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“No ritmo atual, serão necessários 99,5 anos para se eliminar a desigualdade de gênero no país”

Helaine Martins - 6 mar 2020
Mesmo que você, homem ou mulher, não esteja à frente de uma iniciativa ou organização focada nas questões de empoderamento feminino, também pode ajudar a construir um caminho que nos leve mais rápido à equidade de gêneros - seja com mudanças de atitudes na sua vida pessoal, seja dentro de sua empresa.
Helaine Martins - 6 mar 2020
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Crédito imagem: Unsplash

Pode prestar atenção: nas conversas em casa, entre os colegas de trabalho, nas redes sociais ou mesmo em filmes e novelas, o empoderamento feminino é um tema que vem se tornando cada vez mais frequente nos debates em todos os espaços. A palavra, que tem origem no termo “empowerment” (fortalecimento, em inglês), significa o reconhecimento do poder das mulheres enquanto grupo social, a tomada de atitudes que vão contra o machismo imposto pela sociedade, sempre com foco na equidade entre os gêneros.

Segundo dados coletados pelo Google em sua plataforma analítica Google Trends, empoderamento tem sido um dos termos que domina as suas buscas. Com o primeiro boom de pesquisas em 2013, chegou ao ápice em 2017 com quatro vezes mais buscas sobre empoderamento feminino do que em 2012. Em 2019, a principal pergunta sobre o assunto mulher no Brasil foi “O que é empoderamento feminino?”.

Há muito a evoluir

Infelizmente o Brasil ocupa a 92ª posição no ranking do Índice Global de Desigualdade de Gênero, criado pelo Fórum Econômico Mundial em 2006, entre 153 países analisados. O país permanece com uma das maiores lacunas de gênero da América Latina e os motivos são, principalmente, as disparidades em participação e oportunidade econômicas. Aqui, segundo o Estudo de Estatísticas de Gênero, do IBGE, as mulheres trabalham em média três horas por semana a mais do que os homens (somando-se trabalho remunerado, atividades domésticas e cuidados com outras pessoas), mas ganham apenas dois terços (76%) do rendimento deles. Nas ocupações que exigem nível superior completo ou mais, a diferença salarial é ainda maior: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016, dado mais recente disponível.

Resultado: no ritmo atual, serão necessários 99,5 anos para se eliminar a desigualdade de gênero no país.

Luz no fim do túnel

Por outro lado, vemos que no Brasil e em todo o mundo não apenas a discussão sobre a equidade de gênero, mas também sobre o respeito à mulher vêm provocando mobilizações e despertando mudanças expressivas. Um exemplo dessa corrente é o Movimento ElesPorElas (HeForShe), que tem o objetivo de engajar homens e meninos para novas relações de gênero sem atitudes e comportamentos machistas. Segundo a ONU Mulheres, somente de setembro a dezembro de 2014, ele foi assunto de mais de 1,2 bilhões de conversas em mídias sociais, atingindo todos os cantos do globo.

Outro exemplo é o #MeToo, movimento contra o assédio e o abuso sexual que teve origem na indústria norte-americana do cinema e acabou incentivando pessoas em todo o mundo a quebrarem o silêncio contra abusadores. Um levantamento realizado pelo jornal The New York Times mostra que desde 2017 mais de 200 homens influentes perderam seus cargos depois de serem acusados publicamente de assédio sexual. E mais. Cerca de 43% destes cargos passaram a ser ocupados por mulheres. Já é um grande avanço, concorda?

É preciso jogar luz sobre o empoderamento feminino

Não à toa, o tema se torna ainda mais presente quando chega o dia 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher, uma data que, ao longo dos anos, foi sendo ressignificada. Mais do que um dia de celebração, esse é um dia de luta, de discutir problemas que impossibilitam a igualdade de gênero e, principalmente, buscarmos soluções.

E muitas são as iniciativas de quem já entendeu que vivemos novos tempos. Ao menos 493 projetos, até março deste ano, foram contabilizados pela ONU Mulheres e Womanity Foundation na Plataforma UNA, um mapa online que identifica iniciativas e organizações brasileiras voltadas para a igualdade de gênero e o empoderamento feminino. São ONGs, empresas privadas, coletivos e negócios sociais, dentre outros, que atuam em áreas como educação e formação; empreendedorismo feminino e autonomia econômica; equidade e condições de trabalho; e saúde e bem-estar.

Como posso contribuir?

Sim, mesmo que você, homem ou mulher, não esteja à frente de uma iniciativa ou organização focada nas questões de empoderamento feminino, também pode ajudar a construir um caminho que nos leve mais rápido à equidade de gêneros – seja com mudanças de atitudes na sua vida pessoal, seja dentro de sua empresa.

– Nas empresas, aplique os WEPs:

Desde 2010, a ONU Mulheres e o Pacto Global da ONU têm trabalhado dentro das empresas estabelecendo metas para fazê-las avançar em políticas pela igualdade de gênero. Os sete Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês) têm se tornado referência e orientam as empresas no empoderamento feminino dentro da organização, na cadeia de valores e nas comunidades

“O fortalecimento econômico das mulheres é também o fortalecimento dos negócios, e a adoção de boas práticas pelas empresas são fundamentais nesse processo. Não há uma única fórmula para todas as companhias, e é preciso encontrar caminhos próprios”, diz Adriana Carvalho, gerente da ONU Mulheres Brasil para os WEPs.

Conheça os sete Princípios:

1- Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível;

2- Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação;

3- Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa;

4- Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres;

5- Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing;

6- Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social;

7- Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

Para saber mais sobre os Princípios de Empoderamento das Mulheres e como se tornar signatário, acesse a Cartilha WEPs clicando aqui.

 

– No dia a dia, você pode (e deve):

1- Dividir o trabalho doméstico, incluindo o cuidado com filhos: um estudo da ONG Oxfam, lançado em janeiro deste ano, mostra que a força de trabalho feminina é invisível para o mercado. Os dados revelam que as mulheres fazem 75% de todo o trabalho de cuidados não remunerado do mundo, como o cuidado com a casa, filhos e idosos da família.

2- Ao menor sinal de violência doméstica, busque ou ofereça ajuda: em briga de marido e mulher se mete a colher, sim. E não precisam ser apenas agressões físicas. Ataques verbais (xingamentos e ameaças, por exemplo) ou psicológicos (comportamento controlador, manipulador e intimidatório) também afetam as mulheres e geralmente ocorrem de forma combinada.

3- Apoiar as mães e sempre envolver os pais: toda mãe, desde a gravidez, precisa de uma forte rede de apoio. E isso significa desde oferecer pequenas ajudas que facilitem a sua rotina como se engajar na luta pelo aumento da licença-paternidade. E isso nos leva ao outro ponto: ambos são responsáveis pelos filhos. Assim como na divisão das tarefas domésticas, os pais também têm o dever de dividir a atenção e cuidados com as crianças.

4- Se ouvir comentários ou vir atitudes machistas, não se cale: o silêncio torna a pessoa conivente. É importante conversar com amigos e familiares sobre o quanto a reprodução de machismo (e de racismo, homo e transfobias, que fazem outras mulheres sofrerem dupla ou triplamente) ajuda a perpetuar a desigualdade de gênero.

5- Facilite o acesso aos espaços de poder: nas próximas eleições, considere votar em mais mulheres. Faça uma pesquisa, veja quais candidatas se alinham mais a sua forma de pensar e vote nelas. A pouca representatividade feminina em cargos públicos se reflete na subvalorização de pautas relacionadas às mulheres e, consequentemente, na dificuldade em pensar políticas públicas.

Esta matéria  pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

 

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