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“Nem todos entendem o que faço. Não há um cargo, não é uma nova profissão, e sim um novo estilo de vida”

Sheila van der Zeijden - 26 abr 2019 Sheila van der Zeijden - 26 abr 2019
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por Sheila van der Zeijden

Assim como muitos, cresci com a programação de ser bem-sucedida no trabalho, o que garantiria minha liberdade financeira e meu futuro. Mentalmente entendia que esse era o caminho mais seguro. Mas quando não há coerência entre mente e coração, é só uma questão de tempo até o coração falar mais alto. Foi o que aconteceu comigo.

Nasci em Salvador e me mudei sozinha para São Paulo aos 18 anos, após abandonar um curso de Informática. Estava seguindo o impulso interno que me mostrou claramente: aquela graduação não tinha nada a ver comigo. Escolhi essa opção no vestibular pelos motivos óbvios — era a “profissão do futuro”. Bastaram três dias de aula para ter certeza que este não era o meu caminho.

Meus avós, responsáveis pelos meus estudos e por realizar meus sonhos até que me tornasse independente, apoiaram financeiramente minha decisão de me mudar para a capital paulista em busca de realização pessoal. Escolhi, então, o curso de Publicidade & Propaganda na FAAP.

Sampa me acolheu com muito amor. Aqui, fiz amigos para a vida toda. Trabalhei com Marketing e, depois, com Comunicação Corporativa. Minha carreira foi rápida e em empresas que considero incríveis. Me tornei independente dois anos após me formar.

A partir daí fiz questão de não receber mais nenhuma ajuda financeira da minha família. Essa foi minha maneira de agradecer por toda confiança e suporte que eles me deram. Tudo caminhava bem. Tinha todos os motivos para me sentir feliz e realizada profissionalmente.

Só que dentro de mim as coisas não se encaixavam e acabei pedindo demissão de todas as empresas que trabalhei. Nem sempre porque tinha uma outra proposta, como ocorreu quando sai da Elektro (se bem que antes disso, tentei pedir demissão e fui convencida a ficar e, um ano depois, fui promovida à minha primeira gerência).

Muitas vezes simplesmente agia movida pelo tal impulso do coração. Foi assim na 3M, empresa em que iniciei como trainee. Na Mars, a última companhia por onde passei, me tornei a primeira Diretora de Assuntos Corporativos do Brasil.

Pedir demissão de uma posição de diretoria sem nenhum planejamento se mostrou um caminho desafiador

Decidi, então, tirar um ano sabático. Precisava me desconectar. Logo depois, tentei me recolocar e, como não queria ser diretora de novo, não deu certo. Minha mente veio a todo vapor — “que loucura tinha feito”, “joguei uma carreira sólida no ventilador”, “isso é que dá ser impulsiva”, “vou viver do quê?”, entre outros pensamentos de medo, dúvida e incerteza.

E eu, que nunca tinha lidado diretamente com a escassez, percebi como era fácil ativar esse modelo mental. Ao mesmo tempo, precisava enfrentar minha voz interna, lidar com família, amigos e relacionamentos que não compreendiam como pude abandonar toda uma carreira no impulso. Foi um período confuso.

Meu coração, no entanto, mesmo com a voz muito sufocada, tentava me acalmar e mostrar que estava tudo certo. A pergunta que ele me fazia era: “Afinal, o quanto você realmente acredita no que diz acreditar?” Pergunta de milhão de reais!

Desde pequena sempre vivi imersa na espiritualidade. Por ser médium, nunca tive dúvidas sobre a existência de outras realidades. Aos 13 anos, já estudava o oculto por meio de livros de Teosofia. Todas as minhas férias corporativas foram para cursos e retiros de autoconhecimento.

A Física Quântica para mim é apenas a comprovação científica de tudo que as filosofias antigas e meu coração já sabiam ser real. Nos meus planos, iria viver da espiritualidade e suas diversas ferramentas de autoconhecimento quando tivesse 60 anos. Mas lá estava eu, sem emprego e sem um plano de transição.

Não dava para esperar 20 anos para colocar em prática o que o meu coração já sussurrava para mim desde cedo. Fui assolada pelo medo. Não estava preparada para me assumir como bruxa tão rápido

Ao mesmo tempo, tinha que pagar as contas e ainda ajudar minha família. Com o passar dos anos, meus avós faleceram e eu era agora a responsável pelo suporte extra. Tudo isso desafiava minha vulnerabilidade e minha capacidade de confiar na vida como sempre preguei.

Precisei de um tempo para me reconhecer, me reinventar e, sobretudo, para colocar em prática o que acredito: que, sim, dá para ser feliz fazendo o que se gosta. Que a abundância é um estado gerado por nossa vibração interna, assim como a escassez. Mesmo com medo, segui adiante.

Não tinha mais como me enganar. Não era apenas uma transição de carreira, era uma transição de vida. Não era apenas uma questão de saber lidar com o Medo, era sobre como escolher o Amor

Investi na formação de coaching, nas terapias integrativas e na alquimia. Me abri para novas conexões com pessoas, que assim como eu, estavam buscando uma vida mais plena e com propósito.

Foi dessa forma que me tornei sócia no NaSala, uma organização em rede que conecta empresas, projetos e pessoas que buscam transformação intencional por meio do autoconhecimento e da expansão da consciência.

Descobri o mundo das novas lógicas de trabalho, da colaboração, autogestão e autorresponsabilidade. Conheci muitos movimentos disruptivos levados adiante por gente que acredita que a realidade que queremos ver no mundo começa em nós.

Resolvi que iria ensinar o que queria aprender. Que nada me impedia de ser alquimista, ser bruxa nos tempos modernos e continuar atuando em empresas com esse novo olhar

Quando o coração guia a mente, ela se reinventa e se abre para o campo de infinitas possibilidades. Não que seja fácil reprogramar todo um modelo mental. Mas a Alquimia me ajudou a transmutar meus padrões limitantes, meus chumbos, no Ouro da Essência.

Além dos meus atendimentos individuais, me envolvi com projetos que estivessem conectados com o meu propósito de vida, agora muito mais claro: impulsionar a transição de consciência em pessoas e organizações.

Me especializei em facilitações e mentoria para times e executivos, trazendo como temáticas a integração de heartset e mindset; abundância versus escassez; liderança para transição e a nova dinâmica relacional; medo versus amor.

As coisas foram amadurecendo, fluindo — o novo olhar da executiva e o coração da alquimista. Hoje está tudo junto e misturado: leituras de mapa astral alquímico, terapia alquímica, mentoria e coaching, facilitações para empresas etc.

Isso me dá sentido e felicidade. Nem todos entendem o que faço. Não há um cargo que defina a totalidade de quem sou. Não tenho uma nova profissão. Tenho um novo estilo de vida. Executiva e Alquimista convivem harmonicamente e se ajudam.

Chumbos no meio do caminho? Um monte. Quando sinto medo, me conecto com meu HeartSet, a pedra filosofal que impulsiona a transformação em mim, assegurando que “Só o Amor é Real”.

Esse é o ouro que quero manifestar a cada dia, que faz com que sejamos abundantes, plenos e felizes. Esse é o ouro que tem realmente o poder de mudar o mundo.

 

 

Sheila van der Zeijden é publicitária, Coach Quantum Evolution® (ICI), Alquimista (Escola de Alquimia Joel Aleixo), Idealizadora e Facilitadora do jogo Alquimia da Essência e da mentoria evolutiva HeartSet para líderes e executivos (em conjunto com Thaysa Azevedo). Sócia iniciadora da organização em rede NaSala. Faz parte do movimento Reinventando as Organizações Brasil (inspirado no livro de Frederic Laloux). 

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