Difícil imaginar a vida, hoje, sem empresas de telecomunicação. Ainda mais no cenário pós-pandemia, em que reuniões online, aulas online e abraços online se tornaram rotina. Se mesmo antes nós já percorríamos boa parte do dia com os olhos grudados na tela do celular, a Covid-19 chegou para acirrar de vez a nossa dependência digital.
Esse é um movimento sem volta, para o bem e para o mal. É pelo prisma positivo que Joanes Ribas, diretora de Sustentabilidade da Vivo, enxerga o papel da empresa — e das telecomunicações em geral — no momento de emergência climática em que vivemos.
“A tecnologia, de certa forma, contribui para a descarbonização. Quando falamos em cloud, Big Data e IoT, estamos falando do papel da tecnologia de conectar esse país, de fazer as pessoas acessarem serviços essenciais [remotamente] e, assim, ajudar na descarbonização”
Se é verdade que as interações à distância evitam deslocamentos e poluição, também é fato que uma operação como a da Vivo (que tem hoje 33 mil colaboradores e provê 97 milhões de acessos, sendo 81 milhões no no serviço móvel) traz enormes desafios ambientais e de recursos humanos.
Hoje, a companhia baseia sua estratégia ESG apostando na redução e neutralização de suas emissões de gases do efeito estufa, na construção de uma cadeia de valor mais responsável, no incentivo à reciclagem de eletrônicos e na busca por um ambiente de trabalho mais diverso.
A ESTRATÉGIA DA VIVO PARA UMA GESTÃO EFICIENTE DO CONSUMO DE ENERGIA
Um dos principais investimentos da Vivo em sustentabilidade está na gestão do consumo de energia, que passou a ser considerado totalmente renovável em novembro de 2018.
Até então, 26% do consumo vinha de fontes renováveis, obtidas tanto no mercado livre quanto em geração distribuída. O 100% chegou com a compra de I-RECs (International Renewable Energy Certificates) de fonte eólica para compensar o restante da energia elétrica consumida. Com isso, a Vivo antecipou em 12 anos a meta (inicialmente prevista para 2030) de ser “totalmente renovável”.
Os I-RECs são certificados que garantem que a empresa está contribuindo para o aumento da energia renovável no país. Companhias que produzem energia a partir de fontes renováveis e injetam essa energia no grid podem ser certificadas e emitir os I-RECs.
As empresas consumidoras, por sua vez, quando não conseguem comprar diretamente das fontes renováveis, podem adquirir esses certificados — e, assim, contribuir com o ecossistema da sustentabilidade.
A ideia da Vivo, diz Joanes, é reduzir gradativamente a aquisição desses certificados, à medida que a empresa expande o projeto de Geração Distribuída (compra direta) e deixa as operações mais eficientes com a implantação de tecnologia avançada, desligamento de equipamentos obsoletos e substituição de equipamentos por ativos mais modernos, com maior capacidade de informação e igual ou menor consumo.
“O uso de I-RECs é uma estratégia para complementar nosso portfólio como empresa 100% renovável. Nosso objetivo é gerir este portfólio aumentando Geração Distribuída e Mercado Livre gradativamente, sempre com origem 100% renovável”
Hoje, a Vivo trabalha com 19 usinas operadas em parceria com empresas do setor. A expectativa é ter — até o começo de 2022 — um total de 83 usinas de fontes solar, hídrica e de biogás operando em todas as regiões do Brasil.
O consumo de energia da companhia é equivalente a 1,8 TWh/ano e está distribuído, principalmente, em centrais telefônicas, edifícios administrativos, estações rádio base, data centers, call centers e lojas.
Com todas as usinas em operação, a Vivo pretende produzir cerca de 711 mil MWh/ano de energia — o suficiente para abastecer o consumo de uma cidade de até 320 mil habitantes, segundo Joanes.
O projeto será responsável por mais de 89% do consumo em baixa tensão, atendendo mais de 30 mil unidades da empresa, como centrais telefônicas, 1 600 lojas e dezenas de prédios administrativos.
O DESAFIO DE DESENVOLVER UMA CADEIA DE FORNECEDORES MAIS SUSTENTÁVEL
Uma das metas da Vivo para 2025 é reduzir em 39% as emissões de CO2 da cadeia de valor, ou seja, dos seus fornecedores. Isso inclui pequenas, médias e grandes empresas de áreas como logística, construção e ampliação de rede.
Levar informação e ajudar no desenvolvimento de uma cadeia sustentável é um dos focos desse trabalho, diz Joanes.
“Não basta ter uma meta. Temos que ajudar, fazer com que o fornecedor assuma esse compromisso com a Vivo… Precisamos mostrar a tangibilidade, mostrar que dá pra ter plano de ação, que ele terá ganho, mais eficiência e vai, inclusive, reduzir custos quando entender todo o processo que tem por trás”
O primeiro passo desse projeto foi realizado em junho deste ano: um workshop com 115 fornecedores para falar sobre o papel da Vivo e das próprias empresas na sociedade e no meio ambiente. Agora, uma consultoria externa vai acompanhar essa cadeia e ajudar no inventário de emissões e no plano de ação.
Em paralelo a isso, a Vivo começa a estudar como vai lidar, no futuro, com fornecedores que por alguma razão não consigam ser mais sustentáveis.
“Queremos que essa cadeia de fornecedores esteja comprometida com a Vivo e o meio ambiente para reduzir suas emissões”, diz Joanes. “Neste momento, o nosso papel é de desenvolver essa cadeia.”
UM PROGRAMA INTERNO AJUDA A DAR A DESTINAÇÃO CORRETA AO LIXO ELETRÔNICO
Smartphones, cabos, fones de ouvido, modems e decodificadores são aparelhos que fazem parte do dia a dia de todas as pessoas. E quando perdem a utilidade, entram na categoria de lixo eletrônico e não devem ser descartados no lixo comum. Por quê? Primeiro, porque são recicláveis; e, segundo, porque podem contaminar o solo.
Desde 2006, o programa Recicle com a Vivo oferece aos consumidores a possibilidade de entregar seus eletrônicos sem uso em uma das 1 600 lojas da marca.
O programa é feito em parceria com a GM&C, responsável por separar e dar a destinação correta a cada item. Joanes afirma:
“Esses produtos viram matéria-prima da indústria. Nada vai pro aterro: 100% é reciclado e volta de alguma forma para o mercado através da economia circular. E pode voltar em qualquer objeto, seja parte da geladeira, de novos celulares ou outros equipamentos”
Desde o começo do projeto já foram recolhidos 5 milhões de itens. Em 2020, foram coletadas 7,6 toneladas de resíduos — e a meta é coletar 9 toneladas neste ano. O maior desafio, segundo Joanes, ainda é convencer as pessoas a levarem aquele cabo esquecido na gaveta até uma loja.
“As pessoas não sabem o que fazer com estes resíduos. Então, precisamos oferecer um caminho, porque são resíduos que têm muito valor, seja para o meio ambiente, a indústria ou a economia.”
NA ALTA LIDERANÇA OU NO ALTO DO POSTE, LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER
Em sua estratégia ESG, a Vivo vem trabalhando a questão da diversidade através de iniciativas como treinamentos sobre vieses inconscientes para a liderança e contratação de pessoas trans para o programa de jovens aprendizes.
A participação feminina no quadro de funcionários é uma das metas mais concretas. Até o fim de 2021, a companhia quer ter 30% de mulheres em cargos diretivos — a meta é atrelada ao bônus dos executivos. Hoje, esse percentual está em 24,5%.
“Todo processo seletivo para estes cargos precisa ter pelo menos um currículo feminino no processo. Se esse currículo não chegar de forma espontânea, a equipe de seleção faz uma busca ativa destes profissionais, dentro ou fora da empresa”
Na outra ponta, no atendimento ao cliente, a Vivo desenvolve o programa Mulheres em Áreas Técnicas para estimular a presença feminina em cargos de instalação e reparos, atividades tradicionalmente masculinas.
Hoje, existem 206 mulheres nessa frente; a meta é chegar a 300 até o fim de 2021. O chamamento da vaga é feito diretamente para as mulheres e a Vivo oferece capacitações a esse público.
“Um dia, eu estava em Curitiba e vi uma mulher no alto do poste e um carro da Vivo estacionado”, diz Joanes. “Parei pra tirar uma foto, porque aquela cena me deu muito orgulho.”
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.