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Natal da pandemia com churrasco no quintal ou ceia na laje? O que esperar da festa e do consumo neste ano tão atípico

Cláudia de Castro Lima - 22 dez 2020
Mariana Cerone, head de Consumer & Inovação da Sodexo, acredita que teremos um fim de ano desafiador, sem “encerramento de ciclo”, mas com ressignificação de valores (Imagem: Freepik)
Cláudia de Castro Lima - 22 dez 2020
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Dois mil e vinte foi o ano em que nós percebemos a importância do contato físico, tão presente até então em nossas vidas que mal nos dávamos conta. E a pergunta que nos fazemos agora é: como vai ser o Natal da pandemia?

“Todos nós passamos por uma fome de encontros, uma necessidade de abraços e de conversas olho no olho, não através de uma tela”.

Foi o que disse Paulo Saldiva, médico patologista e professor da Universidade de São Paulo, em uma de suas colunas na Rádio USP.

No programa, o professor estava defendendo justamente que não é ainda momento de frequentarmos grandes festas. “A decisão de ir ou não a festas transcende o aspecto pessoal, está além da capacidade de dizer ‘eu vou correr o risco’ porque, necessariamente no momento em que você se infecta [com o coronavírus] tem também o potencial de ser transmissor para pessoas que você não conhece – e para aquelas que você ama.”

Encontros familiares têm grande risco de transmissão de Covid-19. É o que mostram estudos conduzidos no Leste Asiático, nos Estados Unidos e na Europa. Há alguns motivos para isso: geralmente eles acontecem dentro de casa, em ambientes sem ventilação, e também porque costumamos nos descuidar ao temos a impressão de estar seguros entre pessoas que conhecemos.

“Com a segunda onda de Covid-19 em vários países, o lockdown já está voltando, então teremos um Natal e um fim de ano bem desafiadores”, acredita Mariana Cerone, Head de Consumer & Inovação da Sodexo Benefícios e Incentivos.

“Os estudos de neurociência mostram que temos ansiedade para que este ano acabe, mas percebemos que 2020 vai acabar e a pandemia vai continuar.” Segundo ela, é a primeira vez que “perdemos a noção de encerramento de ciclo que o fim do ano traz”.

ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS

Sabe-se hoje que a transmissão do vírus Sars-Cov-2 por contato em superfícies é muito menor do que a chance de ser transmitido por gotículas de saliva de alguém e pelo acúmulo de partículas suspensas no ar. Ambientes fechados, mal ventilados e lotados, como costumavam ser nossas comemorações natalinas, são lugares com alto risco.

No entanto, a fadiga de pandemia é algo real.

E não adianta dizer que não podemos celebrar o Natal, mesmo porque a festa é uma das mais (se não a mais) importante de nosso calendário. Muitos especialistas acreditam, portanto, que é mais eficiente usar estratégias de redução de danos em nossa ceia. São elas:

  • Quanto menos gente melhor. Chame só os parentes mais próximos mesmo, como pais e irmãos.
  • Ambientes abertos são melhores do que fechados. Um churrasco na laje, portanto, oferece menos risco do que a ceia na mesa.
  • Não esqueçamos das máscaras. Elas vão ser o acessório obrigatório das festas de 2020.
  • Na hora do jantar em si, em vez de todos sentarem juntos à mesa, é melhor promover um revezamento.

E EM RELAÇÃO AO CONSUMO, O QUE 2020 RESERVA?

O cenário de desemprego e diminuição da renda em muitos lares deve, claro, ter impacto nas compras de Natal de 2020.

Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pela Offer Wise em todas as capitais brasileiras mostra que 54% dos consumidores devem presentear alguém em 2020. No ano passado, 77% disseram que fariam isso.

A estimativa é de que 86 milhões de pessoas devam ir às compras, movimentando cerca de R$ 38,8 bilhões no setor de comércio e serviços.

Isso também apresenta uma redução em relação a 2019, quando a expectativa de movimentação era de R$ 60 bilhões.

Entre os que não pretendem dar nenhum presente neste ano, a principal razão é o desemprego (resposta de 24% dos entrevistados) e falta de reservas (22%). A pesquisa mostra ainda que 23% das pessoas não decidiram se vão adquirir presentes.

Especialistas afirmam que isso representa uma mudança de comportamento das pessoas causada pela pandemia. Elas estão abandonando hábitos individualistas e reavaliando prioridades.

É no que acredita Mariana Cerone. Ela gosta, como diz, “de pensar no copo meio cheio”. “É possível que encontremos novas formas de ressignificar a essência da data, que é se aproximar mais das pessoas, e não consumir desenfreadamente”, afirma.

“Assim, quem vai presentear quer algo que de fato signifique muito para a outra pessoa”, diz a executiva da Sodexo. “A ideia vai ser dar um presente para que ela se sinta abraçada, já que nos abraçamos muito pouco em 2020.”

 

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