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“Participação da iniciativa privada é essencial para avançarmos em ações de impacto social”, diz diretora de ESG do Nubank

Renato Essenfelder - 18 fev 2022
A diretora de ESG do Nubank, Christianne Canavero. (Foto: Divulgação)
Renato Essenfelder - 18 fev 2022
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Seis meses depois de estrear o Semente Preta, seu programa de apoio a startups fundadas por pessoas negras, o Nubank anuncia uma nova rodada de investimentos que irá beneficiar mais duas empresas: a AkinTec, banco digital com foco em periferias, e a Toti Diversidade, plataforma que oferece cursos de programação a migrantes e refugiados.

Com isso, o número de empresas beneficiadas pelo programa sobe para cinco. Em junho passado, o Nubank já havia anunciado apoio à TeamHub, que agrega soluções tecnológicas à gestão da cultura organizacional; a {Parças}, que busca formar desenvolvedores em periferias, favelas e egressos de medidas socioeducativas; e a OnlineOS, que oferece soluções de gestão para pequenos empreendedores.

Em comum, todas essas startups têm, além do fato de possuírem ao menos uma pessoa negra entre seus fundadores, a ênfase em tecnologias inovadoras, um MVP (Produto Mínimo Viável) validado e a dedicação a algum dos setores que o Nubank considera ter sinergia com seu modelo de negócios, como as áreas de serviços financeiros, dados (segurança, autenticação, inteligência artificial etc.), e gestão e treinamento de pessoas, entre outras.

No total, o fundo Semente Preta dedica até R$ 1 milhão para apoiar essas empresas. Com o investimento, a ideia é que as startups aperfeiçoem seus produtos e ganhem escala. 

Além do aporte financeiro, as startups selecionadas mergulham em um programa de desenvolvimento de três anos, com extenso conteúdo, contato com as principais lideranças e fundadores do Nubank, mentorias individuais com especialistas, como Monique Evelle, eempreendedora e consultora de inovação, para ajudar no crescimento saudável dos seus negócios.

“A intenção do Nubank com essa iniciativa é aumentar o número de startups fundadas e lideradas por pessoas negras, gerando, assim, mais diversidade e, claro, mais inovação”, afirma a diretora de ESG do Nubank, Christianne Canavero.

O resultado, segundo a executiva, já é perceptível no dia a dia das primeiras startups aceleradas pelo fundo. O dinheiro, diz, “ajuda as startups a alocarem recursos em áreas essenciais, a escalar os negócios, a contratar colaboradores, a implementar melhorias nas plataformas e a atrair novos clientes”, entre outras possibilidades. 

META É CONTRATAR AO MENOS 2.000 FUNCIONÁRIOS NEGROS ATÉ 2025

Canavero explica ainda que o programa Semente Preta integra o compromisso da empresa com o tema da diversidade e da inclusão social.

“Acreditamos em construir times fortes e diversos para desenvolver produtos e soluções que reflitam a pluralidade e as necessidades de nossos milhões de clientes. Olhando para a sociedade e o impacto que queremos gerar, o Semente Preta também é uma forma de promover inovação, inclusão e trazer tecnologia para mais pessoas.”

Em relação à estratégia de ESG do próprio banco, a iniciativa do fundo específico para empreendedores negros também dialoga com os objetivos de impacto social do Nubank, “que buscam contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, inclusiva e com oportunidades para todas as pessoas”.

Leandro Dias, CEO da akinTec, starup que passa a fazer parte do Semente Preta. (Foto: Divulgação)

Ainda dentro do mesmo tema, o banco anunciou neste mês o compromisso de contratar ao menos 2.000 pessoas negras até 2025.

A ideia é que os novos colaboradores não se limitem a uma área específica, mas de fato ocupem todos os níveis e setores da empresa. Segundo comunicado, serão pelo menos 500 vagas destinadas ao time de engenharia, 150 para analistas de negócios e 250 para gerentes de produto, designers e cientistas de dados.

A iniciativa foi pensada depois que um censo interno revelou, no final do ano passado, que 23% dos funcionários do Nubank se autodeclaram pretos ou pardos e que 18% dos cargos de gerência são ocupados por pessoas desses grupos. Com as novas contratações, a projeção do banco é de atingir pelo menos 30% de funcionários negros e, no mínimo, 22% de representatividade em cargos de gerência até 2025. 

Outra constatação do censo foi de que 41% dos funcionários da companhia são mulheres e que 26% se identificam com a comunidade LGBTQIA+. 

EMPRESA DIVULGA MANIFESTO COM COMPROMISSOS DE ESG

Em janeiro deste ano, o banco deu um passo além no seu compromisso com as pautas ESG e divulgou o manifesto Nu Impacto, buscando dar transparência em relação ao posicionamento do banco nas agendas ambiental, social e de governança. O documento, diz Canavero, demonstra “nossa conexão de que propósito e crescimento andam juntos, lado a lado” e também revela “como vamos trilhar esse caminho daqui para frente”.  

A executiva destaca que a preocupação do banco com a agenda ESG vem desde a sua fundação e que o impacto que a empresa busca criar na sociedade é não apenas positivo, mas “significativo e duradouro”. Os investidores, pondera, já reconhecem as empresas que se destacam em relação a isso e “essa temática deve avançar ainda mais nos próximos anos”.

Além do programa Semente Preta, a companhia tem promovido outras iniciativas alinhadas à estratégia ESG, como “o hub de tecnologia e experiência do cliente em Salvador, o NuLab, que é o primeiro hub brasileiro do Nubank fora de São Paulo e que será inaugurado neste ano”. 

Além disso, Canavero enfatiza que o Nubank se tornou signatário da Rede Brasil do Pacto Global, da ONU, e firmou parceria com as startups educacionais Cubos Academy e Alura para oferecer cursos de formação de programadores também na capital baiana. Na seara ambiental, a empresa investe, desde 2013, quando foi fundada, para compensar todas as suas emissões de carbono.

Essas iniciativas se encaixam nos quatro pilares estratégicos que direcionam os esforços em ESG do banco: integração ESG; cocriação de valor compartilhado; governança; e impacto social. No ano passado, um estudo encomendado pelo Nubank à consultoria BSD Consulting constatou que o banco deu acesso a produtos financeiros para 3,8 milhões de brasileiros até então desbancarizados.

Segundo o documento, 11% dos clientes da instituição nunca haviam tido um produto bancário antes. Além disso, 67% dos clientes pesquisados afirmaram que o banco ajudou as pessoas a conseguir economizar algum dinheiro, e 36% disseram acreditar que passaram a conhecer melhor o sistema bancário. 

Outra iniciativa citada por Canavero foi o lançamento do programa de formação para gerentes de produto, no ano passado, com metade das vagas focadas em diversidade racial.

“O programa teve mais de 25 mil inscrições em apenas uma semana, o que nos motivou a dobrar as vagas disponíveis. Além disso, também anunciamos a abertura de vagas exclusivas nas áreas de finanças, gerenciamento de risco, compliance e ciência de dados para pessoas negras”, enfatiza. “Nesta semana, também anunciamos um programa de vagas de analista de negócios exclusivas para pessoas negras.”

BANCO SE ORGULHA DE “INFLUENCIAR TODO O SETOR DE TECNOLOGIA”

Com o peso e a responsabilidade de ser uma das maiores plataformas digitais de serviços financeiros do mundo, com mais de 48 milhões de clientes, e operações no Brasil, México e Colômbia, o banco parece ciente de que precisa dar o exemplo. “Temos orgulho de estarmos contribuindo para influenciar todo o setor de tecnologia, mas sabemos que ainda há um importante e longo caminho a percorrer”, afirma a executiva de ESG. Ela diz acreditar na inclusão não só por saber que é ingrediente para uma sociedade justa e saudável, mas também porque a empresa quer desenvolver soluções que empoderem seus clientes.

“A participação da iniciativa privada é essencial para avançarmos em ações de impacto ambiental e social. Temos avançado bastante nesse tema, mas sabemos que o avanço é coletivo e não individual.”

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