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Mulheres que realizam: Com o empreendedorismo na veia, Cristiane Seixas abriu seu primeiro negócio aos 22 anos de idade!

Fernanda Cury - 17 nov 2017
"A matemática não engana. Se seu projeto for interessante para o mercado e você planejar corretamente quais serão seus custos e suas possibilidades de faturamento, suas chances de sucesso serão muito maiores".
Fernanda Cury - 17 nov 2017
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Para dar mais visibilidade para o dia global do empreendedorismo feminino e reconhecer o impacto positivo que negócios de mulheres refletem no desenvolvimento da sociedade, inauguramos uma série de publicações para reconhecer as empreendedoras que participam do Itaú Mulher Empreendedora. A Cristiana Seixas é participante do Aceleração, curso intensivo de capacitação, realizado em parceria com a FGV. Conheça essa história!

 

Cristiane Mendes Seixas se diz uma curiosa nata, daquelas que sempre estão descobrindo algo novo. Tanto é que mesmo formada em Biologia e lecionando na rede pública estadual, ela encontrou tempo e interesse para realizar, paralelamente, alguns cursos de moda – outro setor que lhe despertava grande interesse. E quando conheceu o mundo dos brechós, foi amor à primeira vista. Resultado: largou a carreira acadêmica e investiu naquilo que realmente fazia seus olhos brilharem. Hoje, aos 34 anos, ela nos conta essas história de superação, aprendizado e amadurecimento.

Como surgiu a ideia de empreender?

Inaugurei minha loja – a Casinha Brechó – com 22 anos e não tinha ideia do que era empreender. Comecei realmente sem saber de muita coisa, eu simplesmente queria fazer algo diferente e coloquei a mão na massa. Fazia praticamente tudo sozinha, pois tinha pouquíssimo investimento.

No início eu não imaginava como as coisas aconteceriam, apenas sabia que eu não podia me endividar. Foi bem difícil, não tinha dinheiro para pagar funcionários e conciliar as aulas e a gestão do novo negócio. Eu vendia em um dia e já reinvestia o que ganhava na compra de mais mercadorias. Algum tempo depois passei a enxergar a possibilidade de viver apenas do meu negócio. Larguei meu trabalho na escola, reformei a loja e passei a me dedicar totalmente ao segmento de roupas usadas.

O que te levou a empreender?

Sempre fui de inventar coisas, eu vendia bijuterias desde a época de escola. Eu saia da aula e ia para a Rua 25 de março, voltava no dia seguinte cheia de coisinhas pra vender para minhas colegas. Ao final da faculdade comecei a organizar pequenos eventos e trabalhar em festivais de música, cada novidade que aparecia em minha vida me estimulava mais a querer fazer algo diferente.

Além de precisar trabalhar, eu sentia uma alegria e excitação tão grande em realizar algo novo, em tirar ideias do papel, que fui inventando coisas pelo caminho.

 

“Acho que no começo o aspecto emocional foi o que mais me estimulou. Eu queria provar para mim mesma que era capaz de fazer algo incrível”

 

Hoje, minha visão é menos romantizada do que naquela época. Empreendo para ganhar dinheiro, mas ainda acredito que podemos transformar nossa fonte de renda em algo que também tenha significado na sociedade e contribua com a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

O que é sua empresa, como funciona?

Meu primeiro negócio, aberto em 2005 e em funcionamento até hoje é a Casinha Brechó. Lá oferecemos roupas e acessórios seminovos em ótimo estado de conservação, revisados e higienizados, organizados em um ambiente aconchegante para os mais variados estilos. Atendemos desde jovens antenados em moda até as senhoras que buscam modelos tradicionais. A loja tem uma extensa carteira de clientes e fornecedoras fiéis, somos referência na região por nossa organização, variedade e qualidade de produtos.

A segunda empresa é a Boutique Vintage Brechó Bar, um espaço multifuncional focado em arte, cultura e entretenimento. A decoração é temática, o ambiente é repleto de antiguidades e possui um brechó de itens de época. Também oferecemos um amplo cardápio de cervejas especiais nacionais, bebidas diversas, lanches e petiscos.

A Boutique está a caminho de se consolidar no cenário cultural da cidade por sua programação musical de alta qualidade, com uma agenda que oferece mais de 20 shows mensais. Também oferecemos espaço para oficinas, exposições, apresentações de dança, lançamentos literários e outras atividades relacionadas a criação e desenvolvimento das artes em geral.

Na sua opinião, o que o empreendedorismo feminino tem de diferente?

Acho que somos bastante motivadas pelo aspecto emocional. Independente das razões que levam cada mulher a empreender, quase sempre você vai se deparar com aspectos ligados à família ou realização pessoal. E muitas vezes esses motivos são mais relevantes do que o resultado financeiro. Acredito que tomamos mais decisões pensando nas pessoas envolvidas na empresa do que nos números que ela irá gerar.

Também tem a questão social, o fato de não termos sido educadas para empreender. Ainda convivemos com paradigmas que dizem que devemos priorizar a casa, os filhos, a família, ou que não somos capazes de fazer negócio. Então, cada movimento de uma empresa feminina é resultado de um processo de superação, sofremos preconceitos, acumulamos responsabilidades, temos muitas dificuldades e mesmo assim não desistimos.

O que te motiva a sair da cama todos os dias?

Quando você tem uma empresa aberta e muitas responsabilidades financeiras, é fácil ter motivos para começar o dia! Seus funcionários, clientes, fornecedores e parceiros precisam de você do mesmo jeito que você precisa deles.

Qual é o seu sonho? O que ainda falta realizar?

Tenho muitos sonhos, tanto pessoais como profissionais, espero ter uma vida financeira boa e ao mesmo tempo poder contribuir com desenvolvimento de ideias e valores nos quais acredito, e conciliar esses dois fatores é o que venho buscando desde que comecei a empreender.

Minhas duas empresas têm planos independentes: a Casinha Brechó é um negócio estável, tem tradição na região e continuo em busca de inovação para acompanhar o mercado de brechós que está crescendo. Já na Boutique Vintage ainda temos muito a realizar, há espaço e interesse em inserir novos projetos artísticos na programação e também levar entretenimento de qualidade para além de nosso espaço físico. Considero que hoje realizei apenas uma parte de tudo o que eu sonhei pra esta empresa.

Também tenho um sonho de uma empresa social voltada para mulheres em situação de vulnerabilidade, é um projeto antigo que pretendo iniciar em breve, estou no processo de pesquisa e maturação da ideia, me preparando e fortalecendo meus negócios para ter condições de oferecer uma solução que efetivamente gere um resultado positivo para a sociedade.

Qual foi o maior desafio que você enfrentou na vida empreendedora?

Durante esses 12 anos, meu grande desafio foi aprender a lidar com situações que eu tinha pouca informação técnica. Minha graduação pouco me ajudou com questões legais e assuntos financeiros, e tive que me movimentar para aprender a gerenciar recursos e pessoas. Fui bastante centralizadora nos primeiros anos, acabei acumulando uma carga de trabalho muito grande que abalou meu emocional em alguns momentos, tinha épocas em que eu trabalhava muito e ganhava pouco, ficava bastante confusa se estava fazendo a coisa certa.

Mas acho que estou enfrentando meu maior desafio neste momento por conta da situação econômica nacional não estar favorável. Ano passado eu estava bem confiante e fiz um grande investimento na cozinha da Boutique Vintage e este ano tivemos uma queda de 25% no faturamento dos eventos noturnos. Isso fragilizou muito as finanças da empresa.

Como você vem superando essas dificuldades?

Em relação à situação financeira da Boutique Vintage, tenho procurado soluções criativas para reduzir as despesas sem diminuir a qualidade que o cliente espera e para alcançar novos clientes. Aprendi a buscar ajuda para adquirir conhecimentos que eu não tinha inicialmente. Investi em minha capacitação, procurei ajuda do Sebrae e continuo estudando e me atualizando sobre diversos temas em plataformas digitais. Além disso, sempre que possível peço a orientação de pessoas mais experientes.

Qual foi a sua maior conquista até aqui?

Considero que desenvolver um negócio como a Boutique Vintage, com pessoas bacanas apoiando e incentivando o crescimento da empresa. Essa é hoje minha maior conquista, pois o mercado cultural no Brasil não é fácil e não temos patrocínio ou investidores. Com pouco mais de um ano de funcionamento da casa fui convidada pela equipe do Núcleo de Inovação e Observatório do Itaú Cultural, para participar de um documentário direcionado às casas independentes de música autoral na grande São Paulo, nele estamos ao lado de importantes casas de música com quase uma década de funcionamento, também sou a única gestora mulher dos espaços participantes. E neste ano tivemos um projeto de música instrumental premiado pela Secretaria de Cultura do município de São Paulo. Isso tudo me motiva e me faz acreditar que apesar de algumas dificuldades a Boutique é um negócio que tem grande potencial e estamos no caminho certo.

Se pudesse voltar no tempo e refazer uma decisão, corrigir algum momento de sua trajetória, o que seria?

Eu teria buscado qualificação profissional desde o início. Perdi tempo trabalhando intuitivamente. Durante um período as lojas estiveram sem organização e controle financeiro, houve momentos em que eu não sabia ao certo se elas geravam lucro ou não. Alguns mecanismos de gestão eu nem sabia que existiam! Eu também teria investido mais em gestão e qualificação de pessoas, não há como crescer sozinha e demorei um pouco para aprender isso.

Qual sua dica para quem está querendo empreender?

Sonhe muito, vá longe com suas ideias, converse com pessoas que já estão no segmento, pesquise o assunto profundamente, conheça os valores de mercado imobiliário, salário de funcionários, encargos e legislação pertinentes ao seu futuro negócio. Depois pegue seu computador, abra uma planilha e faça seu sonho virar uma realidade que gere um resultado positivo. A matemática não engana. Se seu projeto for interessante para o mercado e você planejar corretamente quais serão seus custos e suas possibilidades de faturamento, suas chances de sucesso serão muito maiores.

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

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