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Especial Mulheres na Ciência: como sair da bancada do laboratório para liderar um time

Giovanna Riato - 8 mar 2019
Marcia Ferrarezi, engenheira química e supervisora técnica dos laboratórios de plataformas tecnológicas da 3M, fala dos desafios que superou para chegar onde está.
Giovanna Riato - 8 mar 2019
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Este é o primeiro texto da série especial Mulheres na Ciência, que vai destacar uma vez por mês a história, desafios e aprendizados de profissionais que atuam em posição de destaque em área científicas da 3M.


 

Marcia Ferrarezi, 40, trabalha na área de Pesquisa e Desenvolvimento da 3M no Brasil. A engenheira química está há seis anos na companhia e hoje é supervisora dos laboratórios de plataformas tecnológicas e plantas pilotos, uma posição de liderança que a fez sair de trás da bancada do laboratório para desenvolver a visão mais estratégica da área. Ela diz que sua maior motivação no trabalho (e na vida) é aprender sempre, constantemente. “Estar aberta ao novo é o que me movimenta, a minha paixão”, diz.

A julgar pela trajetória de Marcia até aqui, o discurso é constantemente colocado em prática. Depois da faculdade, ela nunca parou quieta: fez mestrado e doutorado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos, foi trainee em uma renomada multinacional, deu aula e, enfim, entrou para uma vaga na 3M. A posição, no entanto, não a impede de seguir participando de bancas de avaliação de pós-graduação nas universidades, além de oferecer mentoria dentro da companhia. “Isso me mantém conectada com as tendências, de olho em como as tecnologias estão se desenvolvendo.”

Ela também valoriza o conhecimento que vem das relações diárias com pessoas das mais diferentes áreas dentro da 3M. “Já viajei o mundo por causa do trabalho e tive ainda a chance de ser mentorada por profissionais que admiro muito na companhia, diretores aqui no Brasil e de fora. No dia a dia, também ganho muito conhecimento ao conversar com o meu time e com pessoas de outros departamentos e posições, como a manufatura”, conta.

“Meu principal conselho para quem quer crescer na carreira em ciência é manter a mente aberta. Na dúvida, aprenda”

O PRIMEIRO PASSO EM EXATAS

Mesmo sem ter consciência clara disso, Marcia dá sequência à evolução iniciada por Edwiges Maria Becker Hom´meil, a primeira mulher a se tornar engenheira no Brasil. Há apenas 102 anos, em 1917, ela recebeu o diploma de Engenheira Civil da Escola Politécnica da UFRJ e abriu o caminho para trazer mais igualdade de oportunidades a um mercado que até hoje é predominantemente masculino – algo que vem se transformando lentamente.

Marcia reconhece que, para dar o primeiro passo na carreira, contou com a vantagem de não enfrentar um primeiro obstáculo bastante natural às mulheres: a falta de incentivo em casa. “Muitas nem chegam a considerar a formação em exatas por causa disso. Os meus pais são professores universitários de matemática. Cresci e me envolvi nesse ambiente. Sempre quis ser engenheira”, conta.

Ela diz que fez toda a diferença ter feito iniciação científica ainda na graduação. “Na época surgiu a chance de desenvolver projeto na área de materiais e polímeros. Depois disso, segui focada em engenharia de materiais.” Apesar de ser mulher em uma área com predominância masculina, Marcia conta que nunca notou preconceito ou sentiu ter menos voz em alguma discussão por causa de seu gênero. “Sempre me inspirei em pessoas fortes, sem pensar muito se eram homens ou mulheres”, conta, lembrando de professores, chefes e dos próprios pais.

Mesmo sem intencionalidade, ela afirma ter contado com grandes referências femininas no seu caminho. Depois de entrar na organização, o olhar dela se abriu ainda mais, diz. “Há dois anos comecei a fazer parte do Fórum de Liderança Feminina da 3M e vi que muitas mulheres já enfrentaram realidades mais difíceis”, lembra. E prossegue:

“Percebi que precisava ter empatia para trabalhar por oportunidades mais justas para todo mundo, independentemente do gênero, crença, orientação sexual, cor ou idade”

Depois de aprender muito sobre engenharia de materiais, Márcia agora trabalha para ampliar suas habilidades de liderança.

DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA A GESTÃO DE PESSOAS

A impecável formação técnica de Marcia garantiu que ela conquistasse a posição de desenvolvedora de novos produtos na 3M. Lá dentro, no entanto, ela diz que foi a disposição de aprender que permitiu a evolução para o cargo de liderança que ocupa hoje, como supervisora. “É interessante porque não aplico mais o meu conhecimento para desenvolver produto diretamente no laboratório. Minha missão é usar essa bagagem para motivar meu time, fazer direcionamento estratégico, propor soluções e ajudar outros cientistas a fazer análise crítica”, conta.

Assim, depois de aprender muito sobre engenharia de materiais, ela precisa cada vez mais entender sobre gestão de pessoas. Essa mudança de abordagem não é exatamente simples, reconhece, mas Marcia assegura que é bastante gratificante. “Entendi que não preciso estar no laboratório para trabalhar com ciência”, conta. Ela sonha alto – e trabalha pela realização: o objetivo é direcionar a própria carreira para posições cada vez mais elevadas na companhia.

“Para uma cientista é sempre mais fácil desenvolver um produto do que liderar um time. Hoje estou mergulhada em entender estratégias de inovação, em entregar resultado para a companhia de outra forma”

Segundo ela, há algo que permeia tanto o trabalho no laboratório quanto a posição que ocupa hoje: a necessidade de testar, errar, aprender e corrigir – algo essencial do processo científico. “O que me encanta é justamente o fato de que não vai dar certo no primeiro protótipo. Se fosse assim, não existiria aprendizado”, resume.

Nessa toada, Marcia diz morrer de orgulho quando vê os testes com quantidades minúsculas de materiais no laboratório avançarem, se transformarem em protótipos e, de repente, em toneladas de uma nova solução em produção. “Quando chego no mercado e vejo o produto à venda fico feliz de pensar em todo processo, em saber quem fez”, diz, lembrando que a contribuição individual de cada um garante a evolução coletiva, deixando um monte de aprendizados pelo caminho.

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