Filha de publicitário, sempre me vi dentro de uma agência. A minha casa transpirava design, publicidade, testes de novos produtos, de campanhas…
Nunca me passou pela cabeça não ser publicitária. Como caminho “natural”, lá estava eu na ESPM e, ainda no último ano, contratada na DPZ
Assim se iniciaram quase 25 anos de carreira. Como Atendimento na maior parte dela, a verdade é que nunca tive jogo de cintura para a coisa.
Fui para Novos Negócios e, provavelmente, fui uma das profissionais mais fracas da história da propaganda brasileira.
Minha organização, comprometimento, responsabilidade e dedicação foram o que me seguraram por tanto tempo na profissão.
Para completar, tinha uma certa timidez e odiava falar em público. Desde o tempo da escola, fazia o trabalho inteiro só para não ter que apresentar. Sentia o calor subindo pelo rosto, que ficava quente e vermelho, motivo de bullying e pânico
Mas… o que virou a chavinha? O que me fez sair da agência e encarar o empreendedorismo? Senta que lá vem história.
Ser mandada embora algumas vezes, mãe e pai com câncer e uma boa pitada de coragem, sorte e sincronicidades, me colocaram onde estou hoje.
E claro, ser uma pesquisadora frenética também! Guardo tudo em pastinhas. Antes eram pastas físicas com recortes de revistas, flyers e cartões. Etiquetava todas elas: moda, beleza, decoração, receitas, viagem…
Era conhecida entre os amigos como a “moça das pastinhas”. Será que tem a ver com ascendente e lua em Virgem?
Essas pastinhas viraram virtuais e não tinha ideia que colecioná-las — ou fazer curadoria — era um talento remunerável e que seria, inclusive, responsável pela virada da minha vida
Trabalhei em grandes agências multinacionais e pequenas agências de design familiares. Depois de quatro anos sem grandes crescimentos, fui mandada embora da ageisobar/macgarrybowen, última agência do meu CV.
Nos últimos meses de trabalho, tive que encarar o câncer da minha mãe e uma mudança repentina de casa.
O câncer veio em dois lugares distintos e tentávamos entender como encarar a informação, os exames, tratamento, dúvidas, medos.
Às 7 horas já estava na rua vendo apartamento. No almoço e à noite, resolvia coisas de casa e da minha mãe. Perdi 10 quilos, as roupas caíam e eu me segurava como dava — e com o apoio da melhor irmã do mundo. Não sei o que seria de mim sem ela
Desempregada, mas com casa, tive mais tempo com minha mãe enquanto procurava emprego. Em um papo-quase-entrevista em um lugar bem bacana contei meu lado “mulher das pastinhas”.
O recrutador me perguntou: o que você faz bem? No que você é boa? “Eu faço curadoria! Sei pesquisar, achar, selecionar, indicar, conectar”, respondi.
O cara me olhou com desdém, torceu o nariz… Você faz edição, é isso? “Hummm também, a edição faz parte. Mas faço curadoria mesmo, sabe?” Não. Fim da entrevista.
Nove meses depois, consegui o que era um grande sonho para mim: trabalhar na WGSN. E fui para que área? Comercial.
E aí veio a notícia do câncer do meu pai. Em um lugar bem complexo, com cirurgias e tratamentos mirabolantes que mais pareciam um filme de ficção. Lá estávamos nós em outro hospital, mais medos e sofrimentos.
Fiquei quase um ano na WGSN, sem grandes performances, sem muita empolgação e, claro, fui mandada embora.
O que veio forte na minha cabeça foi “do que será que eles — minha mãe e meu pai — se arrependem?” E eu? O que devo fazer para não me arrepender?
Minha vida estava sem sentido.
Foi aí que num almoço com uma das idealizadoras da Virada Sustentável, surgiu o convite para tocar as atividades da área de moda, que incluía uma feira.
Já acompanhava pelos bastidores e era hora de atuar. Nunca tinha feito feira antes. Mas vamos lá. Desafio aceito. A moça das pastinhas estava recheada de marcas conscientes, sustentáveis e com propósito.
Criei o nome, o logo, o posicionamento, a estratégia. Registra no INPI, divulga. Aí aconteceu: O Slow Market Brasil estava vivo! Minha vida nova estava apenas começando.
Diferente de executivos bem sucedidos que investem no plano B, eu era a pessoa desempregada, sem nenhuma reserva financeira. Vendi meu carro, morei em quarto alugado, pedi ajuda, empréstimo
O medo de falhar, não ter talento e não dar conta estavam ali, mas o coração batia mais forte.
Criei eventos setorizados, da Virada Zen Market ao Slow Market.Family até o que veio o Slow Market.Beauty, primeiro evento totalmente voltado à indústria de beleza consciente do Brasil.
Monitorei o movimento de beleza consciente desde 2016 e, finalmente, 2018 era o ano perfeito para o lançamento dessa edição.
Previsto para agosto, tive que atrasar dois meses para me recuperar de uma depressão profunda e todas as consequências de uma relação abusiva. Este é um assunto à parte, que não vou focar no momento.
Seguimos com o sucesso do Slow Market.Beauty. Foi incrível, emocionante, lindo. Sabia que era por ali que deveria falar de sustentabilidade, através da beleza livre.
Comecei a dar palestras, aulas e a amar um palco e um microfone. Paguei as dívidas e empréstimos e quando as coisas começaram a engrenar, com uma edição em Florianópolis e planos de ir pelo Brasil: BUM. Pandemia.
Fim dos eventos presenciais. E lá vamos nós reaprender, estudar sites, plataformas, cursos online, eventos digitais, e-commerce, marketplace, dropshipping! Como adaptar o Slow Market Brasil a esta nova realidade?
A primeira decisão foi me mudar para Floripa. A ilha da magia havia me enfeitiçado. Botei tudo em um caminhão e mudei de cidade.
Decidi fazer um evento online para lançar uma plataforma digital diferente. Era setembro de 2020 e a história não saiu como imaginei.
As vendas foram fracas, foi esquisitíssimo não estar perto dos expositores e dos consumidores. Fiquei três dias em live no Instagram das 9 da manhã às 9 da noite, porque a plataforma de webinar que contratei teve problemas na versão mobile e sem previsão para solucionar
Aparentemente não era só eu que estava com dificuldades de adaptação para o boom digital.
Analisei, aprendi o que tinha que aprender e deletei a plataforma. Sabe arrastar para lixeira e esvaziar? Foi o que eu fiz.
Em novembro de 2020, iniciei uma nova plataforma com nova equipe e, então, meu pai faleceu e descobri que estava com Covid. Estava com sintomas e teste marcado. Mas veio a notícia do meu pai e adiantei o exame. Aos prantos!
As enfermeiras olhavam e diziam que ficaria tudo bem. Mal sabiam que eu tinha acabado de perder meu pai. Algumas horas depois, saía o resultado “reagente” e a realidade vinha à tona: não poderia entrar no avião para me despedir dele
E mais: ficaria em casa sozinha com essas duas informações. Parei tudo, me desconectei do universo.
Mas poucas vezes me senti tão acolhida, tão amada. Pessoas amadas me encheram de força e me fizeram sair da cama.
De volta à plataforma: muitos testes, desenvolvedores e burnouts depois, tenho orgulho e alívio em contar que a plataforma nova foi ao ar ontem, 10 de março, às 13 horas e 20 minutos! Com novo nome e novo logo: 13:20:HUB (‘treze e vinte hub’).
O nome faz referência à frequência natural do tempo para todos os seres, capaz de colocar o ser humano em perfeita sintonia com o universo.
Mas afinal, o que o 13:20 tem a ver com isso? 13:20 é a frequência natural de tempo para todos os seres. Energias que influenciam a humanidade e colocam o ser humano em sincronia perfeita com os movimentos naturais das galáxias, do universo, num plano multidimensional
Tudo foi desvendado, com direito a bênçãos dos astros. Mais uma vez, as tais pastinhas e a curadoria foram grandes inspirações para o novo formato.
Fica o convite para conhecerem a mais nova plataforma de beleza consciente, bem-estar e saúde integrativa do Brasil. Naveguem, comentem e participem ativamente desse novíssimo capítulo da história do Slow Market Brasil, ou melhor, do 13:20:HUB!
Sonho? Além de sair viajando e velejando pelo mundo, quero proporcionar o acesso fácil à informação de qualidade sobre a importância da beleza livre. Livre de preconceitos, de padrões, de químicos nocivos, de testes em animais
Uma dica? Não espere uma tragédia para perceber o que realmente te motiva a levantar todos os dias com tesão.
Pause. Medite. Respire. Pesquise. Escolha. Temos as respostas.
O que falta é a coragem e o tempo de perceber quem se é — com todas as dores e as delícias envolvidas!
Melissa Volk é fundadora do Slow Market Brasil, hub de beleza limpa, bem-estar e saúde integrativa, agora 13:20:Hub. É também curadora e coordenadora do Brasil Eco Fashion Week desde a sua primeira edição, membro da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (Abraps), do GT Lixo Zero da Abraps, do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Mulheres do Brasil e especialista convidada pelo UOL EdTech /PUCRS – Curso Estética e Cosmética.
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