Eis aqui a esperada continuação da série de posts sobre a viagem do Eduardo Lages pelo Cone Sul. Se você ainda não leu a primeira parte, leia aqui. O aventureiro foi de Belo Horizonte ao extremo sul do continente americano dirigindo a pick-up do ano de 2016 (um Fiat Toro) acompanhado de sua inseparável bike. Neste segundo capítulo, Eduardo relata sua primeira passagem pela Argentina, antes de ir ao Chile e voltar. Vamos nessa?? =)
4. Bariloche
Partindo de Buenos Aires, cortando a região de La Pampa com sua vocação pecuária, começam a aparecer as esperadas placas indicando o início da Patagônia. Mais um pouco de estrada e chegamos em Bariloche. Poucas palavras aqui neste resumo, mas de Buenos Aires até Bariloche são 1.600 Km!
A cidade é muito visitada no inverno. Esquiar e ver neve é realmente legal, mas na primavera e verão o lugar também surpreende. Vi várias cervejarias artesanais e restaurantes, com destaque para a carne no El Boliche de Alberto. E, para quem gosta, lá tem um bom comércio também. No meio de tanta loja, só me interessei pela grande variedade de chocolates. É de ficar doido!
Minha dica é pedalar partindo do centro, margeando o lago, em direção à Colonia Suiza. De lá, é só seguir as placas para o Hotel Llao Llao, passar em frente à entrada do Parque Nacional Nahuel Huapi e retornar para o centro. Total do percurso: 60 Km.
Nesse trajeto, além de ver lagos de um azul raro (como o da foto acima), mirante panorâmico e o Parque dos Dinossauros Nahuelito, não deixe de conhecer a cervejaria Blest, a 10 Km de Bariloche.
5. El Calafate
Muitos turistas saem do Brasil por via aérea, passam por Buenos Aires e pegam um voo direto para El Calafate, onde está o Parque Nacional Los Glaciares, Patrimônio Cultural da Humanidade. Muito cômodo chegar lá assim, é verdade, mas meu plano era outro… Saindo de Bariloche, com mais 1.500 Km você chega lá. As distâncias na Patagônia são assim… Que lugar imenso! No meio do trajeto tem uma parte em piso de terra: 70 Km. Fiat Toro, você é fantástica! Heheheh…
A cidade é bem estruturada, com muitas pousadas, hotéis e restaurantes – muitos na principal avenida, mas os melhores encontrei nas ruas estreitas ao lado – além de uma grande quantidade de agências de turismo. Tudo para atender a enorme demanda de turistas que querem conhecer as geleiras (glaciares, em espanhol e também no português europeu).
São 75 Km até o Glaciar Perito Moreno, o mais conhecido, principalmente pelo fácil acesso e pelas passarelas que construíram para o visitante ficar bem pertinho daquele imponente monte de gelo. O silêncio absurdo só é quebrado quando uma placa de gelo resolve cair na água. Um estrondo!
Para os aficionados, ir de bike é muito bacana. São 150 Km ida e volta e já aviso que, apesar do trajeto plano, tem muito vento. E chegando no glaciar tem uma subidinha de 3 Km. Mas ir de carro, moto ou ônibus também é muito bom. E tem ainda a opção de caminhar pelas trilhas no entorno desse glaciar. Basta procurar uma agência com guias especializados. A 28 Km do Glaciar tem a portaria do parque, e é exatamente a partir dali que a estrada fica cada vez mais bonita. No caminho tem uma grande área com banheiros e espaço para passar o dia. Vi alguns hermanos assando churrasco ali.
Os outros dois glaciares mais visitados são Upsala e Spegazzini. O primeiro é o maior da região. O outro, o mais alto (e bem mais bonito). A forma de visitar é num passeio de barco, que dura em torno de 5 horas. Vale a pena, pois é algo incomum. Vá agasalhado, pois o vento na parte externa do barco, onde todos querem ir para fotografar, é gelado. E isso foi na primavera! Se decidir visitar esse lugar no inverno, nem sei se vai conseguir permanecer por mais de 1 minuto na “varanda” do barco, rsrs. O alento é que dentro do barco tem um bar/cafeteria.
6. El Chaltén
Gosta de trekking? Pouco frequentada por brasileiros mas lotada de europeus e norte-americanos, esta cidadezinha – a mais recente do país, fundada em 1985 para reforçar a soberania na fronteira, disputada com o Chile – é considerada a capital argentina desse esporte. Bem na entrada da charmosa vila tem um centro de informações. Ao lado de uma maquete eles passam as dicas das trilhas, o que ver e fazer, altimetria e tempo das caminhadas.
A trilha mais conhecida, de dificuldade média, tem o mesmo nome da montanha mais famosa do pedaço: Fitz Roy. Ela é bacana e passa por um lago muito bonito (Laguna Capri). Porém, um desafio mais intenso é encontrado na trilha mais legal de todas ali: Loma del Pliegue Tumbado. 10 Km de subida para ir, 10 Km de descida para voltar: easy! Comecei a trilha com 22 graus e no topo da montanha estava com 5… O que tem lá no alto além do friozinho em plena primavera, da bela vista do Fitz Roy, do Cerro Torre e do lago Viedma? Só indo para sentir…
Dica: mesmo que você vá só para passear, invista num tênis com sola apropriada para terra e pedras soltas. Como a inclinação das montanhas não é desprezível, o tênis certo faz muita diferença nas descidas e em alguns trechos com gelo. Escorregue menos, caia menos, hahahah…
Mas El Chaltén não vive só de trilhas. Lá se come o melhor cordeiro patagônico de todos! Tem muita truta boa também. Ah, e, claro, cervejas artesanais. Aliás, como o argentino bebe cerveja artesanal! Aqui no Brasil essa febre está só começando. Comentei com um amigo que trabalha no ramo sobre o tanto de cervejaria que vi na Argentina. Ele disse que o segmento começou lá há muitos anos e que aqui estamos engatinhando. É por aí…
7. Chile
El Chaltén foi o destino mais ao sul desta aventura, mas o Eduardo continua rumo a oeste. No próximo post você acompanha a passagem dele pela parte chilena da Patagônia, com mais fotos sensacionais. Nos vemos lá!
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