Dois anos pode parecer pouco, mas para uma startup é tempo à beça. Na primeira vez que apareceu aqui no Draft, a Mandaê era uma empresa recém-criada, com 12 funcionários e cujo escritório ficava em uma casinha no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O foco do negócio, àquela altura, era ajudar qualquer um a enviar encomendas pelo correio, sem ter que sair de casa. Não que isso tenha se perdido, mas o serviço ganhou escala e passou por um amadurecimento necessário, que fez quase tudo mudar.
Os hoje 90 funcionários da Mandaê trabalham em um galpão de 1 500 m² na Vila Leopoldina, também na capital paulista. Isso dá, de cara, uma pista de como as coisas cresceram. Outra mudança visível está na aparência de Marcelo Fujimoto, CEO e um dos fundadores da empresa.
Ele, que segue na gestão junto com o outro sócio-fundador Karim Hardane, apresenta o saldo dessa passagem de tempo: casou-se, ganhou uma enteada e engordou 15 quilos. “Muitos fundadores ganham peso porque têm muito trabalho a fazer, pouco tempo e acabam sacrificando a saúde. Estou voltando à academia, voltando a correr”, diz. E relata, não sem algum constrangimento após admitir se alimentar mal:
“Trabalho em média 12, 13 horas por dia, incluindo finais de semana. É muito difícil um CEO de startup trabalhar pouco”
Para ele, a grande mudança desse período foi o amadurecimento do negócio. “Antes, éramos um pouco desfocados, atendíamos pessoas físicas e pequenas empresas. Agora estamos muito mais focados nos pequenos e médios negócios. Ainda atendemos pessoas físicas, mas o mercado B2B é o caminho certo para a Mandaê. Tanto que hoje ele representa 97% do nosso faturamento’, afirma.
Ele conta que no começo, o objetivo da empresa era desenvolver uma solução logística que pudesse apoiar os pequenos lojistas de forma mais abrangente – desde a retirada da mercadoria até o empacotamento e o envio. Essas diversas etapas eram realizadas manualmente. Em dois anos, o objetivo não mudou, mas as operações cresceram muito e o processo está todo automatizado.
Um exemplo é o sistema de coletas. Não havia, até pouco tempo atrás, nenhum algoritmo para otimizar as rotas de cada funcionário, mas agora existe uma equipe, composta por dois desenvolvedores e um terceiro, em processo de contratação, cujo foco é apenas cuidar dessa etapa para que o processo fique cada vez mais eficiente. A tecnologia em si, ele diz, está muito mais sofisticada.
Outro exemplo é o processo de conferência, empacotamento e triagem que antes também era todo manual e agora está 100% automatizado. O sistema foi customizado, baseado nas necessidades específicas da startup. “Em 2016, conseguimos melhorar a eficiência do nosso processo de coletas em mais de 120%. O empacotamento teve melhora em 60%. Com isso, a operação inteira ganhou 100% em eficiência”, diz Marcelo.
AUTOMAÇÃO PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DOS PROCESSOS
Outra diferença é que lá atrás, quando a startup começou, as encomendas eram enviadas apenas pelos Correios e hoje eles têm uma gama de transportadoras privadas que são parceiras. De acordo com Marcelo, a proposta de valor da Mandaê é justamente ajudar quem mais sofre com a logística que são os pequenos e médios negócios: “Essa dor é muito maior para esse segmento. Pelo baixo volume, elas não conseguem trabalhar com transportadoras privadas”.
Com as parcerias feitas pela startup com empresas como Total Express e JadLog, o mesmo serviço que antes só estava disponível para os grandes e-commerces agora pode ser usufruído pelas pequenas e médias empresas também. Marcelo diz que a qualidade dessas transportadoras é boa e os valores, bem competitivos, e conclui:
“Um mercado com mais opções tende a ser melhor do que um mercado monopolizado, em todos os sentidos”
Segundo ele, esse serviço consiste em uma nova forma de envio, mais barata que a oferecida pelos Correios, que vai permitir que o cliente use apenas o que precisa: coleta, embalagem ou envio. Essa possibilidade de separar os serviços permitirá que a startup passe a trabalhar com uma precificação diferente.
A Mandaê não cobra pela coleta, embalagens e empacotamento e oferece planos de descontos progressivos. Um e-commerce que envie a partir de três encomendas por dia já conta com preços reduzidos. No site, está em destaque que a startup ajuda seus clientes a economizar em média 25 mil reais e 329 horas por ano. “Estou mais animado do que nunca com a Mandaê. Há muito potencial para mudar e melhorar o mercado, ajudando negócios que sofrem com logística. As pequenas e médias empresas merecem ter mais opções, mais qualidade logística e menor custo. O mercado evolui nessa direção”, diz Marcelo.
APORTES PARA CRESCER, COACH PARA MELHORAR
Ao longo dos últimos dois anos, a startup recebeu aportes que a ajudaram a se estruturar e crescer. Ao todo, foram cerca de 15 milhões de reais em investimentos vindos do Hans Hickler (ex-CEO da DHL Express USA) e de fundos como Qualcomm Ventures, Monashees Capital e Valor Capital, entre outros investidores. A expectativa é atingir o breakeven ainda em 2017.
Para Marcelo, o maior medo de todo o CEO de startup é falhar e a empresa falir, mas ele avalia que seu grande desafio agora está na gestão das pessoas. “Sempre soube da importância da equipe, de se contratar as melhores pessoas possíveis e também de desligar as pessoas erradas, mas isso é muito mais importante do que eu imaginava. Não é fácil dizer isso, mas esse ponto é crítico”, afirma:
“É preciso desligar as pessoas erradas o mais rápido possível. É fundamental ter as pessoas certas para executar muito bem o trabalho. Numa startup, execução é tudo”
Se o medo de falhar não é uma preocupação diária, ele volta seu olhar para a própria liderança. Receia, por conta do crescimento da startup, não estar mais no dia a dia para conduzir a equipe. Também admite que, às vezes, duvida de suas próprias decisões. “Os problemas surgem. Tenho que lidar com investidores atuais e potenciais, tenho que tomar decisões difíceis. A gente nunca sabe se está tomando todas as decisões corretas. Faz parte do papel de CEO e esse temor nunca vai acabar. Talvez nunca tenha que acabar, porque me mantém atento e tento melhorar”, diz.
Há algum tempo, Marcelo foi atrás de um CEO coach. O objetivo era desenvolver as habilidades inerentes ao cargo, tais como liderar equipes e definir estratégias. Ele conta que sentiu necessidade quando a Mandaê — e suas responsabilidades — aumentaram. Apesar de continuar na linha de frente com Karim, o negócio conta agora com outras pessoas-chave que também são consideradas líderes estratégicos. Cada time (marketing, vendas, operações) tem uma dessas pessoas à frente.
“Pode demorar 10 anos, não sei. A não ser que eu não seja capaz de liderar o time, pretendo continuar na Mandaê. O potencial que ela tem de fazer um grande impacto no mercado e na indústria, para mim, é uma paixão”, diz.
Expansão, expansão, expansão. É tudo que a startup vislumbra para os próximos anos. Além de atuar na Grande São Paulo, quer estar em outras capitais e regiões metropolitanas até 2018. É como se eles olhassem para o futuro, para os desafios que só parecem crescer, e dissessem: mandaê.
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