritmo permite correlacionar variáveis que eram ocultas na análise puramente humana, buscando analisar a velocidade de mudança das variáveis no tempo, o desvio padrão e permite estabelecer limites móveis para um diagnóstico mais assertivo, o que, de forma simplificada, significa que conseguimos gerar mais inteligência para a tomada de decisão dos clientes industriais”
Brenno destaca que, por ter conseguido replicar a assertividade dos diagnósticos manuais em 100% de forma digital, houve um ganho impressionante na cocriação com a startup Delfos. “O piloto mostrou que seremos capazes de realizar o diagnóstico de uma quantidade de amostras que faríamos em um ano em apenas 24 horas”, afirma.
Quais são os próximos passos da plataforma de soluções industriais da Moove? “Tivemos bons resultados com os pilotos e com outros desenvolvimentos internos. Agora, precisamos tracionar, então priorizamos para colocar mais esforço naqueles projetos que têm maior potencial de resultado”, explica Brenno.
Fábio afirma que um dos aprendizados do caminho percorrido até aqui junto com a Innoscience é a percepção mais madura de saber a hora certa de tocar cada um dos projetos.
“Inovar traz consigo mais ideias, mais oportunidades de novos serviços o tempo inteiro. Estamos atentos a elas, o potencial do que pode surgir em Moove Engineering Solutions é infinito”, finaliza o gerente da Moove.
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