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Mudança de escritório, de tamanho, de foco. Saiba o que aconteceu com a Mandaê nos últimos dois anos

Lia Vasconcelos - 31 jan 2017 O CEO da Mandaê, Marcelo Fujimoto, conta que engordou 15 quilos, fez coaching, e segue buscando a inovação no mercado de logística.
O CEO da Mandaê, Marcelo Fujimoto, conta que engordou 15 quilos, fez coaching, e segue buscando a inovação no mercado de logística.
Lia Vasconcelos - 31 jan 2017
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Dois anos pode parecer pouco, mas para uma startup é tempo à beça. Na primeira vez que apareceu aqui no Draft, a Mandaê era uma empresa recém-criada, com 12 funcionários e cujo escritório ficava em uma casinha no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O foco do negócio, àquela altura, era ajudar qualquer um a enviar encomendas pelo correio, sem ter que sair de casa. Não que isso tenha se perdido, mas o serviço ganhou escala e passou por um amadurecimento necessário, que fez quase tudo mudar.

A primeira reportagem com a Mandaê foi publicada em outubro de 2014 (clique na imagem para ler).

A primeira reportagem com a Mandaê foi publicada em outubro de 2014 (clique na imagem para ler).

Os hoje 90 funcionários da Mandaê trabalham em um galpão de 1 500 m² na Vila Leopoldina, também na capital paulista. Isso dá, de cara, uma pista de como as coisas cresceram. Outra mudança visível está na aparência de Marcelo Fujimoto, CEO e um dos fundadores da empresa.

Ele, que segue na gestão junto com o outro sócio-fundador Karim Hardane, apresenta o saldo dessa passagem de tempo: casou-se, ganhou uma enteada e engordou 15 quilos. “Muitos fundadores ganham peso porque têm muito trabalho a fazer, pouco tempo e acabam sacrificando a saúde. Estou voltando à academia, voltando a correr”, diz. E relata, não sem algum constrangimento após admitir se alimentar mal:

“Trabalho em média 12, 13 horas por dia, incluindo finais de semana. É muito difícil um CEO de startup trabalhar pouco”

Para ele, a grande mudança desse período foi o amadurecimento do negócio. “Antes, éramos um pouco desfocados, atendíamos pessoas físicas e pequenas empresas. Agora estamos muito mais focados nos pequenos e médios negócios. Ainda atendemos pessoas físicas, mas o mercado B2B é o caminho certo para a Mandaê. Tanto que hoje ele representa 97% do nosso faturamento’, afirma.

Ele conta que no começo, o objetivo da empresa era desenvolver uma solução logística que pudesse apoiar os pequenos lojistas de forma mais abrangente – desde a retirada da mercadoria até o empacotamento e o envio. Essas diversas etapas eram realizadas manualmente. Em dois anos, o objetivo não mudou, mas as operações cresceram muito e o processo está todo automatizado.

Um exemplo é o sistema de coletas. Não havia, até pouco tempo atrás, nenhum algoritmo para otimizar as rotas de cada funcionário, mas agora existe uma equipe, composta por dois desenvolvedores e um terceiro, em processo de contratação, cujo foco é apenas cuidar dessa etapa para que o processo fique cada vez mais eficiente. A tecnologia em si, ele diz, está muito mais sofisticada.

Outro exemplo é o processo de conferência, empacotamento e triagem que antes também era todo manual e agora está 100% automatizado. O sistema foi customizado, baseado nas necessidades específicas da startup. “Em 2016, conseguimos melhorar a eficiência do nosso processo de coletas em mais de 120%. O empacotamento teve melhora em 60%. Com isso, a operação inteira ganhou 100% em eficiência”, diz Marcelo.

AUTOMAÇÃO PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DOS PROCESSOS

Outra diferença é que lá atrás, quando a startup começou, as encomendas eram enviadas apenas pelos Correios e hoje eles têm uma gama de transportadoras privadas que são parceiras. De acordo com Marcelo, a proposta de valor da Mandaê é justamente ajudar quem mais sofre com a logística que são os pequenos e médios negócios: “Essa dor é muito maior para esse segmento. Pelo baixo volume, elas não conseguem trabalhar com transportadoras privadas”.

Em dois anos, time cresceu de 12 para 90 funcionários.

Em dois anos, time cresceu de 12 para 90 funcionários.

Com as parcerias feitas pela startup com empresas como Total Express e JadLog, o mesmo serviço que antes só estava disponível para os grandes e-commerces agora pode ser usufruído pelas pequenas e médias empresas também. Marcelo diz que a qualidade dessas transportadoras é boa e os valores, bem competitivos, e conclui:

“Um mercado com mais opções tende a ser melhor do que um mercado monopolizado, em todos os sentidos”

Segundo ele, esse serviço consiste em uma nova forma de envio, mais barata que a oferecida pelos Correios, que vai permitir que o cliente use apenas o que precisa: coleta, embalagem ou envio. Essa possibilidade de separar os serviços permitirá que a startup passe a trabalhar com uma precificação diferente.

A Mandaê não cobra pela coleta, embalagens e empacotamento e oferece planos de descontos progressivos. Um e-commerce que envie a partir de três encomendas por dia já conta com preços reduzidos. No site, está em destaque que a startup ajuda seus clientes a economizar em média 25 mil reais e 329 horas por ano. “Estou mais animado do que nunca com a Mandaê. Há muito potencial para mudar e melhorar o mercado, ajudando negócios que sofrem com logística. As pequenas e médias empresas merecem ter mais opções, mais qualidade logística e menor custo. O mercado evolui nessa direção”, diz Marcelo.

APORTES PARA CRESCER, COACH PARA MELHORAR

Ao longo dos últimos dois anos, a startup recebeu aportes que a ajudaram a se estruturar e crescer. Ao todo, foram cerca de 15 milhões de reais em investimentos vindos do Hans Hickler (ex-CEO da DHL Express USA) e de fundos como Qualcomm Ventures, Monashees Capital e Valor Capital, entre outros investidores. A expectativa é atingir o breakeven ainda em 2017.

Para Marcelo, o maior medo de todo o CEO de startup é falhar e a empresa falir, mas ele avalia que seu grande desafio agora está na gestão das pessoas. “Sempre soube da importância da equipe, de se contratar as melhores pessoas possíveis e também de desligar as pessoas erradas, mas isso é muito mais importante do que eu imaginava. Não é fácil dizer isso, mas esse ponto é crítico”, afirma:

“É preciso desligar as pessoas erradas o mais rápido possível. É fundamental ter as pessoas certas para executar muito bem o trabalho. Numa startup, execução é tudo”

Se o medo de falhar não é uma preocupação diária, ele volta seu olhar para a própria liderança. Receia, por conta do crescimento da startup, não estar mais no dia a dia para conduzir a equipe. Também admite que, às vezes, duvida de suas próprias decisões. “Os problemas surgem. Tenho que lidar com investidores atuais e potenciais, tenho que tomar decisões difíceis. A gente nunca sabe se está tomando todas as decisões corretas. Faz parte do papel de CEO e esse temor nunca vai acabar. Talvez nunca tenha que acabar, porque me mantém atento e tento melhorar”, diz.

Há algum tempo, Marcelo foi atrás de um CEO coach. O objetivo era desenvolver as habilidades inerentes ao cargo, tais como liderar equipes e definir estratégias. Ele conta que sentiu necessidade quando a Mandaê — e suas responsabilidades — aumentaram. Apesar de continuar na linha de frente com Karim, o negócio conta agora com outras pessoas-chave que também são consideradas líderes estratégicos. Cada time (marketing, vendas, operações) tem uma dessas pessoas à frente.

“Pode demorar 10 anos, não sei. A não ser que eu não seja capaz de liderar o time, pretendo continuar na Mandaê. O potencial que ela tem de fazer um grande impacto no mercado e na indústria, para mim, é uma paixão”, diz.

Expansão, expansão, expansão. É tudo que a startup vislumbra para os próximos anos. Além de atuar na Grande São Paulo, quer estar em outras capitais e regiões metropolitanas até 2018. É como se eles olhassem para o futuro, para os desafios que só parecem crescer, e dissessem: mandaê.

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