Batch, em inglês, significa “lote”, “fornada”. Aplicável de cervejas a cupcakes, o termo passou a batizar também cada ciclo de seleção e aceleração de startups em um programa no modelo “tradicional”, com chamadas periódicas e datas claras de início e encerramento. Transcorrido esse período, como uma cozinheira orgulhosa, a aceleradora teria a oferecer às visitas (leia-se potenciais investidores) um novo punhado de startups “recém-saídas do forno”.
A ideia de que batches são a melhor (se não a única) forma de identificar e impulsionar startups promissoras virou um mito arraigado e quase inconteste no ecossistema empreendedor. Como se seguir à risca a “receita do bolo” fosse garantia de sucesso. O próprio iDEXO, por sinal, estreou seguindo esse modelo. Porém, o hub de desenvolvimento de negócios (instalado no edifício-sede da TOTVS e que tem ainda Banco ABC Brasil e a Soluti como associadas) resolveu executar um “cavalo-de-pau” no jeito de fazer as coisas.
“Como cada associado tinha uma necessidade diferente, no descritivo de um batch eu não conseguia atender nem 20% das necessidade que via”, diz Marcos Zigowski, Business Developer do IDEXO. “Eu falava com o pessoal do segmento de agronegócio da TOTVS e ouvia: ‘Olha, Marcos, pra mim faz sentido detecção de praga, drone, isso e aquilo…’ Daí falava como pessoal do jurídico e ouvia que precisava explorar smart contracts, jurimetria…”
Destravar a inovação, objetivo-máximo do iDEXO, não poderia mesmo se dar por meio de um modelo “engessado” — travado, enfim. Logo ficou claro que trabalhar numa estrutura periódica acabava deixando o processo truncado.
“Qual era o problema? Eu fechava o batch com algumas startups que atendiam algumas dores de algum segmento, e aí o próximo batch era só dali a três meses, então havia um hiato muito grande”, diz Zigowski, explicando que esse intervalo prejudicava a captura de novas startups, resultando em desperdício de oportunidades. “Se o meu associado tem a disponibilidade e a startup tem a disponibilidade, eu não posso ser um impedidor, eu tenho que ser um facilitador.”
O iDEXO, portanto, decidiu dar uma guinada, encerrando as chamadas periódicas e privilegiando o modelo de ciclo contínuo, com inscrições permanentemente abertas. A qualquer momento o empreendedor pode acessar o site, preencher o formulário e apresentar a sua startup, explicando qual problema ela ataca e que solução ela oferece. “E aí vai do nosso papel ser o match-maker”, diz Zigowski, “para entender se aquela startup tem, ‘fit’ com alguma área dentro dos nossos associados.”
Esse modelo casa perfeitamente com a proposta do iDEXO de ser uma plataforma de coinovação customizável, que fomenta conexões e gera negócios a partir de oportunidades concretas e “dores” reais das grandes empresas, em vez de lançar chamadas a empreendedores para resolver problemas genéricos.
“E essa mentalidade muda tudo”, diz Zigowski. “Quem disse que eu preciso trazer dez, quinze, vinte startups para cá? O meu critério de seleção agora é se a startup tem possibilidade e sinergia para desenvolver negócios com meus associados. Se tiver e o associado concordar, então pronto: ela está aprovada. Simples assim.”
Alcançar essa “simplicidade” exige uma atuação assertiva do iDEXO para estar bem sintonizado com as demandas de cada área das empresas associadas, entendendo com clareza cristalina o que é estratégico dentro dos seus respectivos roadmaps de inovação. Essa sintonia passa também pelo processo de validação das startups. No início, o iDEXO pinçava apenas executivos de alto escalão para compor uma banca única, responsável por avaliar todos os pitches. Zigowski explica que isso mudou:
“Hoje, quem faz a avaliação e diz se a startup vai entrar ou não é o líder imediato daquilo que está sendo desenvolvido. Se a startup, por exemplo, tiver uma solução de reembolso, quem vai avaliar é o gestor de reembolso da empresa associada.. O maior insucesso, para mim, seria colocar uma startup aqui e depois ver que o que tínhamos idealizado não vai acontecer.”
Depois do primeiro — e derradeiro — batch do iDEXO houve outra alteração significativa. Antes, o programa previa uma duração pré-estabelecida (três meses). Agora, não mais:
“Não existe tempo predeterminado. Neste novo ciclo, as startups começaram juntas, mas não vão terminar juntas. Entendemos que, uma vez que cada uma tem uma proposta de conexão, cada uma terá um programa diferente conosco. Se a startup está desenvolvendo um produto em parceria, fazendo uma integração, entendendo como tirar um negócio do chão… Isso pode demorar um ano.”
Como o foco do iDEXO é gerar negócios concretos a partir de problemas idem, o grau de maturidade das startups é naturalmente um recorte relevante na seleção. Dentro desse espírito customizável, entretanto, mesmo esse critério está sujeito a exceções, a depender do potencial estratégico. Zigowski conta por que o iDEXO resolveu “comprar” o desafio de acolher uma startup ainda embrionária:
“Temos hoje uma startup early-stage, de varejo, que quer conectar distribuidores de produtos de higiene pessoal, beleza, cosméticos, com varejistas. Atualmente eles não têm nenhum piloto rodando. Só que os distribuidores são um público muito forte na base de clientes da TOTVS. Caso a startup consiga ‘virar’ essa solução, teremos facilidade de entrar num mercado muito grande.”
Para o iDEXO, o fundamental é identificar soluções inovadoras que tenham “fit” com seus associados. A sua startup se encaixa nesse quesito? Então clique aqui, preencha o nosso formulário e inscreva-se!